Rede globo e RBS escondem presença do PSDB na lista da lava-jato

08/03/2015
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Tucano da matéria referente ao Prêmio “Moita de Ouro“, dado ao MPF por “defender tucanos“.
 
 Qualquer pessoa que tenha vivido na década de noventa, e com uma memória razoavelmente eficiente, vai lembrar do esforço tanto da Rede Globo, como da RBS (sucursal da empresa de comunicação do Rio de Janeiro no sul do país), para abafar os escândalos de corrupção que cercavam os processos de privatização implementados pelos governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Antônio Britto (ex-PMDB).
 
Do uso do Fundo PREVI, pertencente a funcionários do Banco do Brasil, na compra das empresas de Telecomunicação, das denúncias gravadas de compra de votos para aprovar a emenda da reeleição, passando pela vergonhosa venda do Companhia Vale do Rio Doce por parcos R$ 3,5 bilhões, quando a empresa era estimada em mais de R$ 90 bilhões, a “Vênus Platinada”, apelido dado à Globo, sempre tinha uma forma de justificar ou abafar os escândalos através do uso de outros fatos, ou do abrandamento dos casos.
 
Tais processos sumiram do mapa de notícias com a mesma velocidade do atual escândalo do Metrô de São Paulo, numa verdadeira operação de “abafa”. Situação semelhante à que observada na crise da SABESP de Alckmin (PSDB), na falta de pagamento de servidores do Paraná, administrada por Beto Richa (PSDB), e nas sucessivas trapalhadas de José Ivo Sartori (PMDB).
 
As crises da USP, da UNICAMP e da UNESP, ao mesmo tempo, em 2014, foram transformadas em má gestão dos Reitores, como se o corte de verbas pelo Governo de Alckmin (PSDB) não tivesse peso algum.
 
Tudo isso, somado à impiedosa atuação do “Engavetador Geral da República”, facilitaram bastante a atuação do “Tucanato”, entre 1994 e 2002, na Esplanada e no Planalto. Não contavam, entretanto, que em 2002, com uma taxa de desemprego batendo a casa dos 15%, com uma inflação anual de 2 dígitos, e com uma taxa SELIC de 45%, a simples manipulação de informação fosse insuficiente para evitar a derrota eleitoral para o Partido dos Trabalhadores.
 
Pois passado o período do Tucanato, a Rede Globo e as suas sucursais passaram a utilizar um sistema de 2 pesos e 2 medidas para tratar de casos que envolvem denúncias de corrupção. Sempre que a informação atinge um governo do PSDB ou do DEM, a palavra “esquema” é antecedida de “suposto”.  Se aparecer o nome de algum filiado do PT, por menor importância política que o mesmo tenha, a palavra “suposto” nunca é utilizada, desaparece por completo e, “esquema” passa a ser seguida pela palavra “quadrilha”.
 
O resultado é uma onda de desinformação sem tamanho que, associada à uma boataria sem fundamento real e a uma série de preconceitos de praxe e de classe, acaba resultando em um movimento heterodoxo, confuso e contraditório chamado “antipetismo”.
 
O “antipetismo” é a fina flor do comportamento reacionário que condena a política, e que coloca os quase 2 milhões de filiados ao PT no mesmo saco de políticos condenados judicialmente, alguns em processos conduzidos de forma absolutamente questionável.
 
O último capítulo da manipulação de informações promovida pela Rede Globo e por suas sucursais é a operação Lava-Jato. É evidente que o PP, pelo número de parlamentares envolvidos, e o PMDB, pela presença de caciques como Eduardo Cunha, Renan Calheiros e Edison Lobão na lista do Dr. Janot são os partidos mais afetados.
 
Mas ninguém diz, por exemplo, que toda a bancada do PP gaúcho, e Eduardo Cunha (PMDB), são ativos representantes da oposição ao Governo Federal e apoiadores do tucanato.
 
Além disso, o PSDB não passou incólume das investigações que ainda estão na fase inicial, e começam a ser interligadas com o escândalo de FURNAS, durante o mandato de FHC, e que foram abafadas pela mídia oligopolista. Antônio Anastasia, Governador de Minas Gerais até dezembro de 2014, e Senador Eleito pelo referido Estado, é um dos nomes investigado pelo Ministério Público.
 
Mais do que isto, Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência da República em 2014, só não entrou na lista pelo trabalho falho do inquérito policial, tanto que o processo foi arquivado temporariamente, mas com ressalva de reabertura, conforme súmula 524-STF.
 
Aliás, a Procuradoria Geral da República vai mais adiante, e destaca que os elementos da investigação tratam de processos dissociados, havendo possibilidade de retomada das investigações no caso de FURNAS, ou caso surjam outras provas contra o Senador Mineiro:
 
“Prefacialmente, há se ver que os fatos referidos são totalmente dissociados da investigação central em voga, relacionada à apuração dos fatos que ensejaram notadamente desvios de recursos da Petrobras. A referência que se fez ao Senador AÉCIO NEVES diz com supostos fatos no âmbito da administração de FURNAS. Assim, do que se tem conhecimento, são fatos completamente diversos e dissociados entre si”.
 
Portanto, a ausência de elementos probatórios sobre Aécio Neves no processo da Lava-jato não afasta o mesmo do processo de Furnas, ainda em aberto e, infelizmente, como todos os casos abertos durante a gestão do PSDB, curiosamente andando devagar.
 
A última peça do absurdo foi produzida pela colunista de política do jornal Zero Hora, da RBS, Rosane de Oliveira, ao tratar do “Escândalo Pluripartidário que abalou o PP Gaúcho”, sonega a presença do PSDB (disponível em:  http://wp.clicrbs.com.br/rosanedeoliveira/?topo=13,1,1,,,13). Não há nenhuma linha sobre Antônio Anastasia, muito menos tratando de Aécio Neves.
 
Ou seja, nas listas de escândalos de corrupção da Rede Globo e das suas sucursais sempre é feito o possível para sonegar os nomes ligados ao PSDB e ao DEM, num absurdo jogo de 2 pesos e 2 medidas, típica estratégia de manipulação de informação.
 
Publicado em 8 de março de 2015
 
 
 
Sandro Ari Andrade de Miranda, advogado, mestre em ciências sociais.
 
https://sustentabilidadeedemocracia.wordpress.com/

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