A bola da vez?

06/06/2012
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A um mês das eleições presidenciais mexicanas, o resultado está em aberto, depois que a queda do até então favorito, Pena Nieto, do PRI, se acentuou, assim como a subida do candidato da esquerda, Lopez Obrador, do PRD, enquanto a candidata do PAN, Josefina Vazquez, ficou definitivamente relegada ao terceiro lugar.

Até há pouco Pena Nieto tinha grande vantagem nas pequisas, com até mais de 20 pontos, apoiado por quase toda a grande mídia monopolista mexicana. Com o fracasso do governo Calderon - a começar pela “guerra ao tráfico”, mas pelo conjunto do governo ortodoxamente neoliberal -, as elites dominantes se voltaram para o candidato do PRI como seu favorito para dar continuidade à mesma politica neoliberal e de subordinação externa aos EUA.

As manifestações de jovens de protesto contra o privilégio que a imprensa dá a Pena Nieto estão contribuindo para mudar as opções do eleitorado. A um mês das eleições começaram a aparecer pesquisas em que a diferença entre os dois diminui significativamente. A partir desse momento é uma corrida contra o tempo e contra a possibilidade de fraude.

A direita fará tudo para impedir que isso aconteça. Os EUA seriam pegos de surpresa, não apenas no país fronteiriço na América Latina, mas em um dos poucos países aliados de peso no continente. Um governo de Lopez Obrador não poderá simplesmente sair do Tratado de Livre Comércio da América do Norte mas, como faz o Peru, avançar na diversificação do comércio internacional, aproximar-se politicamente dos países da America do Sul, mudar a política econômica, bloquear a privatização da Pemex – a empresa mexicana do petróleo -, revitalizar o Estado mexicano, centrar a ação governamental em políticas sociais. Seria uma mudança interna muito importante e significativa no plano externo.

Desde que a vantagem folgada do candidato do PRI foi diminuindo e o apoio a Lopez Obrador foi aumentando, desatou-se com força a campanha contra o candidato da esquerda. Antes praticamente ignorado pela mídia privada, para não propiciar-lhe espaço, passaram a atacá-lo com falsas denúncias, buscando reativar um nível de rejeição que Lopez Obrador está conseguindo superar, enquanto as mobilizacoes estudantis fazem aumentar fortemente a rejeição a Pena Nieto.

O processo eleitoral mexicano é especialmente deformado, porque não há segundo turno e o presidente tem mandato de 6 anos, mesmo que ganhe com evidências de fraude, como foi o caso de Calderon. A disputa final deve ser acirrada. Se Lopez Obrador não conseguir abrir uma vantagem significativa, pode ser vítima, novamente, da fraude que lhe tirou a presidência há 6 anos. O grande fator de mudança a seu favor vem das belas manifestações estudantis, a que se opõem as campanhas de difamação da velha mídia mexicana.
 
 
 
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