Em conferência na UFABC

Lula fala sobre política externa

18/07/2013
  • Español
  • English
  • Français
  • Deutsch
  • Português
  • Opinión
-A +A

 

 “Gostaria de falar de três pontos que acho que merecem destaque na nossa política externa”, começou Lula em palestra nesta quinta-feira (18) na Universidade Federal do ABC. Ele falou da importância de ter colocado a fome como tema central em todos os fóruns mundiais, da aproximação com os países da América Latina e da África e dos esforços para mudar as instituições multilaterais e a governança global.
 
Lula palestrou na Conferência Nacional “2003-2013: uma nova política externa”. O encontro aconteceu na Universidade Federal do ABC (UFABC) entre os dias 15 e 18 deste mês e contou também com a participação dos ministros Antonio Patriota (Relações Exteriores), Celso Amorim (Defesa), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e Maria do Rosário (Direitos Humanos) além de importantes intelectuais e lideranças sindicais. A CUT Nacional apoiou o evento e recebeu o agradecimentosdo ex-presidente.
 
O tema da conferência de Lula foi “Brasil no mundo: mudanças e transformações” e ele começou falando da escolha de colocar a fome como tema crucial em todos os fóruns internacionais. “Uma das coisas que me orgulho na nossa política externa é ter conseguido colocar a questão da fome como central”, contou Lula lembrando diversos momentos em que fez questão de debater esse tema. “Eles queriam falar de comércio internacional e eu querendo debater a questão da fome”, contou. O ex-presidente também lembrou que essa luta ainda continua e que recentemente o Instituto Lula, junto com a FAO e a União Africana, realizaram um encontro na Etiópia para discutir a questão.
 
O segundo eixo destacado por Lula foi a aproximação do Brasil com a América Latina e os países africanos. “Queremos ter relação com os Estados Unidos, o que não podemos é nos tornar dependentes. Por isso nos voltamos para a América Latina”, disse Lula lembrando que o número de empresas brasileiras nos países latino-americanos aumentou enormemente a partir de seu governo. Em relação à África, Lula falou da dificuldade que enfrentou, inclusive dentro da diplomacia, de convencer as pessoas de que aumentar as relações com os países africanos era importante. “Nós não podemos pagar nossa dívida com a África em dinheiro, mas podemos pagar com solidariedade”, destacou. Ele lembrou que como resultado foram criadas 19 novas embaixadas brasileiras na África e o comércio do Brasil com os países africanos saltou de 5 para 26 bilhões de dólares.
 
A luta por uma mudança nos organismos multilaterais e pela construção de uma governança global foram o último ponto abordado pelo ex-presidente. Ele falou da importância de ter uma governança global eficiente nos atuais tempos de crise e questionou “Quem vai ajudar a regular o sistema financeiro hoje?”. Lula ressaltou que a ONU hoje não tem força e não representa a atual correlação de forças mundiais. A luta pela entrada do Brasil e de outros países no Conselho de Segurança da ONU também foi lembrada.
 
Lula terminou destacando que hoje se comemora o aniversário de 95 anos de Nelson Mandela. Ao final, Lula respondeu perguntas da plateia.
 
Sobre as manifestações
 
Os sites de notícias destacaram as falas do ex-presidente, diante de uma plateia majoritariamente jovem, sobre as manifestações. Seguem alguns trechos e frases de Lula no evento de hoje (18)
 
. "Viva o protesto. De protesto em protesto a gente vai consertando o telhado",
 
 "De protesto em protesto, um dia vocês vão chegar à Presidência da República", afirmou. Para ele, o brasileiro está indo às ruas em busca de mais conquistas. "Na Europa, os protestos são para não perder o que conquistaram. No Brasil, protestos são para conquistar mais."
 
O ex-presidente pediu aos jovens que "não neguem" a política. "Quando vocês estiverem putos da vida, mas putos, que vocês não confiem em ninguém, não gosto do Lula, não gosto da Dilma, não gosto do [Luiz] Marinho, não gosto não sei de quem, ainda assim, não neguem a política. E muito menos neguem os partidos. Vocês podem fazer outros.", disse.
 
"A pior coisa que pode acontecer no mundo é a gente aceitar a negação da política. Não existe nenhuma experiência no mundo em que a negação da política teve resultado melhor do que a podridão da política", disse durante a palestra.
 
O discurso de Lula encerrou a Conferência Nacional "2003 - 2013: Uma nova política externa", da universidade em São Bernardo do Campo. Os jornalistas não puderam acompanhar o evento no auditório e assistiram à palestra através de um telão ao ar livre.
 
Sobre 2014
 
Após a palestra, Lula concedeu entrevista coletiva e falou de reeleição, reforma política, protestos e sobre a expectativa para que ele volte a se candidatar à Presidência. Lula descartou concorrer nas próximas eleições presidenciais. "Eu elimino (a possibilidade) porque tenho candidata. Eu tenho candidata a presidente da República. Não tem ninguém batendo na  porta e as pessoas sabem que não adianta bater na porta", disse.
 
Na defesa de sua "candidata", o ex-presidente afirmou que é contra as propostas para acabar com a reeleição e alterar o mandato de quatro anos. Segundo ele, a possibilidade de reeleição foi incluída para dificultar sua candidatura. "Não tínhamos reeleição. Com medo de mim até reduziram o mandato para quatro anos. Depois ganharam e aprovaram a reeleição", disse. “Agora querem acabar com medo da Dilma se reeleger”, disse.
 
- Instituto Lula, com agências de notícias
 
18/07/2013
 
https://www.alainet.org/pt/active/65815?language=es
Subscrever America Latina en Movimiento - RSS