Para "Democratizar a Democracia" precisamos fazer a disputa de ideias na sociedade

27/04/2014
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A democratização da comunicação foi apontada por conferencistas e participantes da XVIII Plenária como um fator chave para esse embate
 
 
A XVIII Plenária Nacional do FNDC começou com um debate central para o bom funcionamento da democracia: a necessidade de governo e movimentos sociais assumirem a disputa de ideias na sociedade frente ao avanço de forças conservadoras e as armadilhas históricas que engessam nosso desenvolvimento.
 
Durante a conferência de abertura “Democratizar a Democracia”, que ocorreu ontem (25/4), contribuíram com análises diversas para essa questão Preto Zezé, Presidente Nacional da Central Única das Favelas (Cufa); Ricardo Poppi, Coordenador Geral de Novas Mídias da Secretaria Geral da Presidência; Conceição Oliveira, jornalista e blogueira do blog Maria Frô; Luiz Carlos Azenha, jornalista e blogueiro do Vi o Mundo e Ricardo Gebrim, da campanha Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana pela Reforma do Sistema Político.
 
“Precisamos ganhar corações e mentes da juventude de junho”, sintetizou Ricardo Gebrim, referindo-se ao descolamento entre movimentos sociais tradicionais e as novas formas de manifestações não-organizadas que emergiram em junho de 2013. Para ele, uma das pautas capazes de unificar os dois movimentos é a constituinte pela reforma política, já que o descontentamento com o sistema político foi uma das principais características das manifestações de rua no ano passado.  “As pautas da juventude estão em disputa e há uma tentativa da direita, inclusive por meio da grande mídia, de se apropriar delas”, observou. “Sabemos que esse embate central se dá também nas redes sociais. Por isso que é papel desse coletivo assumir essa bandeira” afirmou, dirigindo-se aos comunicador@s presentes na Plenária.
 
Dialogando com esse ponto de vista, Preto Zezé, chamou a atenção para o fato de que nas redes sociais o pensamento conservador está mais “desavergonhado” e que não há um contraponto dos movimentos à altura.  “A luta central hoje está nas cidades, nas favelas. O ‘rolezinho’, por exemplo, não é só um fenômeno relacionado à exclusão social, é também um fenômeno de comunicação. A questão é como nós vamos mergulhar no imaginário desses jovens”, questionou.
 
Democratizar a comunicação
A democratização dos meios de comunicação de massa, a garantia de pluralidade de vozes na mídia e o fortalecimento da comunicação pública e comunitária foram apontados por conferencistas e participantes da XVIII Plenária como fatores chave para essa disputa de ideias.
 
O blogueiro e jornalista Luiz Carlos Azenha criticou a situação de monopólio das comunicações e a falta de financiamento por parte do governo a veículos alternativos e progressistas. “A espinha dorsal do conservadorismo no Brasil está estruturada nas grandes emissoras de televisão, especialmente a rede Globo, que reproduz a coalizão que existe na esfera política” disse.
 
“Eu vejo um fenômeno positivo que é a busca de jornalistas com boas ideias por espaços próprios. Onde está o problema? Financiamento. É muito difícil elaborar materiais próprios de qualidade pela falta de recursos. E o governo continua insistindo no financiamento para a televisão sob os chamados critérios técnicos de mídia”, completou.
 
A blogueira Conceição Oliveira viu a bandeira da democratização das comunicações emergir nas manifestações de junho. “Nós temos fôlego aí a partir de junho. Sem democratização da comunicação todos nós somos criminalizados como movimentos sociais, como classe trabalhadora”, afirmou. 
 
Conquistas
 
Durante sua exposição, Conceição Oliveira também fez questão de ressaltar a importância da vitória alcançada a partir da aprovação do Marco Civil da Internet, apesar do grande lobby de empresas de Telecomunicações no Congresso Nacional. “A vitória do Marco Civil deve servir de inspiração para o FNDC. Conseguimos vencer um lobby gigantesco e garantir o nosso espaço. Se a gente perdesse a internet, teríamos um país sem voz”, disse.
 
Ricardo Poppi contribuiu com o debate trazendo elementos da experiência do governo com o uso de tecnologia de comunicação digital para a participação social. “precisamos fazer uma reflexão de como a gente pode envolver mais gente nas agendas e debates das lutas que a gente trava usando a tecnologia de comunicação digital” afirmou. “Mas não basta só a tecnologia. A camada da política é que vai decidir a forma de apropriação da ferramenta. Nenhuma tecnologia é neutra”, concluiu.
 
Delegad@s e observador@s da Plenária comemoraram a conquista alcançada pelos movimentos sociais do Marco Civil da Internet e apontaram que a sociedade civil precisa ir além e conseguir aprovar também o Projeto de Lei da Mídia Democrática, de iniciativa popular.
 
A XVIII Plenária Nacional do FNDC segue até domingo (27), na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema, com um balanço das atividades realizadas pelo Fórum no último período e com a elaboração de estratégias de ampliação de sua atuação na articulação e mobilização por políticas de comunicação democráticas no Brasil. A Plenária ainda elegerá a nova Coordenação Executiva e o Conselho Deliberativo do Fórum.
 
26/04/2014
 
https://www.alainet.org/es/node/85127
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