Comunitárias farão cobertura fundamental das eleições

03/10/2012
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Reunidos nesta quarta na Catia TVe,  jornalistas venezuelanos, brasileiros e argentinos organizam a cobertura desta disputada eleição, fundamental para toda a América Latina.
 
Votar nas eleições não é obrigatório aqui na Venezuela. Entretanto,  o envolvimento das pessoas, a discussão e as campanhas nas ruas faz-nos prever uma grande participação. Por que tanta mobilização para votar? Este foi o primeiro aspecto levantado na reunião ocorrida hoje na comunitária Cátia TVe, no centro de Caracas, entre comunicadores locais e os visitantes. Além do coletivo ComunicaSul, constituído por jornalistas brasileiros, estavam também duas argentinas.  Bastante disputada, esta eleição presidencial na Venezuela Bolivariana está trazendo ao país imprensa de toda a parte.
  
“A comunicação também é um fator de segurança e garantia frente ao que a oposição possa estar planejando”, disse Jesus Suarez, presidente da  comunitária Catia TVe. Existe uma tensão no ar e rumores de vários tipos circulam, entre eles um de que os mesários da candidatura Capriles se retirarão das mesas de votação no início da tarde, além de provocação de conflitos, algo que parece acontecer por aqui nas eleições. Por isso,  na sede da Cátia TV estaremos organizando a presença jornalista nos principais centros de votação e centralizando  as coberturas de todos. Todos acreditam que as filas começarão a formar-se já na madrugada deste domingo, dia da eleição.  Hoje estão chegando as máquinas para a votação e na sexta-feira haverá a sua instalação, momento em que oficialmente se estabelece o processo final.
 
Jesus Suarez, presidente da Catia TVe
 
Cátia TVe é a emissora comunitária mais consolidada, entre as 40 existentes em toda a Venezuela, algumas ainda em processo.  O “e” no seu nome, segundo Jesus, quer dizer que “a tv te vê e você se vê na tv”, fundamentando a relação íntima com a comunidade.  Foi a única fechada durante o golpe de 2002.  Situada no bairro com o mesmo nome, homenagem a um indígena, esta televisão vem sendo construída desde os anos 90, a partir de uma Casa de Cultura, criada por movimento que tinha no Cine Clube sua principal atuação.  A televisão comunitária nasce em 2001, com o processo revolucionário e hoje tem 22 trabalhadores, desde o  estúdio, passando pela administração e relação com a comunidade, que é chamada a participar. A comunidade está organizada para a produção de conteúdos, como os relativos à memória histórica e construção de espaços coletivos. “O grupo que mantém o espaço vai gerando um processo com a comunidade”, diz Jesus, “e as pessoas começam a entender como funciona a comunicação e a ter ingerência nela”.
 
Além das televisões,  há neste país 243 rádios comunitárias, frente às 466 privadas. Existe um regulamento para o funcionamento das comunitárias, mas o seu desenvolvimento é bastante variado. Elas podem receber publicidade institucional, como também de pequenas e médias empresas, mas tudo depende da capacidade de captação de cada emissora. Também é possível ter os equipamentos necessários como comodato do Ministério da Comunicação. “Em comparação com outros países, aqui é fácil abrir uma tv comunitária”, acredita o presidente da Catia. “Antes, o problema era criar os meios de comunicação, agora a questão é mantê-los”.
 
Os conteúdos produzidos são de livre acesso, podendo ser reproduzidos. “Tomamos imagens das pessoas, então estas imagens pertencem às pessoas”,  fala Jesus.  Ele vê a comunicação como um serviço prestado à comunidade, que gera informação, formação e uma participação política mais ativa. A Cátia tem o município de Caracas como sua área de alcance, embora não chegue bem a todos os lugares. Atualmente, o Ministério das Comunicações está iniciando um convênio, a princípio com 13 das televisões comunitárias, para instalação de transmissoresmais potentes, que consigam alcance maior para as emissoras.
 
- Terezinha Vicente, de Caracas - Venezuela
 
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