Travessias na De$ordem Global
27/01/2005
- Opinión
Seminário identificou as potencialidades e os limites dos migrantes paradenunciar, resistir e buscar soluções para os problemas da atualidade
Um grande público participou neste 27/01, às 9h do Seminário Travessias na De$ordem Global, organizado pelo Serviço Pastoral dos Migrantes, Grito dos Excluídos e demais parceiros do meio acadêmico e popular. O seminário apresentou e debateu as discussões do I Fórum Social das Migrações, atividade que antecedeu a 5ª edição do FSM.
A mesa, coordenada por Dom Demétrio Valentini, Bispo de Jales/SP e presidente nacional do Serviço Pastoral dos Migrantes, foi composta por Dieter Haidmann, chefe do Depto. De Geografia da USP, Mónica Santana, coordenadora do Centro dos Trabalhadores Latinos dos Estados Unidos e Robert Kurz, da Revista Exit!, Alemanha.
Dieter fez breve relato das discussões do I Fórum Social das Migrações que problematizou o fato de que as migrações é uma das realidades que mais evidencia a crise atual, por isso precisa sempre ser aprofundada a sua discussão. A crise sobre a sociedade moderna, a super-exploração do trabalho, a crise do trabalho capitalista, a crise do modelo civilizatório (ética), migração e dívida externa, migração e tráfico de pessoas (prostituição infantil), trabalho temporário permanente e escravidão, migração e políticas públicas (legislação para estrangeiros, gestão migratória, indocumentados), migração e integração de culturas sem anulação e assimilação foram temas amplamente discutidos.
Mônica Santana que abordou a situação dos migrantes latinos nos EUA enfocou os mecanismos de exploração utilizados sobre os migrantes. Discriminados mas necessários, lutam pela legalização. Atualmente possuem uma jornada de trabalho que chega até a 78 horas semanais.
Robert Kurz destacou dois fenômenos principais da contemporaneidade: as guerras e as migrações. O homem em si não tem tendências bélicas ou migratórias. A análise deve partir de uma reflexão sobre os fundamentos de sociedade produtora de mercadorias e sobre o processo de um capitalismo global. É a lógica do capital e da valorização do capital que subordina toda a estrutura social. Nessa lógica universal trabalho abstrato produz riquezas abstratas. Kurz, analisando a história e as causas da migração global, diferencia duas fases: a fase da imposição da modernidade e a fase da crise fundamental do sistema.
Tanto o seminário realizado no 5º FSM como o I Fórum Social das Migrações sinalizaram a necessidade de continuidade deste processo de discussão visando aprofundar as discussões e práticas junto aos migrantes, identificando as potencialidades e limites dos migrantes nas práticas de denúncia, anúncio, resistência e soluções de seus problemas.
Por uma nova cidadania universal, pelo fim do tráfego de seres humanos. É necessário reconhecer a necessidade de unir forças, de criar e reforças movimentos associativos e de formar redes de estudo de migrações, de apoio aos migrantes e refugiados e de uma divulgação correta na mídia para uma maior sensibilidade da sociedade.
* Luciane Udovic e Luiz Bassegio / Minga Informativa / Grito dos Excluídos
https://www.alainet.org/pt/articulo/111252
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