No Brasil, negros são os mais encarcerados e a maioria das vítimas de homicídio
16/11/2014
- Opinión
De acordo com 8º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, das 53.646 vítimas de homicídio, 36.479 são negras; dos 574.207 presos, 307.715 são negros
De 2009 a 2013, cresceu o número de homicídios no Brasil, de 44.518 mil para 53.646 mil. Das vítimas fatais do ano passado, 36.479 eram negras. O valor corresponde a exatamente 68% do total. A maioria das vítimas (53,3%) tinha entre 15 e 29 anos e eram homens (93,8%). Os dados apresentados são do 8º Anuário Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) divulgado nesta terça-feira (11) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Outro dado apontado pelo relatório é o número de presos no Brasil. Segundo o FBSP, o país já possui 574.207 pessoas encarceradas – cerca de 23 mil a mais que em 2012. Deste total, 307.715 são negros, 61,7% a mais que brancos. A maioria das pessoas - 75% - se encontra privada de sua liberdade por tráfico de drogas e crime contra o patrimônio.
Outro dado alarmante levantado pelo relatório é o número de presos provisórios, que estão aguardando julgamento, que chega a 215.639 pessoas, ou seja, 40,1% do total de presos no sistema penitenciário, que não inclui os que estão sob custódia das polícias.
Diante desses números, Fábio de Sá e Silva, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea e pós-doutorando no centro de profissões jurídicas da Harvardu University Schooloflaw, avalia que o crescente encarceramento, com ênfase em jovens, negros e por crimes associados a entorpecentes e o aumento do número de presos em situação provisória explicam por que o Brasil caminha resoluto para alcançar posições de destaque entre os países que mais encarceram.
De acordo com ele, a publicação dos dados do relatório coincide com o início de um novo ciclo governamental, no qual a política prisional terá de ser profundamente repensada.
“Um primeiro investimento deverá ser feito na retomada do vínculo entre a política prisional e a política criminal, com a avaliação dos efeitos do atual arcabouço jurídico-penal sobre os níveis de encarceramento e uma apreciação crítica dos próximos movimentos a serem adotados”, explica no relatório.
Fábio ainda ressalta que é fundamental o governo investir na ampliação do repertório punitivo, de modo que a prisão deixe de ser a única ou a principal resposta de que o Poder Público dispõe para dar conta da violência e da criminalidade.
“Neste sentido, aliás, talvez o maior desafio, mas também a melhor aposta no setor para o próximo ciclo governamental seja abrir o tema a discussões públicas e envolver a sociedade civil, os especialistas e trabalhadores”, conclui.
11/11/2014
https://www.alainet.org/pt/active/78823?language=es
Del mismo autor
- Barbados rompe laço colonial britânico e se declara república 01/12/2021
- ‘Brazilians are hungry because they have no income, not because of a lack of production’ 16/09/2021
- The burning of a statue brought to light the permanence of Brazil’s history of colonization 30/07/2021
- Em sessão histórica, Convenção Constitucional do Chile elege Elisa Loncón presidenta 04/07/2021
- Mobilizations against Bolsonaro gain strength and mobilize around 750 thousand people 22/06/2021
- Pandemic in Brazil: app delivery laborers report worsening working conditions 15/04/2021
- O que defendem Pedro Castillo e seu partido 14/04/2021
- Amazônia concentra 7 dos 10 municípios que mais emitem carbono no Brasil 04/03/2021
- El Salvador vai às urnas em meio a escalada autoritária 26/02/2021
- MST defende a vida dos brasileiros e pede saída imediata de Bolsonaro 01/02/2021