25 anos do MST

15/01/2009
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Vinte e cinco anos de lutas e conquistas. Provavelmente nem a mídia, nem os generais da ditadura imaginavam que chegaríamos tão longe. Nem mesmo nós posseiros, migrantes, atingidos por barragens, sem terras, religiosos, simpatizantes da causa da terra e muitos outros que nos encontramos em Cascavel em 1984. A gente viu esse Movimento nascer. Nós participamos deste momento e hoje, nós vemos o MST sendo reconhecido não só em nível nacional, não só na América Latina, mas no mundo. O Rei da Bélgica, em 1994, entregou, pessoalmente, um prêmio para a direção do MST reconhecendo que este é um Movimento que defende a paz, a vida, a cidadania.

Existe hoje no Brasil mais de 350 mil famílias do MST que estão assentadas, que construíram 96 agroindústrias e organizaram mais de 450 cooperativas e associações. Temos mais de duas mil escolas públicas nos acampamentos e assentamentos, que garantem o acesso à educação para mais de 160 mil crianças e adolescentes sem terra. Já foram formados mais de 4 mil professores e alfabetizados mais de 50 mil jovens e adultos.

O agricultor que não tem terra está numa encruzilhada: ou ele vai lutar pela terra, ou ele vai para a cidade em busca de emprego que não existe. Se já está ruim para o pequeno agricultor que já tem terra, imagine para aquele que não tem. Ele é trabalhador rural, portanto, ele não quer correr o risco de ver seus filhos e filhas caírem na marginalidade. Então ele se acampa junto com os companheiros para lutar pela dignidade e por um pedaço de terra para produzir o sustento de sua família. Por isso, eu sempre tenho dito que as pessoas que estão acampadas debaixo de uma lona preta são as pessoas que merecem o respeito, porque são as pessoas mais dignas que nós temos no País. Estão ali suportando todas as intempéries, toda espécie de miséria, humilhação e estão resistindo para não perder a sua dignidade e lutando por cidadania.

E, quando estão assentadas, a gente vê o desenvolvimento, o que orgulha profundamente a nós, que defendemos este Movimento, por isso, nós podemos desafiar os adversários. Convido vocês, que não acreditam na luta pela reforma agrária, que venham conhecer um assentamento, fazer uma visita para ver como se trabalha, como se produz. Com certeza não será encontrada nenhuma criança passando fome e fora da sala de aula.

Hoje temos o prazer de ver o sonho realizado, ao ver essa luta  ser respeitada e valorizada pela sociedade brasileira e, é claro, temos indignação ao ver a reação dos bandidos, dos pistoleiros, a mando dos que se dizem proprietários atacar os defensores da reforma agrária.  Tantos companheiros e companheiras perderam a vida nesta luta, Padre Josimo, Dorcelina Folador, Roseli Nunes, Fusquinha, Doutor, Oziel, Antônio Tavares, Irmã Doroty, Keno  e tantos outros, mas a morte deles não foi em vão.

A Reforma Agrária
não é só dividir terra. Pois não basta apenas somente distribuí-la. É necessário, no entanto, fazer este processo tornar-se viável, garantindo o acesso às demais políticas públicas como habitação, educação, cultura, saúde, lazer, crédito para plantar e tudo aquilo que o brasileiro tem direito. Assim teremos uma efetiva Reforma Agrária. Essa é a luta do MST que saudamos e nos congratulamos nestes 25 anos.

- Adão Pretto é Deputado Federal /PT/RS e Presidente da Comissão de Legislação Participativa da Câmara Federal

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