Movimentos marcham contra Gutiérrez
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Com gritos de “Fora Lucio”, cerca de 200 mil pessoas ocuparam as ruas centrais de Quito, no Equador, dia 16 de fevereiro, em protesto contra as veleidades ditatoriais do presidente Lucio Gutiérrez. A mobilização foi convocada pela Assembléia de Quito, presidida pelo prefeito da capital, Paco Moncayo, e recebeu a adesão de um amplo leque de forças políticas.
Uniram-se desde as câmaras empresariais até sindicatos, organizações não-governamentais e organizações de bairro, passando pelo partido Esquerda Democrática, de tendência socialdemocrata, e o movimento Pachakutik.
A marcha, caracterizada pela massiva participação popular e pela indignação da população, se assemelhou às grandes mobilizações que culminaram com as quedas de Abdala Bucaram, em 1997, e de Jamil Mahuad, no começo do ano 2000. Para tentar inibir a manifestação, o governo organizou, no mesmo dia e no mesma hora, uma concentração – inicialmente convocada como “contra- marcha” – na Praça da Independência, sede do governo, a apenas 100 metros da concentração popular. Compareceram cerca de 10 mil pessoas.
Setores de oposição denunciaram que Gutiérrez utilizou toda a máquina governamental e recursos do Estado para mobilizar indígenas e moradores da periferia, com a promessa de inclui-los em programas de habitação popular, além de pagar uma ajuda de custo, alimentação e transporte.
Plataforma de lutas
Segundo os organizadores da marcha cidadã, a mobilização não foi pela saída de Gutiérrez, e sim para exigir retificações do governo e pela reinstauração da democracia no país. Os movimentos sociais, entretanto, participaram com outros objetivos. Humberto Cholango, da Ecuarunari, principal organização da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), disse que a marcha tinha como objetivo “rechaçar o Tratado de Livre Comércio (TLC), o Plano Colômbia, o intervencionismo estadunidense, a ação ditatorial que o governo de Gutiérrez quer implementar no país, contra a sociedade equatoriana”.
A manifestação aconteceu em meio a uma profunda crise política que sacode o Equador, desde que uma maioria legislativa reorganizou a Corte Suprema de Justiça, o Tribunal Supremo Eleitoral e o Tribunal Constitucional. A Conaie, que apoiou mas não participou da marcha de Quito, anunciou que, desde dia 16, iniciou mobilizações pelo Equador plurinacional, com uma agenda que aglutine os setores empobrecidos do país e que tenha como o objetivos impedir a assinatura do TLC com os Estados Unidos, rechaçar o Plano Colômbia, o endividamento e a privatização do patrimônio nacional. Contra o TLC No Equador, o movimento de repúdio ao TLC cresce a cada dia e a possibilidade de uma consulta popular não é descartada.
Alguns partidos políticos e organizações estão em campanha por um maior debate com a sociedade sobre o acordo. Agrupações iniciaram uma campanha nacional para recolher assinaturas no intuito de convocar um referendo nacional contra a assinatura do TLC com Estados Unidos. A campanha se chama “Equador Decide”. O objetivo é recolher 700 mil assinaturas para obrigar o governo do presidente Lucio Gutiérrez a convocar uma consulta popular. Uma pesquisa da Universidade Central revelou que 77,3% dos equatorianos são a favor da consulta. (Brasil de Fato)
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