Davos é vitrine de um supermercado que já faliu
21/01/2004
- Opinión
O Fórum Econômico Mundial tenta sobreviver a si mesmo. Seu momento
de glória teve como cenário o ciclo de expansão da economia norte-
americano na segunda metade dos anos 90 do século passado, quando as
grandes corporações e o sistema financeiro internacionalizado
parecia reinar soberanamente no mundo. Bill Gates e Soros,
McDonald's e Nike – foram alguns dos símbolos maiores daqueles
tempos terminados.
O fim desse ciclo expansivo fez de Davos uma vitrine de um
supermercado que já faliu. Tentou adequar-se aos novos tempos – de
recessão e de guerra -, realizando-se em 2002 em Nova York, para
tentar pegar uma carona no clima posterior aos atentados de setembro
de 2001. Não funcionou.
Tentou e segue tentando diversificar seu cardápio: incorporar temas
sociais e buscar cooptar ONGs, como faz o Banco Mundial, assim como
tenta agora discutir temas como o Oriente Médio.
Davos foi derrotado, antes de tudo pelo desencontro de suas teses
com a realidade – privilégio do econômico-financeiro sobre o resto,
promoção dos milionários do mundo a agentes e donos legítimos do
mundo. Mas foi derrotado também cm o surgimento do Fórum Social
Mundial de Porto Alegre. Este demonstrou que os temas fundamentais
para a humanidade são discutidos ali, sob a ótica do privilégio do
social e não em Davos, com seu enfoque econômico-financeiro. Ficou
claro que à frieza da cidade suíça povoada por milionários, cercada
por milhares de policiais, prevalece a imagem alegre das multidões
que acorrem aos Foros Sociais. Ficou claro que o pensamento crítico
e independente está em Porto Alegre e não em Davos
Aqueles mesmos que haviam promovido Davos, já há alguns anos
abandonaram a estação de esqui suíça. Já no ano passado, nenhum
mandatário europeu – embora estejam a dezenas de minutos de avião de
Davos – compareceu, o que se repete este ano. A imprensa econômica
tenta encontrar algum interesse, tentando aquecer a temperatura de
menos zero, sem que nada de interessante ocorra em Davos. Uma
vitrine de um supermercado que já faliu.
https://www.alainet.org/pt/articulo/109231
Del mismo autor
- Hay que derrotar políticamente a los militares brasileños 07/04/2022
- China y Trump se fortalecen 04/03/2022
- Pandemia e Ucrânia aceleram decadência da hegemonia norte-americana no mundo 28/02/2022
- Pandemia y Ucrania aceleran la decadencia de la hegemonía norteamericana en el mundo 28/02/2022
- La anti-política generó la fuerza de extrema derecha 22/02/2022
- Las responsabilidades del PT 10/02/2022
- Estados Unidos, más aislado que nunca en América Latina 03/02/2022
- Memoria y olvido en Brasil 27/01/2022
- 2022: tiempos decisivos para Brasil y Colombia 05/01/2022
- Brasil: una historia hecha de pactos de élite 18/12/2021