Dez qualidades da agricultura familiar

27/02/2014
  • Español
  • English
  • Français
  • Deutsch
  • Português
  • Opinión
-A +A
Apresentação
 
O século 20, particularmente após a Segunda Guerra Mundial, assistiu à inauguração do período da grande aceleração, uma fase da história ambiental planetária marcada pelo aumento vertiginoso do consumo e da degradação de bens naturais. Por meio desse processo avassalador resultante da disseminação global da civilização industrial e da explosão demográfica, a humanidade converteu-se em uma força geológica com capacidade de desequilibrar dinâmicas ecológicas do planeta. Para dar visibilidade a esse experimento sem controle desencadeado pela convergência entre a globalização da racionalidade econômica comandada pelo capital e a crescente capacidade tecnológica de transformação do mundo natural, membros da comunidade científica têm defendido a ideia de que adentramos a era geológica do antropoceno.
 
O caráter antropogênico das mudanças climáticas globais é apenas uma das evidências desse fenômeno emergente, cujas consequências sobre a ecosfera e – inevitavelmente – o futuro da humanidade apenas começam a ser perscrutadas. Também são cada vez mais frequentes e incisivos os alertas emitidos por organismos multilaterais e prestigiosas instituições acadêmicas de todo o mundo de que caminharemos celeremente para o colapso da civilização moderna caso não sejam reformulados os fundamentos socioculturais, técnicos e econômicos que regulam o metabolismo socioecológico das atuais sociedades – i.e.: as trocas materiais e energéticas estabelecidas com a natureza para que as sociedades funcionem.
 
Com o título Despertar antes que seja tarde, o mais recente relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês) faz um chamamento emergencial à ação. Segundo esse extenso e inquietante documento, a agricultura moderna se posiciona no centro do cenário da crise ecológica mundial, exercendo o duplo papel de algoz e de vítima. Essa bivalência explica-se pelo fato de que as monoculturas industrializadas e os mercados alimentares globalizados figuram como as principais atividades econômicas geradoras da degradação ambiental e das mudanças climáticas ao mesmo tempo em que são as mais vulneráveis aos efeitos desses fenômenos.
 
 
- Jan Douwe van der Ploegé Professor de Sociologia Rural, Universidade de Wageningen, Holanda, e Universidade Agrícola da China
 
CADERNOS DE DEBATE n. 1 • Fevereiro de 2014
Revista Agriculturas: experiências em agroecologia - Número Extra
https://www.alainet.org/es/node/83519?language=en

Del mismo autor

Suscribirse a America Latina en Movimiento - RSS