A responsabilidade de cada um, de cada uma de nós!

30/07/2006
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A crise no Oriente Médio agrava-se, enquanto as iniciativas diplomáticas, necessárias mas sempre morosas, não conseguem atingir o esperado cessar-fogo. Crianças, idosos, homens, mulheres são mutilados fisicamente e emocionalmente, orrem, como num filme tenebroso, sem que nada impeça este horror. O genocídio indígena no Brasil e nas Américas não aconteceu em nossos dias e o holocausto dos judeus também não. Deles só sabemos por relatos/ memória daqueles que passaram por eles ou sofreram por seus entes queridos, ficando sua história registrada nos museus, nos livros e na memória familiar. Mas e agora em nosso tempo? Como impedir este assassinato em massa transmitido ao vivo pela TV, pela Internet? Como atender aos desesperados pedidos de socorro que nos chegam sem cessar? Não adianta, como num triste mantra, ficarmos em análises, reflexões sociológicas maldizendo o poderoso Bush e seus asseclas. Temos claro, diante dos olhos e do coração, que todos sofrem e, com maior intensidade, o povo palestino e agora também o povo libanês, com seus mais de 700 mortos na população civil, predominando mulheres, crianças e idosos e 800 mil refugiados numa população de menos de 3 milhões de habitantes. O que fazer neste momento em que a consciência não nos deixa dormir, não nos deixa comer e busca, freneticamente, caminhos, soluções que estanquem esta carnificina em nosso tempo? O que fazer, que obrigue nosso egoísta Ocidente a respeitar os direitos de seus irmãos em outras partes do mundo e para que a ONU assuma suas responsabilidades na manutenção da paz? E, o mais grave, como, a esta altura dos acontecimentos e sofrimentos, pedir a quem foi torturado, a quem viu seus filhos, seus pais, seus irmãos, seus amigos morrerem; a quem viu sua casa explodir, a quem sentiu seu mundo desabar, serenidade para sentar-se à mesa de negociações? Culpados, somos também nós, que estarrecidos/engessados, não honramos nosso compromisso de fé, não agimos com a coragem, a inteligência, a rapidez e a sensibilidade que a situação exige. Culpados igualmente são os dirigentes políticos, primeiros ministros, presidentes, mandatários de igrejas que estão investidos da abrangência e força moral de seus cargos. Ao invés de somente hipotecarem solidariedade e apontarem, de dentro de suas seguras moradias e bem distantes da tormenta, muitas das vezes com luvas de pelica, os culpados pelos acontecimentos, deveriam ir para o local onde crianças, seus pais, seus avós, sua cultura estão sendo dizimados de forma tão cruel. Citando o jornalista Robert Fisk do diário britânico The Independent, “o Hezbolá quebrou a lei internacional, cruzou a fronteira israelense, matou três soldados israelenses, capturou outros dois e os levou para o outro lado da fronteira. Foi um ato calculado de violência. Suas ações trouxeram uma tragédia sem paralelo para o Líbano. Mas o que aconteceria se tivesse sido o fraco governo libanês que tivesse lançado um bombardeio aéreo contra Israel da última vez que soldados israelenses cruzaram a fronteira? O que aconteceria se a Força Aérea libanesa tivesse matado 73 civis israelenses após bombardear Ashkelon, Tel Aviv e Jerusalém Ocidental? O que aconteceria se um caça libanês tivesse bombardeado o Aeroporto Ben Gurion? Se tivessem destruído 26 pontes em Israel? [e ontem, dia 30 de julho o bombardeio de Qana no Líbano onde 36 crianças morreram ] Será que chamariam de ‘terrorismo’ se fosse este o caso? Creio que sim. Mas se Israel fosse a vítima, aí teríamos a Terceira Guerra Mundial”. -Maria Helena Arrochellas é teóloga e coordenadora do Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade/CAALL
https://www.alainet.org/fr/node/116359
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