Lula e Portinari na ONU

15/09/2003
  • Español
  • English
  • Français
  • Deutsch
  • Português
  • Opinión
-A +A
Lula vai abrir - como é de costume que o presidente do Brasil o faça - a Assembléia Geral da ONU. Mas esta é uma abertura especial, por vários motivos. O primeiro é o fato de ser a primeira Assembléia depois que os governos dos EUA e da Grã Bretanha desconheceram a organização, decretaram guerra ao Iraque, o agrediram, ocuparam o país e tratam de governa- lo. O segundo é o prestígio de Lula, como mandatário e a possibilidade de expressar no seu discurso as necessidades e a palavra do Sul do mundo – 85% da população mundial, que reparte pessimamente 15% da riqueza mundial. Assim, os temas essenciais do mundo na entrada do novo século – a miséria e a guerra – estarão obrigatoriamente presentes. Havia a proposta de que o discurso de Lula fosse acompanhado da inauguração da exposição de todos os estudos de Cândido Portinari sobre a guerra e a paz – cujos murais estão permanentemente na ONU, por ocasião do centenário do nascimento do nosso maior pintor. Os norte-americanos criaram todas as dificuldades possíveis – sempre em nome das instrumentalizáveis normas de segurança -, até o ponto de inviabilizar a exposição e até mesmo a alternativa – uma exposição dos quadros num telão, enquanto Lula fale. Mas os temas de Portinari – a miséria e a guerra - estarão presentes, assim como estão presentes diariamente no nosso mundo. Impossível não reiterar como a globalização neoliberal multiplicou, ao invés de diminuir, a miséria no mundo. Impossível não enfatizar que as soluções bélicas aumentaram a violência e a insegurança no mundo, ao invés de diminui-las. O Brasil encontrará outras formas de comemorar o centenário de Portinari, da mesma forma que o mundo encontrará as formas de combater a miséria e a guerra, independentemente e contra a hegemonia neoliberal e belicista atualmente vigentes no mundo.
https://www.alainet.org/pt/articulo/108380
Subscrever America Latina en Movimiento - RSS