"Pela volta da esperança"
03/10/2002
- Opinión
Só amanhece o dia para o qual estamos despertos, e o dia está aí, 6 de
outubro, a grande oportunidade que se abre a todos para que pelo voto
promova a mudança de qualidade do destino do país e deixe entrar, com os
primeiros raios de luz, uma era de oportunidades. A pacificação social em
resposta à violência da criminalidade. O emprego como antídoto à
desesperança. A educação universal sinalizando à juventude a esperança no
futuro. A produção devolvida ao papel central de locomotiva da economia. A
garantia da ética na gestão pública.
Oito anos de uma política que privilegiou o capital especulativo,
subverteu as prioridades nacionais em favor do mercado financeiro, arruinou
as contas públicas, destroçou a infraestrutura básica e relegou o social
obriga-nos a enxergar o imediato como um tempo de reconstrução e de resgate
do que temos de melhor. É por partilhar da crença sincera de que somos uma
nação melhor do que nos avaliam os credores internacionais. Que podemos
fazer e construir muito mais com menos. Com os olhos firmes no atendimento
das necessidades dos mais fracos e na eliminação dos entraves que emperram
a geração de riquezas, o crescimento da economia e a valorização da
sociedade. Por tudo isso é que me lancei candidato ao Senado, convencido de
que é preciso levar a ética à política. Porque, quando o povo desconfia da
probidade dos homens públicos, impera a imoralidade e sobeja a barbárie.
Com laços de família no Vale do Paraíba, pelo lado materno, e na Baixada
Santista, pelo paterno, nasci em Santos e me orgulho de ser paulista. Sou
deputado federal em segundo mandato, o segundo mais votado de São Paulo em
1998; fui candidato a vice-presidente da República com Lula em 1994, líder
de bancada, presidente da Comissão de Economia da Câmara, eleito Economista
do Ano/2002 em eleição direta pelos economistas de São Paulo. Na Câmara,
exerci a plenitude do mandato apresentando projetos nas mais importantes
áreas, dialogando com todos os interlocutores, formulando propostas quando
o consenso parecia impossível. Como reconhecimento tenho sido indicado
sucessivamente um dos 10 parlamentares mais influentes do Legislativo por
escolha entre os próprios deputados e senadores. O Senado é o meu desafio
de agora. Está lá o grande fórum moderador da República. Filtra todos os
projetos e iniciativas da Câmara, fiscaliza o Executivo, aprova as
indicações para cargos como a diretoria do Banco Central, embaixadores e
juizes dos Tribunais superiores, autoriza empréstimos a Estados e
Municípios, avaliza acordos multilaterais. É a grande casa da política
nacional, mas vem de uma crise sem precedentes, chamuscada por escândalos
de memória recente. Avalio que São Paulo precisa reafirmar a ética na
política, como já fez na última eleição elegendo Eduardo Suplicy. E
acredito que São Paulo de novo vai fazer a opção pela transparência.
Temos de construir um projeto para o Senado que pense um Brasil forte,
socialmente justo, culturalmente plural e politicamente soberano, dentro do
qual São Paulo volte a ter lugar de destaque. São Paulo tem vocação de
geração de riqueza espetacular, sempre foi o grande propulsor da economia
brasileira e, no entanto, tem sido duramente atingido pela guerra fiscal e
pela ausência de uma reforma tributária.
A verdade é que São Paulo ainda tem uma capacidade impressionante de
reação. Representa 34% do PIB, mais de 43% da receita federal de impostos
são arrecadados aqui. Mas tem faltado a contrapartida justa dos tributos
aqui gerados para a Federação. O que leva os graves problemas da pobreza,
do desemprego e da violência, visíveis em todo país, serem mais exacerbados
no Estado, especialmente na Grande São Paulo. Caberá a nós, representantes
da sociedade, criar novas políticas e atitudes do Parlamento, que produzam
resposta imediata a esta situação.
O problema é que se deixou de planejar o futuro no Brasil, como o PT e Lula
vêm repetindo há anos. O governante abdicou de deveres essenciais, como se
o mercado resolvesse tudo. O resultado é que vem se aplicando curativos em
função da conjuntura, de modo que hoje não se pode prever sequer a semana
que vem, quiçá o dia seguinte. Não é esse o Brasil que queremos, mas um
Brasil que tenha por referência o crescimento da economia, a criação de
empregos, a geração de riquezas, a segurança nas ruas, a liberdade de
empreender e a inclusão social. É por tudo isso, e para ajudar a resgatar a
esperança no Brasil e em São Paulo, que quero ser senador. E peço o seu
voto.
* Aloizio Mercadante Oliva, 48, economista, professor licenciado da PUC-SP
e da Unicamp, é deputado federal por São Paulo, secretário de Relações
Internacionais do PT e candidato do partido a senador por São Paulo
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