2013 começa a mostrar sua força como ano de lutas
06/03/2013
- Opinión
Um conjunto de iniciativas unitárias pautando interesses populares mostram que 2013 vai se configurando como um ano de lutas, em que os trabalhadores apontam soluções concretas e viáveis que permitem ao Brasil enfrentar a crise mantendo e aprofundando seu crescimento.
A primeira delas é a marcha das centrais sindicais e dos movimentos sociais à Brasília nessa quarta-feira (06). Exigindo “menos juros, mais produção, investimento, salário e emprego”, milhares de trabalhadores das centrais sindicais e dos principais movimentos sociais do país mostram a força de uma ação unitária. A linha definida é bem clara. Para que o Brasil continue crescendo é fundamental que a conquista de aumentos reais nas campanhas salariais e a valorização do salário mínimo se mantenham como os elementos decisivos para o fortalecimento do mercado interno, que vem assegurando o enfrentamento da crise internacional. Eis por que conquistas como a jornada de 40 horas semanais sem redução de salário; Fim do fator previdenciário; Reforma agrária; Igualdade de oportunidades entre homens e mulheres; Política de valorização dos aposentados; 10% do PIB para a educação; 10% do Orçamento da União para a saúde; Correção da tabela do Imposto de Renda; Ratificação da Convenção 158 da OIT – que impede a demissão imotivada; Regulamentação da Convenção 151 – que estabelece a negociação coletiva no serviço público e a Ampliação do investimento público são os onze itens que compõem a pauta da Marcha.
A segunda iniciativa igualmente fundamental é a Jornada de Lutas da Juventude Brasileira, de 25 de março a 1º de abril. Com uma unidade surpreendente, as principais forças que atuam na juventude brasileira se mobilizam em torno de propostas que apontam soluções para a educação e os principais problemas nacionais.
Também nestes dias, mais de 90 entidades de vários segmentos da sociedade civil assinaram a nota pública do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação. O documento apoia o direito à comunicação a todos e rechaça a postura do governo em não colocar em debate a democratização da comunicação no país. Unitariamente, os signatários iniciam a elaboração de um Projeto de Lei de Iniciativa Popular para um novo marco regulatório das comunicações, que se converterá numa intensa campanha ao longo deste ano.
Recordemos que o 8 de março vai se consolidando em todo o país como uma data de mobilizações unitárias. Este ano o tema central é a luta contra a violência contra a mulher.
Outra questão decisiva, que também confere unidade às forças populares é barrar a 11ª Rodada de Leilão do Petróleo.
Outra questão decisiva, que também confere unidade às forças populares é barrar a 11ª Rodada de Leilão do Petróleo.
Também é importante destacar que o Grito dos Excluídos, que vem se construindo como uma referência de lutas em todo o país, defi niu como lema este ano “Juventude que ousa lutar, constrói o Poder Popular”.
Como se vê, avançam as iniciativas de mobilização e o elemento novo é que apresentam reivindicações de uma pauta comum. Quem não percebe isso e permanece com um discurso sectário vai se isolando do processo de lutas. Estamos assistindo à retomada das lutas unitárias em que as organizações da classe trabalhadora, cada vez de forma mais autônoma, ingressam no debate sobre o desenvolvimento enquanto projeto de nação.
Apresentam uma pauta viável, possível de ser conquistada e o que é principal, a única que possibilita um enfrentamento da crise econômica internacional favorecendo as condições de vida do povo brasileiro.
O momento atual cria as condições para debatermos a necessidade de um projeto nacional de desenvolvimento. O conteúdo desse projeto passa pelas reformas estruturais na sociedade; pela industrialização soberana, ou seja, uma industrialização fundada em tecnologia nacional e ao mesmo tempo de ponta, o que significa pesados investimentos em educação, ciência e tecnologia;e, finalmente, o elemento da criatividade cultural.
Os setores organizados da classe trabalhadora vão percebendo que são necessárias mudanças mais profundas na política macroeconômica acompanhadas de reformas estruturais na sociedade e aumento considerável da taxa de investimento do Estado no setor produtivo para gerar milhões de empregos. Além disso, o que realmente poderia garantir renda e emprego num momento de crise profunda seria um conjunto de reformas nacionais, democráticas e populares que dependem mais de um amplo movimento de massas do que de um governo de composição que concilia interesses de classes.
O impasse no crescimento econômico imposto pela crise capitalista favorece essa proposta. O projeto nacional de desenvolvimento é um componente fundamental do que temos chamado de projeto popular para o Brasil.
Com as iniciativas unitárias que estão sendo construídas teremos um ano bastante promissor, com lutas e mobilizações onde as forças populares podem avançar muito e superar o difícil período de descenso que marcou as últimas décadas.
Editorial da edição impressa 523 do Brasil de Fato
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