Opus Dei confessa o apoio a Alckmin
30/10/2006
- Opinión
Em artigo publicado no Jornal do Brasil nesta terça-feira, dia 24, o advogado tributarista Ives Gandra Martins assume abertamente o apoio à candidatura Geraldo Alckmin, mas já visualiza a sua derrota para Lula e procura traçar os possíveis cenários do próximo governo. Para quem não o conhece, Ives Gandra, que circula com desenvoltura nas esferas de poder e possui generosa exposição na mídia, é o principal supernumerário do Opus Dei no Brasil. Ele foi um dos primeiros brasileiros a ingressar nesta seita religiosa ultra-conservadora e é considerado o seu porta-vozes mais influente na política nacional.
Segundo reportagem de Marina Amaral, na revista Caros Amigos, a Opus Dei chegou ao Brasil em 1957, quando instalou dois centros em Marília (SP), com a meta de fortalecer a ala conservadora da Igreja Católica e se contrapor ao avanço das idéias de esquerda no país. “Aos poucos, o Opus Dei foi encontrando seus aliados na direita universitária... Entre os primeiros estavam dois jovens promissores: Ives Gandra e Carlos Alberto Di Franco, o primeiro simpático ao monarquismo e candidato derrotado a deputado; o segundo, um secundarista do Colégio Rio Branco, dos rotarianos do Brasil. Ives começou a freqüentar as reuniões do Opus Dei em 1963; Di Franco ‘apitou’ (pediu para entrar) em 1965”.
No caso do jornalista Carlos Alberto Di Franco, a sua vinculação à seita ficou famosa com a revelação feita pela revista Época, em janeiro, de que ele fazia pregações semanais para o ex-governador Geraldo Alckmin, no interior do próprio Palácio dos Bandeirantes, nas chamadas “palestras do Morumbi”.
Alckmin, o candidato do deus-mercado
No artigo citado, o supernumerário aponta quatro possíveis cenários decorrentes da eleição presidencial. Temendo a iminente derrota do seu fiel adepto, Ives Gandra manifesta publicamente a sua simpatia por Geraldo Alckmin – o que não é comum na tradição desta seita, que cultua o anonimato e segue fielmente um dos principais ensinamentos do seu fundador, Josemaría Escrivá: “Acostuma-se a dizer não”.
No primeiro cenário, ele ainda insiste na necessidade de lutar pela vitória do seu candidato. “Se for eleito Alckmin, estou convencido de que sua administração será muito parecida àquela que fez em São Paulo, nos seus dois mandatos – austera, estimuladora da iniciativa privada, com investimentos relevantes e buscando parcerias com a cidadania... Haverá uma natural e crescente inserção na economia global”.
Tementes a Marx e à esquerda
Mas já prevendo o pior, ele destaca três possíveis cenários com a reeleição de Lula – numa linguagem típica da direita hidrófoba do país. “Um primeiro cenário de radicalização com seus amigos, partidários e o MST, pressionando o Brasil a adotar um rumo semelhante ao de Chávez, de Fidel e de Morales, com a adoção dos mesmos instrumentos do passado (invasões de terra, confrontos, desrespeito à ordem rural, mensaleiros, caixa-2), visto que desde que Marx lançou a luta sem tréguas contra o capitalismo e Lênin assumiu o poder na Rússia, os meios são, para os seguidores dessa corrente, justificados pelos fins”.
“O segundo cenário é o da mediocridade. Continuará fazendo o que faz, com pessoas menos brilhantes do que alguns de seus melhores ministros atuais, visto que perdeu Rodrigues e poderá perder Furlan, Márcio e Meirelles... Esse cenário é o mais provável e o seu segundo mandato será de pior nível que o atual. O terceiro cenário é o da grandeza. Livrando-se de todos aqueles que só lhe causaram problemas e dos radicais, que querem um governo semi-ditatorial ao estilo Fidel, Chávez ou Morales, poderá escolher grandes nomes, reconhecidos nacional e internacionalmente, para constituir seu ministério de primeiro mundo... É possível também, mas não provável”.
Como se observa, a seita fascista Opus Dei está preocupada com o futuro do Brasil. Ela aposta suas fichas em Geraldo Alckmin, mas já procura definir uma linha de atuação para o segundo mandato do presidente Lula. Na prática, já aposta na polarização política e na desestabilização do futuro governo.
- Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro “As encruzilhadas do sindicalismo” (Editora Anita Garibaldi, 2ª edição).
Segundo reportagem de Marina Amaral, na revista Caros Amigos, a Opus Dei chegou ao Brasil em 1957, quando instalou dois centros em Marília (SP), com a meta de fortalecer a ala conservadora da Igreja Católica e se contrapor ao avanço das idéias de esquerda no país. “Aos poucos, o Opus Dei foi encontrando seus aliados na direita universitária... Entre os primeiros estavam dois jovens promissores: Ives Gandra e Carlos Alberto Di Franco, o primeiro simpático ao monarquismo e candidato derrotado a deputado; o segundo, um secundarista do Colégio Rio Branco, dos rotarianos do Brasil. Ives começou a freqüentar as reuniões do Opus Dei em 1963; Di Franco ‘apitou’ (pediu para entrar) em 1965”.
No caso do jornalista Carlos Alberto Di Franco, a sua vinculação à seita ficou famosa com a revelação feita pela revista Época, em janeiro, de que ele fazia pregações semanais para o ex-governador Geraldo Alckmin, no interior do próprio Palácio dos Bandeirantes, nas chamadas “palestras do Morumbi”.
Alckmin, o candidato do deus-mercado
No artigo citado, o supernumerário aponta quatro possíveis cenários decorrentes da eleição presidencial. Temendo a iminente derrota do seu fiel adepto, Ives Gandra manifesta publicamente a sua simpatia por Geraldo Alckmin – o que não é comum na tradição desta seita, que cultua o anonimato e segue fielmente um dos principais ensinamentos do seu fundador, Josemaría Escrivá: “Acostuma-se a dizer não”.
No primeiro cenário, ele ainda insiste na necessidade de lutar pela vitória do seu candidato. “Se for eleito Alckmin, estou convencido de que sua administração será muito parecida àquela que fez em São Paulo, nos seus dois mandatos – austera, estimuladora da iniciativa privada, com investimentos relevantes e buscando parcerias com a cidadania... Haverá uma natural e crescente inserção na economia global”.
Tementes a Marx e à esquerda
Mas já prevendo o pior, ele destaca três possíveis cenários com a reeleição de Lula – numa linguagem típica da direita hidrófoba do país. “Um primeiro cenário de radicalização com seus amigos, partidários e o MST, pressionando o Brasil a adotar um rumo semelhante ao de Chávez, de Fidel e de Morales, com a adoção dos mesmos instrumentos do passado (invasões de terra, confrontos, desrespeito à ordem rural, mensaleiros, caixa-2), visto que desde que Marx lançou a luta sem tréguas contra o capitalismo e Lênin assumiu o poder na Rússia, os meios são, para os seguidores dessa corrente, justificados pelos fins”.
“O segundo cenário é o da mediocridade. Continuará fazendo o que faz, com pessoas menos brilhantes do que alguns de seus melhores ministros atuais, visto que perdeu Rodrigues e poderá perder Furlan, Márcio e Meirelles... Esse cenário é o mais provável e o seu segundo mandato será de pior nível que o atual. O terceiro cenário é o da grandeza. Livrando-se de todos aqueles que só lhe causaram problemas e dos radicais, que querem um governo semi-ditatorial ao estilo Fidel, Chávez ou Morales, poderá escolher grandes nomes, reconhecidos nacional e internacionalmente, para constituir seu ministério de primeiro mundo... É possível também, mas não provável”.
Como se observa, a seita fascista Opus Dei está preocupada com o futuro do Brasil. Ela aposta suas fichas em Geraldo Alckmin, mas já procura definir uma linha de atuação para o segundo mandato do presidente Lula. Na prática, já aposta na polarização política e na desestabilização do futuro governo.
- Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro “As encruzilhadas do sindicalismo” (Editora Anita Garibaldi, 2ª edição).
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