Voluntariado educativo, uma revolução silenciosa

07/08/2003
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Há quem diga que vivemos num mundo sem utopias. Triste engano. Há muito o que fazer para melhorar a qualidade de vida no nosso planeta, no nosso país e na nossa cidade. O voluntariado é, com toda certeza, uma utopia contemporânea possível, capaz de receber de braços abertos o impulso de transformação de todos nós, principalmente dos mais jovens, sempre tão ávidos e idealistas, com muita vontade de participar do processo histórico que vivemos. Muito se fala hoje sobre a responsabilidade social das empresas e os programas de voluntariado empresarial. Poucos sabem, porém, da revolução silenciosa que vem ocorrendo em nossas escolas públicas e particulares: o voluntariado educativo. Mas, por que voluntariado educativo? A exemplo do que já ocorre em muitos países, cada vez mais professores e gestores brasileiros descobrem no voluntariado educativo uma motivação para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem. O voluntariado educativo complementa o trabalho do professor em sala de aula com elementos enriquecedores para o tratamento de temas transversais e uso da metodologia de projetos. A preocupação fundamental do voluntariado educativo não é centrada no serviço a ser prestado pelo aluno, mas sim na formação desse jovem, tanto pelo desempenho de sua atividade voluntária, quanto pelo desenvolvimento articulado dos saberes escolares. Ao aderir a essa idéia, a escola formula seus próprios projetos, introduzindo os conceitos e a prática do voluntariado educativo em sua proposta pedagógica. Sem desvirtuar as funções essenciais de formação e construção do conhecimento, o voluntariado educativo exerce na escola uma função catalisadora e estimuladora para o jovem estudante, preparando-o para a participação social e política. O conhecimento escolar passa a ser valorizado pelo estudante e pela comunidade, reforçando o papel primordial da escola. É preciso estimular cada vez mais o crescimento do voluntariado entre os jovens no Brasil. É preciso criar canais para receber toda essa energia transformadora da juventude. É preciso produzir material teórico para respaldar as iniciativas desses jovens solidários, divulgar os trabalhos desenvolvidos por eles, que estão abrindo novos caminhos para atenuar a exclusão social no país. Idealizado pelo Faça Parte - Instituto Brasil Voluntário, o programa Jovem Voluntário Escola Solidária foi criado no ano passado justamente com este propósito: difundir nas escolas a consciência da responsabilidade social que todos nós precisamos ter. O jovem precisa ser preparado para ter uma visão mais ampla do país e do mundo em que ele vive. Para que isso aconteça, é fundamental despertá-lo para suas responsabilidades sociais, para o seu papel como cidadão, num mundo cada vez mais marcado pelo individualismo. As atividades ou projetos de voluntariado realizadas pelos alunos, sob orientação da escola, permitem que eles atuem como agentes de transformação da realidade, contribuindo para o despertar do protagonismo do jovem e de suas habilidades empreendedoras. O voluntariado educativo valoriza o papel da escola, propiciando o exercício da convivência democrática. Seguramente, essa mobilização somente ocorre quando se faz presente a liderança eficaz da direção e dos professores da escola. Mais eficaz ainda, passa a ser a ação do jovem, quando conta também com o apoio e incentivo da comunidade local. O programa Jovem Voluntário Escola Solidária, lançado em vários estados brasileiros, é um dos canais que podem receber o idealismo e a vontade dos jovens de mudar o mundo. As Escolas Solidárias formam não apenas profissionais, mas principalmente cidadãos responsáveis, atuantes em causas sociais. O programa Jovem Voluntário Escola Solidária é uma utopia possível e viável. Basta participar e difundir. São parceiros deste projeto o Ministério da Educação (MEC), o Conselho Nacional de Secretários de Educação (CONSED), a União dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). O programa conta, ainda, com o apoio de empresas, organizações sociais e agências de publicidade e comunicação. O poder desta aliança é a força mobilizadora de ações para promover a melhoria da qualidade do ensino e das condições de vida de toda a população. Faça Parte! Utopia se faz aqui e agora, com trabalho, solidariedade e muita responsabilidade social. Utopia, nos dias de hoje, é sinônimo de Voluntariado. E o voluntariado brasileiro já é uma realidade. * Milú Villela Presidente do Faça Parte - Instituto Brasil Voluntário
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