O mundo pelo avesso "Adeus Seattle?"
30/09/2001
- Opinión
Não foi preciso esperar muito para que aparecesse a tentativa
expressa da criminalização dos movimentos de luta contra a
globalização liberal. Em um ou outro artigo já se havia mencionado a
suposta convergência politica objetiva entre essas manifestações e os
atentados terroristas contra os EUA no dia 11 deste mes. Até que o
Wal Street Journal se dispôs a fazer esta semana seu editorial com o
nome "Adeus Seattle?", tratando de qualificar os manifestantes como
violentos e opositores à democracia, além de adversários frontais dos
Estados Unidos, os que os colocaria no mesmo bando que Osama Bin
Laden e os autores dos atentatos.
A criminalização dos movimentos sociais faz parte da ideologia
totalitária que os fundamentalistas de mercado tentam impor a ferro e
fogo - valendo-se inclusive do monopólio que detentam dos grandes
meios de comunicação, com suas coberturas mentirosas sobre as
manifestações populares, mas também com a repressão dos governos - às
nossas sociedades. Eles passaram a encontrar um grande adversário
justamente nas manifestações que colocam uma alterntiva aos dois
fundamentalismos - ao religioso e ao de mercado. Não por acaso logo
depois da Fórum Social Mundial de Porto Alegre realizado este ano,
FHC se manifestou incômodo diante da polarização Davos/Porto Alegre,
que os coloca no seu devido lugar - no lado do capital especulativo
liderado pelo FMI, pelo BM, pela OMC e pelo G8, com o governo norte-
americano na cabeça.
Porque o movimento por uma outra globalizaçào, por um outro mundo,
solidário, humanista, pacífico, é o que desloca o adversário que os
governos ocidentais e seus ventrílocos adoram - os fundamentalistas
religiosos - para que possam fazer pasasr a idéia que a oposição não
é entre capitalismo e anti-capitalismo, mas entre "civilização e
barbárie".
Quem quer sair da polarização demente entre o militarismo norte-
americano e o desvairio religioso, tem no movimento por uma outra
globalização seu espaço. No Fórum Social Mundial que voltará a
realizar-se no próximo ano - de 31/1 a 5/2 - em Porto Alegre, se
realizará, entre outros, o Fórum "Um mundo se guerras é possível",
onde se apresentará, a cada dia, propostas concretas e interlocutores
válidos para chegar a processos de paz justos e duradouros em
conflitos bélicos como os do Oriente Médio, da Colômbia, do país
vasco, da Cachemira, de Chiapas. Além de apresentar as condições
gerais de um mundo sem geurras: fim da indústria bélica e canalização
desses recursos para o desenvolvimento econômico e social dos países
com maiores necessidades no mundo, combate ao comércio clandestino de
armamentos e, nesse marco, fim dos paraísos fiscais, democratização
das Nações Unidas.
Quem quer um mundo de paz e de justiça, não se alinha nem com o
terrorismo religioso, nem com o terrorismo de Estado, nem com Bin
Laden, nem com Bush. Desloca essa falsa opção - ambos são agentes de
guerra, de repressão e de injustiça - e participa da criação de um
outro mundo - de justiça e de paz.
https://www.alainet.org/pt/articulo/105346
Del mismo autor
- Hay que derrotar políticamente a los militares brasileños 07/04/2022
- China y Trump se fortalecen 04/03/2022
- Pandemia e Ucrânia aceleram decadência da hegemonia norte-americana no mundo 28/02/2022
- Pandemia y Ucrania aceleran la decadencia de la hegemonía norteamericana en el mundo 28/02/2022
- La anti-política generó la fuerza de extrema derecha 22/02/2022
- Las responsabilidades del PT 10/02/2022
- Estados Unidos, más aislado que nunca en América Latina 03/02/2022
- Memoria y olvido en Brasil 27/01/2022
- 2022: tiempos decisivos para Brasil y Colombia 05/01/2022
- Brasil: una historia hecha de pactos de élite 18/12/2021
Clasificado en
Guerra y Paz
- Prabir Purkayastha 08/04/2022
- Prabir Purkayastha 08/04/2022
- Adolfo Pérez Esquivel 06/04/2022
- Adolfo Pérez Esquivel 05/04/2022
- Vijay Prashad 04/04/2022