Militarização e criminalização: as duas faces do império
11/08/2010
- Opinión
Com a participação de mais de 120 pessoas, realizou-se o seminário “Desenvolvimento, Militarização e Criminalização”, no dia 12, como parte do IV Fórum Social Américas, tendo em vista debater as agressões e ameaças aos direitos humanos no continente.
De várias formas, os EUA tentam garantir sua hegemonia na AL: instalação de bases militares, presença de Quarta Frota Naval, treinamento de tropas, controle das riquezas naturais com a água e os minérios. Tal estratégia se realiza principalmente controlando os pontos estratégicos como as ilhas do Caribe, bem como através das bases militares na Colômbia e a presença no Paraguai.
Segundo Ana Esther Ceceña, do México, especialista no tema, a América Latina é para os EUA a principal base para garantir sua hegemonia econômica, política e militar. AL é sua base para tudo, é o seu principal suporte. Segundo ela: “lhe interessam as imensas riquezas naturais, as jazidas de água e os minérios. É muito importante ser auto-sustentável num momento em que há muitas guerras no mundo”.
A importância do continente aumenta, por que por ele passa um dos principais caminhos para as mercadorias, e para as forças armadas; trata-se do Canal do Panamá. O continente também tem o maior mercado do mundo e é o maior consumidor. Tudo isso faz da AL um lugar muito importante e estratégico. Explora-se o petróleo aqui, para fazer um contraponto ao Oriente Médio. Portanto a AL é o ponto básico sobre o qual se assenta a hegemonia norte-americana. Há toda uma rede de controle dos pontos estratégicos no Caribe, para garantir a maior jazida de petróleo do Continente.
Ainda segundo Ana Esther, um outro ponto estratégico para o controle, é a Colômbia, que tem como missão garantir a implantação na região, as políticas dos EUA. Neste sentido, Israel também cumpre este papel no Oriente Médio.
Mas, é a partir do ano 2000 que avançou ainda mais a tentativa de garantir a hegemonia norte-americana na região. Além do controle nas ilhas do Caribe e da Colômbia, Paraguai é o país que também lhe permite o controle da região, seja pela sua posição geográfica, seja pela riqueza da água e dos minérios. Os EUA, podem, a partir de Colômbia e do Paraguai, atingir em 3 ou 4 horas, qualquer ponto da AL, onde sua presença se faz “necessária”. Outra proposta é a de estender o Plano Colômbia no Paraguai. Justifica-se a presença no Paraguai, pelas supostas operações do Exército Popular Paraguaio, que segundo EEUU, este pequeno grupo “põe em perigo a segurança da região”.
Não se pode entretanto garantir a hegemonia apenas através do controle militar. É a estratégia do convencimento, justificando a presença para combater a criminalidade e dar segurança para a região. Sua presença irá “proteger os povos do continente”... O simples fato de difundir as notícias sobre os supostos perigos que enfrenta a seguridade do continente, para os EUA já justifica as ações e o avanço da militarização.
O cerco se completa através das bases militares no Panamá e no México, com um Plano parecido com o da Colômbia, através da criação de centros de capacitação, grupos de segurança supervisionados pelos EUA. Desta forma, México contribui para implantar as políticas ianques na região. A recente ocupação militar da Costa Rica, com mais de 7 mil marines, barcos e aviões militares, porta-aviões e armamento pesado, reflete as ameaças sobre processos como o bolivariano e o cubano, e o intento dos EUA de garantir por todos os meios o seu controle hegemônico do continente.
No caso do Haiti, a partir do terremoto, o fato permitiu de colocar ali a sede do Comando Sul. Além disto, foi instalada na região a Quarta Frota, móvel, que pode-se deslocar para qualquer região que for necessário.
- Luiz Bassegio, Gerardo Cerdas V. , Grito dos Excluidos/as Continental, Mutirão Informativo dos Movimentos Sociais
https://www.alainet.org/pt/articulo/143349
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