O direito à alimentação
26/02/2007
- Opinión
Sélingué (Mali)
Movimentos sociais dos cinco continentes defendem, em Fórum Mundial pela Soberania Alimentar realizado no Mali (África), que a produção agrícola seja tratada não como mercadoria, mas sim como um direito humano
A mensagem que os 600 delegados de movimentos sociais de todo o mundo mandaram durante o Fórum Mundial pela Soberania Alimentar foi clara: é preciso dar um basta às políticas neoliberais para a produção agrícola mundial, barrando as ações das transnacionais na produção de alimentos. "O maior inimigo da soberania alimentar é o neoliberalismo, um modelo ideológico capitalista que destrói as economias locais, privatiza os recursos naturais e globaliza o comércio, colocando todas as economias locais nas mãos das transnacionais", disse Paul Nicholson, representante da Via Campesina no País Basco, em entrevista ao Brasil de Fato.
Como alternativa, as organizações sociais propõem o modelo da soberania alimentar, no qual a alimentação nao é vista como uma forma de obter lucro, mas como um direito humano. "Antes de tudo, é um direito político, um direito dos povos de definirem suas políticas alimentares e agrícolas", resume Nicholson.
Respeito à natureza
O encontro ocorreu entre os dias 23 e 27 de fevereiro na pequena cidade rural de Selingue, localizada a cerca de duas horas da capital do Mali, Bamako. Na aberura, agricultores, pescadores, camponeses, pastoralistas, indígenas e ativistas deram seus depoimentos. "Todos nós somos produtores de alimentos e as coisas que produzimos com nossas mãos revelam uma história de amor e respeito à natureza. Agora, temos que construir um movimento global com pessoas que produzem com suas mãos e seus corações", declarou o pescador estadunidense Jeremy Fisher, da Federação dos Pescadores da Costa Oeste (PCFAA).
O palestino Alidarwish Greenline também falou sobre a situação de seu povo. "Há 15 anos, 50% dos palestinos foram expulsos de suas terras, e suas casas e pertences foram queimados. Desde 2002, Israel tem feito um grande esforço para expulsar os outros 50% que restaram. Quando tiram os palestinos de suas terras, destroem tudo para que não voltem. E quando os palestinos respondem a isso, são chamados de terroristas", protestou.
Objetivos
Além de buscar articular e integrar movimentos sociais, estabelecendo alianças estratégicas, Nicholson explica que, diferentemente do Fórum Social Mundial, os participantes do Forum pela Soberania Alimentar – batizado de Nyeleni – tem como objetivo definir uma agenda de mobilizações em todos os continentes.
"Desde 1995 e 1996 começamos a desenvolver esse princípio, não só de forma conceitual, mas também por meio de uma estratégia de ação, tanto camponesas como com outros movimentos sociais. Em Nyeleni, temos uma visão de longo prazo, de novos horizontes, de construir objetivos e agenda de ação política para os anos seguintes. Aqui somos mais específicos, elaborando uma agenda política", explica Nicholson.
A metodologia do evento reuniu pequenos grupos de discussão divididos em sete temas: as políticas do comércio internacional e os mercados locais, conhecimento local e tecnologias, acesso e controle sobre os recursos naturais, o compartilhamento de recursos e direitos dos pescadores, conflitos e desastres, condições sociais e migração forçada e, por fim, modelos de produção. Todos os foram discutidos levando-se em conta três questões básicas: pelo o que lutamos? Contra quem lutamos e o que podemos fazer a respeito?
- Dafne Melo / Brasil de Fato / Minga Informativa
Movimentos sociais dos cinco continentes defendem, em Fórum Mundial pela Soberania Alimentar realizado no Mali (África), que a produção agrícola seja tratada não como mercadoria, mas sim como um direito humano
A mensagem que os 600 delegados de movimentos sociais de todo o mundo mandaram durante o Fórum Mundial pela Soberania Alimentar foi clara: é preciso dar um basta às políticas neoliberais para a produção agrícola mundial, barrando as ações das transnacionais na produção de alimentos. "O maior inimigo da soberania alimentar é o neoliberalismo, um modelo ideológico capitalista que destrói as economias locais, privatiza os recursos naturais e globaliza o comércio, colocando todas as economias locais nas mãos das transnacionais", disse Paul Nicholson, representante da Via Campesina no País Basco, em entrevista ao Brasil de Fato.
Como alternativa, as organizações sociais propõem o modelo da soberania alimentar, no qual a alimentação nao é vista como uma forma de obter lucro, mas como um direito humano. "Antes de tudo, é um direito político, um direito dos povos de definirem suas políticas alimentares e agrícolas", resume Nicholson.
Respeito à natureza
O encontro ocorreu entre os dias 23 e 27 de fevereiro na pequena cidade rural de Selingue, localizada a cerca de duas horas da capital do Mali, Bamako. Na aberura, agricultores, pescadores, camponeses, pastoralistas, indígenas e ativistas deram seus depoimentos. "Todos nós somos produtores de alimentos e as coisas que produzimos com nossas mãos revelam uma história de amor e respeito à natureza. Agora, temos que construir um movimento global com pessoas que produzem com suas mãos e seus corações", declarou o pescador estadunidense Jeremy Fisher, da Federação dos Pescadores da Costa Oeste (PCFAA).
O palestino Alidarwish Greenline também falou sobre a situação de seu povo. "Há 15 anos, 50% dos palestinos foram expulsos de suas terras, e suas casas e pertences foram queimados. Desde 2002, Israel tem feito um grande esforço para expulsar os outros 50% que restaram. Quando tiram os palestinos de suas terras, destroem tudo para que não voltem. E quando os palestinos respondem a isso, são chamados de terroristas", protestou.
Objetivos
Além de buscar articular e integrar movimentos sociais, estabelecendo alianças estratégicas, Nicholson explica que, diferentemente do Fórum Social Mundial, os participantes do Forum pela Soberania Alimentar – batizado de Nyeleni – tem como objetivo definir uma agenda de mobilizações em todos os continentes.
"Desde 1995 e 1996 começamos a desenvolver esse princípio, não só de forma conceitual, mas também por meio de uma estratégia de ação, tanto camponesas como com outros movimentos sociais. Em Nyeleni, temos uma visão de longo prazo, de novos horizontes, de construir objetivos e agenda de ação política para os anos seguintes. Aqui somos mais específicos, elaborando uma agenda política", explica Nicholson.
A metodologia do evento reuniu pequenos grupos de discussão divididos em sete temas: as políticas do comércio internacional e os mercados locais, conhecimento local e tecnologias, acesso e controle sobre os recursos naturais, o compartilhamento de recursos e direitos dos pescadores, conflitos e desastres, condições sociais e migração forçada e, por fim, modelos de produção. Todos os foram discutidos levando-se em conta três questões básicas: pelo o que lutamos? Contra quem lutamos e o que podemos fazer a respeito?
- Dafne Melo / Brasil de Fato / Minga Informativa
https://www.alainet.org/pt/articulo/119720?language=es
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