Qual FSM?
21/01/2004
- Opinión
O debate a respeito dos rumos do Fórum Social Mundial esquentou e ao
contrário das outras edições, quando as divergências ficavam para
reuniões reservadas, agora (e talvez isso seja positivo) estão sendo
debatidas em público. Hoje em uma das principais conferências da
manhã, Neoliberalismo e Guerra e a Importância do FSM, ficou
evidente que há pelo menos duas tendências bem distintas. Uma que
defende a manutenção da fórmula atual do evento e outra que sustenta
que o Fórum precisa ter mecanismos que resultem em propostas e ações
a serem apresentadas à sociedade.
O brasileiro Francisco Whitaker, membro da Comissão de Justiça e Paz
e do Comitê Internacional do FSM, defende que o Fórum continue como
está e até usou a máxima brasileira de que em time que está ganhando
não se mexe. Na sua opinião, o Fórum existe para ampliar a rede de
organizações não-governamentais e debater idéias. Whitaker sustenta
que essa rede vem se ampliando muito desde o primeiro FSM e que o
desafio de expandir ainda mais deve ser o principal objetivo. Para
ele, as pessoas que defendem alterações no formato não se deram
conta de que o Fórum veio para mudar a cultura política e não se
pode repetir fórmulas da antiga política, onde há hierarquias e
longos debates com votações.
O argentino Roberto Savio, da IPS, já entende que depois de quatro
anos o FSM precisa reavaliar os seus mecanismos estruturais para não
ficar discutindo sempre as mesmas coisas sem avançar em nada.
"Tivemos quase duas mil oficinas aqui e o que você e eu sabemos
delas?", provocou. Savio entende que o FSM tem de fazer propostas
para a sociedade e dá como exemplo a criação de um código de ética
para os veículos de comunicação. "Poderíamos fazer um grande debate
com as pessoas da área e construir um código que seria apresentado
aos veículos de mídia do mundo inteiro", sustenta. O professor
Boaventura de Sousa Santos também defende reformulações no Fórum
para que ele seja mais deliberativo e chegou a sugerir plebiscitos
pela internet em relação a algumas propostas. Nos próximos dias 22 e
23 o Conselho Internacional do FSM se reúne para discutir também
essas questões.
* Renato Rovai, Revista Fórum
https://www.alainet.org/pt/articulo/109209
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