Marcha sairá, agora, dia 2 de maio
13/04/2005
- Opinión
A Marcha Nacional pela Reforma Agrária, que teria início no dia 17 de abril (Dia Mundial de Luta pela Terra), foi adiada para o dia 2 de maio em virtude de todas as atenções da sociedade estarem voltadas à eleição do novo papa, a ser escolhido a partir do dia 18. Com a mudança da data, a marcha, que sairá de Goiânia, chegará a Brasília no dia 17 de maio.
“Diante da morte do papa, o clima na sociedade impede que a reforma agrária volte a ser o principal debate [neste momento], assim, consultamos aliados e apoiadores que foram unânimes em concordar com a alteração da data do início da marcha”, diz nota do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A marcha é organizada também pela Via Campesina, Grito dos Excluídos e Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Os atos de lançamento da marcha nas capitais também sofreram alterações. Marcados para o dia 15 deste mês, foram transferidos para o dia 29, com a exceção do Rio de Janeiro, que manterá a sua atividade.
Assim, os 10 mil marchantes vindos de 23 Estados brasileiros vão se concentrar no dia 1º de maio próximo ao estádio Serra Dourada, em Goiânia (GO), para participar de ato político em homenagem ao Dia do Trabalhador. De lá, no dia seguinte, começam uma caminhada de 233 quilômetros até Brasília, percorrendo em média 15 quilômetros por dia.
Até o início da marcha, o número de ocupações de terra deve aumentar em todo o Brasil, mas nada comparado ao mesmo período do ano passado, batizado pela imprensa de “abril vermelho”. As ocupações de abril sempre acontecem para relembrar o massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido no Pará, em abril de 1996.
Objetivos
Ao chegar a Brasília, os participantes da marcha vão entregar um documento aos Três Poderes contendo 15 reivindicações referentes às políticas agrária, econômica, nacional e internacional do governo Lula.
Na questão agrária pede-se, entre outros pontos, o cumprimento da meta de assentar 430 mil famílias sem-terra até o final do mandato; a implantação de agroindústrias nos assentamentos; a defesa da Amazônia e da água, e a aprovação imediata da lei de expropriação das fazendas com trabalho escravo.
Já na política econômica, os marchantes querem que os R$ 60 bilhões do superávit primário anual sejam investidos em emprego, moradia e saúde pública; que não seja concedida autonomia ao Banco Central; que a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) não seja assinada e que haja auditoria pública da dívida externa, como determina a Constituição, entre outros pontos.
E no que diz respeito à política em geral, o texto fala em mobilizar o Congresso para a aprovação do projeto de lei sobre o Plebiscito Popular; em retirar imediatamente as tropas brasileiras do Haiti; e em democratizar o uso dos meios de comunicação de massa no país, revendo as concessões políticas e liberando o uso das rádios e tevês comunitárias.
Orçamento
O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) anunciou, dia 6 de abril, ter recuperado para o seu orçamento anual R$ 400 milhões dos R$ 2 bilhões congelados no início do ano. Mesmo assim, com este dinheiro, ainda segundo o MDA, só será possível assentar 70 mil das 115 mil famílias estimadas para 2005.
O orçamento para reforma agrária em 2005 era de R$ 3,7 bilhões. Após o contingenciamento forçado, meses atrás pelo governo, ele tinha caído para R$ 1,7 bilhão, o suficiente para assentar apenas 40 mil famílias.
* Marcelo Netto Rodrigues, Brasil de Fato.
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