São as eleições, imbecil!
29/06/2004
- Opinión
Que ninguém procure deduzir a entrega formal da presidência a um
iraquiano escolhido pelos EUA – antecipada em 48 horas para não
ser apagada por atentados programados para o dia 30 – como
resultado da normalização do país. Nunca a situação interna
esteve tão fora de controlo – como a estatística de ações
opositoras e vítimas de atentados o demonstra -, nunca a
situação econômica esteve tão comprometida – com a exportação de
petróleo bloqueada pelos atentados às instalações petrolíferas.
Então por que, justamente em um momento assim, o interventor
norte-americano se retira e faz entrega da suposta soberania a
um iraquiano? Simplesmente porque todos os comportamentos do
governo Bush, desde o ano passado, têm que ser vistos na ótica
do calendário eleitoral norte-americano, do monitoramento do
comportamento do eleitorado – em particular daquele situado nos
pouquíssimos estados onde se decidirá a eleição presidencial de
novembro deste ano.
A fixação da data de 30 de junho faz parte do calendário
eleitoral do Partido Republicano e não do destino dos iraquianos
e do Iraque como país. Foi fixada em uma semana de dezembro do
ano passado, quando se sucederam vários atentados a instalações
das tropas de ocupação e inclusive das Nações Unidas, para
reforçar – no estilo texano – que os indomáveis norte-americanos
não se vergam diante das dificuldades e mantêm sua vontade
original de levar adiante o processo de "normalização" da
ocupação do país.
Daí que a primeira medida, definida previamente pelas forças de
ocupação, é que o novo "governo" "solicite" a essas forças –
única sustentação desse "governo" - que continuem no país, sem o
que eles mesmos não existiriam, nem como governo, nem como seres
vivos.
Da mesma forma que a convenção do Partido Republicano para
confirmar a candidatura de Bush à reeleição se fará em Nova York
no dia 11 de setembro – com bombeiros e as famílias das vítimas
que ainda se dispuserem a participar da pantomima. Tudo
premeditadamente programado pelo marketing da campanha de Bush à
reeleição.
Então nada de outras discussões que não possam ser respondidas
por esta afirmação: São, as eleições, estúpido! O resto, que se
dane, contanto que as firmas ligadas a Dick Cheney possam seguir
"reconstruindo" o Iraque. Que as outras corporações continuem
dividindo o governo da maior potencia do mundo. Que se dane o
povo do Iraque, contanto que Bush ganhe as eleições de novembro
e que seu racho continue a receber a visita da imprensa
internacional para ver o caubói texano exibir sua truculência e
sua ignorância como características do governante da época da
"guerras infinitas".
https://www.alainet.org/pt/articulo/110192
Del mismo autor
- Hay que derrotar políticamente a los militares brasileños 07/04/2022
- China y Trump se fortalecen 04/03/2022
- Pandemia e Ucrânia aceleram decadência da hegemonia norte-americana no mundo 28/02/2022
- Pandemia y Ucrania aceleran la decadencia de la hegemonía norteamericana en el mundo 28/02/2022
- La anti-política generó la fuerza de extrema derecha 22/02/2022
- Las responsabilidades del PT 10/02/2022
- Estados Unidos, más aislado que nunca en América Latina 03/02/2022
- Memoria y olvido en Brasil 27/01/2022
- 2022: tiempos decisivos para Brasil y Colombia 05/01/2022
- Brasil: una historia hecha de pactos de élite 18/12/2021