Cardápio único no banquete da Casa Grande
08/09/2014
- Opinión
O banquete eleitoral que a direita oferece tem um prato único no cardápio: o retrocesso ao Brasil da Casa Grande. O que varia são sutis diferenças de tempero. Aécio e Marina se assemelham em quase tudo; por ora apenas se distinguem quanto ao padrão de virulência da campanha.
Aécio “venezueliza” a eleição. Com ódio, calúnias, guerra sem tréguas e ataques descontrolados, reproduz a maneira de fazer política da oposição fascista venezuelana. Quanto mais desmilinguida sua candidatura, mais e mais violentas as baixarias.
Já Marina se mimetiza de “nova política” na sua cruzada neoliberal. Um modelo menos hard que Aécio, mas nem por isso menos pernicioso.
A circunstância eleitoral com o desastre aéreo criou um curioso paradoxo. Aécio vocifera uma retórica lacerdista como louco, mas é Marina quem defende com radicalidade a agenda de retrocesso neoliberal.
Em todas as eleições presidenciais anteriores, os candidatos do PSDB se esmeravam em confundir e esconder da população o programa real que defendiam. Escamoteavam os objetivos concretos; exorcizavam a plataforma privatista, de Estado Mínimo e de submissão ao capital financeiro.
Marina, ao contrário [inclusive indo contra seu mimetismo], nessa eleição proclama as diretrizes do retrocesso. E, quando percebe o erro de cálculo eleitoral, se desdiz; publica uma “errata” – o errorex da “nova política”.
Seu realismo não é descuidado. Ela quer sinalizar para a classe dominante que é sua representante tanto ou mais que Aécio; que ela é expressão orgânica dos seus interesses. Perante o eleitorado, se coloca espertamente como alternativa ao PT e ao PSDB, porém suas propostas são inteiramente identificadas com o polo tucano dessa polarização. Por isso, muitos notáveis tucanos já “marinaram” sem titubear.
Na agitação eleitoral, Marina não somente busca legitimar a plataforma de retrocesso nos vários campos em que o Brasil avançou no período Lula e Dilma. Mas seu projeto propiciaria a retomada do neoliberalismo em condições excepcionalmente mais prejudiciais ao país: a independência do Banco Central é a principal tradução disso.
Assegurar na lei a independência do Banco Central significa a interdição do futuro do país e a blindagem institucional do Brasil. É uma medida que concede poderes extraordinários ao capital financeiro e retira dos eleitos o poder de definir estratégias de crescimento e desenvolvimento segundo os interesses da sociedade, e não dos banqueiros.
Mas não é só isso. Marina é um sortimento de retrocessos que interditam o futuro do Brasil.
Escanteia o pré-sal para retroceder ao regime de concessões e, assim, beneficiar as multinacionais para a exploração e lucro do petróleo em detrimento da saúde e da educação do povo brasileiro assegurados no atual regime de partilha.
Na política externa, defende a volta à condição colonizada do Brasil em relação à Europa e aos EUA, porque diagnostica que o “Mercosul não tem cumprido bem o desígnio original de constituir uma modalidade de ‘regionalismo aberto’”. No bom português das relações internacionais, “regionalismo aberto” significa a renúncia de uma política industrial, a renúncia à proteção da economia nacional e a abertura com livre concorrência com a competitividade europeia e norte-americana. O exemplo de país que cometeu essa maluquice é o México: uma economia hoje dominada pelo narcotráfico.
Se poderia ir longe na descrição dos retrocessos representados por Marina.Sua equipe direta de assessoramento dispensa, porém, tal trabalho: herdeira do Itaú porta-voz da independência do Banco Central; política econômica elaborada pelos economistas que arquitetaram o neoliberalismo no Brasil com FHC; pefelistas convertidos em fiadores do neosocialismo.
O Brasil é o banquete apetitoso que a Casa Grande quer se servir com um cardápio único. O Brasil que sempre foi tratado como seu, desde que foi descoberto, lá no longínquo ano de 1.500, não é a mesma Casa Grande em que a empregada doméstica tinha de submeter à escravidão e viver na Senzala porque, afinal, “podia” usar o mesmo sabonete que seus patrões.
Se alguma finalidade essa eleição pode ter, que seja para sepultar, definitivamente, a Casa Grande e sua mania escravocrata contra os pobres e a maioria do povo brasileiro.
É necessário fazer uma ampla campanha de consciência na sociedade brasileira para que Dilma vença não somente a eleição, mas a mistificação. O futuro do Brasil foi antecipado, já chegou; é agora.
Aécio “venezueliza” a eleição. Com ódio, calúnias, guerra sem tréguas e ataques descontrolados, reproduz a maneira de fazer política da oposição fascista venezuelana. Quanto mais desmilinguida sua candidatura, mais e mais violentas as baixarias.
Já Marina se mimetiza de “nova política” na sua cruzada neoliberal. Um modelo menos hard que Aécio, mas nem por isso menos pernicioso.
A circunstância eleitoral com o desastre aéreo criou um curioso paradoxo. Aécio vocifera uma retórica lacerdista como louco, mas é Marina quem defende com radicalidade a agenda de retrocesso neoliberal.
Em todas as eleições presidenciais anteriores, os candidatos do PSDB se esmeravam em confundir e esconder da população o programa real que defendiam. Escamoteavam os objetivos concretos; exorcizavam a plataforma privatista, de Estado Mínimo e de submissão ao capital financeiro.
Marina, ao contrário [inclusive indo contra seu mimetismo], nessa eleição proclama as diretrizes do retrocesso. E, quando percebe o erro de cálculo eleitoral, se desdiz; publica uma “errata” – o errorex da “nova política”.
Seu realismo não é descuidado. Ela quer sinalizar para a classe dominante que é sua representante tanto ou mais que Aécio; que ela é expressão orgânica dos seus interesses. Perante o eleitorado, se coloca espertamente como alternativa ao PT e ao PSDB, porém suas propostas são inteiramente identificadas com o polo tucano dessa polarização. Por isso, muitos notáveis tucanos já “marinaram” sem titubear.
Na agitação eleitoral, Marina não somente busca legitimar a plataforma de retrocesso nos vários campos em que o Brasil avançou no período Lula e Dilma. Mas seu projeto propiciaria a retomada do neoliberalismo em condições excepcionalmente mais prejudiciais ao país: a independência do Banco Central é a principal tradução disso.
Assegurar na lei a independência do Banco Central significa a interdição do futuro do país e a blindagem institucional do Brasil. É uma medida que concede poderes extraordinários ao capital financeiro e retira dos eleitos o poder de definir estratégias de crescimento e desenvolvimento segundo os interesses da sociedade, e não dos banqueiros.
Mas não é só isso. Marina é um sortimento de retrocessos que interditam o futuro do Brasil.
Escanteia o pré-sal para retroceder ao regime de concessões e, assim, beneficiar as multinacionais para a exploração e lucro do petróleo em detrimento da saúde e da educação do povo brasileiro assegurados no atual regime de partilha.
Na política externa, defende a volta à condição colonizada do Brasil em relação à Europa e aos EUA, porque diagnostica que o “Mercosul não tem cumprido bem o desígnio original de constituir uma modalidade de ‘regionalismo aberto’”. No bom português das relações internacionais, “regionalismo aberto” significa a renúncia de uma política industrial, a renúncia à proteção da economia nacional e a abertura com livre concorrência com a competitividade europeia e norte-americana. O exemplo de país que cometeu essa maluquice é o México: uma economia hoje dominada pelo narcotráfico.
Se poderia ir longe na descrição dos retrocessos representados por Marina.Sua equipe direta de assessoramento dispensa, porém, tal trabalho: herdeira do Itaú porta-voz da independência do Banco Central; política econômica elaborada pelos economistas que arquitetaram o neoliberalismo no Brasil com FHC; pefelistas convertidos em fiadores do neosocialismo.
O Brasil é o banquete apetitoso que a Casa Grande quer se servir com um cardápio único. O Brasil que sempre foi tratado como seu, desde que foi descoberto, lá no longínquo ano de 1.500, não é a mesma Casa Grande em que a empregada doméstica tinha de submeter à escravidão e viver na Senzala porque, afinal, “podia” usar o mesmo sabonete que seus patrões.
Se alguma finalidade essa eleição pode ter, que seja para sepultar, definitivamente, a Casa Grande e sua mania escravocrata contra os pobres e a maioria do povo brasileiro.
É necessário fazer uma ampla campanha de consciência na sociedade brasileira para que Dilma vença não somente a eleição, mas a mistificação. O futuro do Brasil foi antecipado, já chegou; é agora.
09/09/2014
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