IV Conferencia Internacional de Vía Campesina

Jovens do mundo debatem Direitos Humanos, Reforma agrária e soberania alimentar

12/06/2004
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A energia e a alegria própria da juventude foi marcante também no segundo dia da I Assembléia Mundial de Jovens Camponeses que acontece em São Paulo, Brasil, desde ontem (12). As preocupações, os sonhos e o engajamento dos jovens que representam mais de cem organizações e movimentos camponeses, rurais e indígenas que se compõe a Via campesina são aspectos que apareceram no contexto dos painéis temáticos discutidos hoje. Os painés seguiram os temas da juventude e direitos humanos, reforma agrária, soberania alimentar, comunicação alternativa, formação juvenil e mobilização e resistência. Cada um deles foi exposto por uma região que trazia a experiência vivenciada, como por exemplo o processo de formação aplicado pelo MST no Curso do Cone Sul apontando as temáticas, a metodologia e a riqueza que este curso apresenta pelo fato de congregar pessoas de outros países do continente americano que vivem realidade diferentes. Neste sentido, a troca de experiência entre os continentes foi muito rica e um espaço de renovar a esperança na construção de um mundo novo, a partir da perspectiva juvenil. Esta Assembléia precede a IV Conferência Intrnacioanl da Via Campesina que vai abordar os temas da terra, trabalho e soberania alimentar, temas que os jovens também aprofundaram, Nicolas Supiot, da França, começou sua explanação dizendo que a primeira condição para os países recuperarem sua soberania alimentar é terem o poder sobre as sementes. Em seu depoimento, Supiot denunciou que os camponeses franceses estão sofrendo um grande boicote pelas empresas que controlam a tecnologia das sementes, são obrigados a usar as sementes híbridas, entendidas pelo painelista como sementes do mercado, e quem insiste em usar as sementes crioulas é discriminado e considerado ilegal pela lei francesa. Supiot continua dizendo que os camponeses sofrem repressão e que inclusive existe uma polícia especializada na busca aos plantadores da chamada semente ilegal. Yolanda Areas, da Nicarágua, explanou sobre a Reforma Agrária dizendo que o que se vive em seu país é semelhante ao que acontece com outros países como o Brasil, por exemplo. Para ela, a Reforma Agrária feita pelos governos é uma reforma ditada e pelo modelo capitalista, onde os grandes fazendeiros colocam a venda suas piores terras por preços muito altos. Areas conclui afirmando que o modelo de Reforma Agrária aplicado hoje pelos governos é forjado pelo Banco Mundial que diz que a Reforma Agrária deve ser feita conforme as leis do mercado. O painel sobre juventude e direitos humanos, exposto por Wahidjan, da Indonésia, também fez uma denúncia sobre a situação que vive hoje a juventude de seu país e de toda a Ásia. Segundo ele, a perda de valores, de costumes da vida comunitária e familiar é uma consequência da atrocidade com que o capitalismo entra nas comunidades rurais. A cultura é diretamente afetada e principalmente a cultura camponesa, onde inclusive o direito ao acesso a terra é negado e impossibilitado por falta de política agrária e também porque as terras que eram dos camponeses hoje estão nas mãos de grande empresas multinacionais dos Estados Unidos da América e do Japão. Wahidjan denuncia também que os jovens que lutam nas organizações contra o sistema imposto são reprimidos com muita violência. Ele conta que nos últimos tempos dez jovens já foram assassinados. Além de todas as discuções levantadas nas temáticas, a Assembléia Mundial dos Jovens Camponeses propõe ações apartir do ponto de vista dos jovens e isso vem de encontro à proposta da Via Campesina que é de ser um movimento de ação social e política que tem aspirações de transformar a realidade atual, para melhorar a vida de milhões de camponeses e indígenas pobres, de trabalhadores rurais e pequenos agricultores e entre eles, a juventude.
https://www.alainet.org/pt/articulo/110170
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