É urgente a construção de uma frente popular

09/12/2014
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 A direita brasileira perdeu as eleições, por muito pouco, e, talvez por isso, não se conforma.
 
Os aparatos políticos sob seu controle estão na ofensiva tentando criar um clima de necessidade de impeachment da Presidenta Dilma.
 
Vejamos os fatos.
 
A operação Lava-jato, levada adiante pela Policia Federal, de fato está desnudando um importante esquema de corrupção que envolve propinas milionárias nas obras da Petrobras, e que foram apropriadas por políticos de todos os partidos, funcionários de empresas e operadores de todo tipo. A vítima é a Petrobras. Os réus, a burguesia brasileira e seus diversos operadores políticos. Esse esquema está montado desde o governo tucano de Fernando Henrique Cardoso (FHC).
 
No passado, usaram o Banestado do Paraná, sob a direção de governos tucanos, para enviar ilegalmente bilhões de reais para o exterior, transformando-os em dólar. Na época da denúncia, o juiz federal foi transferido e o caso abafado. Ninguém foi punido, nem os operadores da corrupção apareceram.
 
O caso da corrupção nos trens e Metrô de São Paulo envolve desvios de volume superior a 1 bilhão de reais, entre empresas multinacionais cartelizadas e políticos tucanos, envolvendo, inclusive, pessoas de dentro do Judiciário. Mas tudo corre com sigilo impressionante.
 
As falcatruas bilionárias nos processos de privatizações de estatais, no governo FHC foram denunciadas em livros, porém nunca chegaram ao conhecimento da opinião pública, através da televisão, que um meio de fazer chegar ao conhecimento da maioria da população.
 
A sociedade brasileira precisa saber de todos os detalhes e os verdadeiros responsáveis de todos esses processos de corrupção.
 
A burguesia brasileira, habilmente, quer esconder que a corrupção é uma forma “natural” dos capitalistas se apropriarem do dinheiro público, sobretudo através de obras públicas. E que praticam isso há muitos e muitos anos. Que é a origem, inclusive, do enriquecimento de grande parte das famílias burguesas brasileiras.
 
Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que apenas 20 mil famílias se beneficiam do pagamento de juros da dívida pública, que é pago pelo Banco Central, com recursos do Tesouro, recolhidos em impostos de todo povo brasileiro. Sem que ninguém explique a origem da dívida pública que ascende a 2 trilhões de reais, e custa aos cofres públicos em torno de 200 bilhões de reais ao ano. Ou seja, o pagamento de juros de uma dívida mal explicada, e garantida por acordos com FMI realizados nos governos FHC e Lula, transfere legalmente todos os anos, bilhões de recursos recolhidos de todo povo para apenas 20 mil ricaços, proprietários de títulos. É a corrupção legal, porém imoral.
 
Felizmente, o governo Dilma quis limitar o valor do superávit primário, que garante essa transferência. Os tucanos reagiram alucinados e tomaram de assalto o Congresso, levaram seus asseclas para lá e tentaram impedir a votação. Imaginem se tivessem sido os movimentos sociais, os povos indígenas ou o MST? Estavam todos na cadeia.
 
Entusiasmados com essa bagunça que quase deu certo, seu Aécio Neves convocou: "Vamos todos para a rua!" (enquanto ele se dirigia para a sua mansão no Rio de janeiro, de passeio como sempre.)
 
Em São Paulo, as viúvas da ditadura foram, segundo a PM, em 5 mil para a manifestação democrática. Menos mal, que outras 500 mil pessoas, do povão, preferiram ir à Rua 25 de Março, fazer compras natalinas no mesmo horário.
 
A direita está assanhada, se “achando” como diriam os jovens. E vão continuar usando cada vez mais os espaços que controlam no Congresso, Poder Judiciário, e sobretudo, na mídia, para colocar toda culpa, inclusive de suas próprias falcatruas na presidenta Dilma, para gerar um clima de impeachment.
 
Frente a isso, lamentavelmente, parece que os partidos de esquerda estão dormindo ou apenas disputando vagas nos cargos públicos, e o governo está sonhando com a paz do neodesenvolvimentismo que se rompeu definitivamente no ultimo processo eleitoral.
 
É urgente que os movimentos populares, e a esquerda em geral, tome a iniciativa política frente a essa conjuntura. Precisamos retomar as articulações políticas para criarmos uma Frente Popular unitária, em nível nacional, que leve adiante o programa da reforma política e das reformas estruturais necessárias, como a tributaria, a agrária, a dos meios de comunicação a dos 10% do PIB para a educação. E essa disputa será definida nas ruas.
 
Em alguns estados, como Rio de janeiro, São Paulo e Paraná, já estão em curso iniciativas dos movimentos sociais  para construir plenárias e debaterem a construção da Frente Popular, que envolva partidos, movimentos populares, entidades, pastorais e todas as formas de organização popular.
 
Nos próximos meses, a luta de classes será ainda mais intensa e complexa, de enfrentamentos de interesses econômicos, políticos e ideológicos.
 
Nosso jornal seguirá esse caminho, de estar sempre ao lado dos trabalhadores e movimentos populares, estimulando a construção de uma Frente Popular por mudanças estruturais. Só assim, brecaremos os intentos golpistas do tucanato – portavoz da direita brasileira – e poderemos avançar nas mudanças sociais.
 
Editorial da edição 615 do Jornal Brasil de Fato, 09/12/2014
 
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