O fenômeno Sarah Palin

11/01/2011
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Ex-governadora do Alasca e estrela do Tea Party aparece como uma das principais cotadas a tentar derrotar Obama nas presidenciais de 2012
 
Nem bem Barack Obama foi eleito o primeiro negro presidente da história dos EUA, já surgiram especulações sobre a seguinte corrida presidencial, a ser realizada em 2012. E, se o atual mandatário estadunidense foi a grande estrela da campanha há dois anos, a principal coadjuvante foi, sem dúvida, a candidata republicana a vice Sarah Palin, que ofuscou até mesmo seu companheiro de chapa, John McCain.
 
Assim, na ocasião, a ex-governadora do Alasca, estado sem expressão na política dos EUA, passou a ser considerada uma das cotadas a tentar derrotar Obama na sua busca pela reeleição. O próprio McCain, no discurso de reconhecimento da derrota, rasgou elogios à colega: “ela é uma nova e impressionante voz de nosso partido para as reformas e os princípios que sempre foram nossa maior força. Todos acompanharemos ansiosos e com grande interesse o seu futuro serviço ao Alasca, ao Partido Republicano e ao nosso país”.
 
A popularidade de Palin entre os mais conservadores só cresceu a partir daí. Em novembro de 2009, ela lançou sua autobiografia Going Rogue: An American Life (Rebelando-se: uma vida estadunidense, em tradução livre), que rapidamente se tornou um dos livros mais vendidos, com mais de 2 milhões de cópias.
 
Em janeiro de 2010, Palin passou a fazer comentários políticos na Fox News, o canal de TV conservador de maior incidência nacional. Dois meses depois, ela se tornou a âncora, em uma emissora de TV a cabo, de seu próprio programa: o Sarah Palin's Alaska.
 
Em novembro do ano passado, a ex-governadora do Alasca lançou seu segundo livro, America by Heart: Reflections on Family, Faith and Flag (América de cor: reflexões sobre família, fé e bandeira). No mesmo mês, confirmou que estava considerando disputar a presidência.
 
Tea Party
 
Não demorou para Sarah Palin se tornar a mais proeminente liderança do Tea Party. Em fevereiro do ano passado, ela foi convidada a fazer o principal discurso da convenção inaugural do movimento em Nashville, no estado de Tennessee.
 
Na ocasião, ela disse que o Tea Party era o futuro da política nos EUA e criticou Obama pelo aumento dos déficits da economia estadunidense e por ser “fraco” na “guerra contra o terrorismo”.
 
Além disso, Palin teve uma participação ativa nas eleições de meio de mandato, realizadas em novembro, endossando diretamente 31 candidatos republicanos e contribuindo significativamente para suas arrecadações de fundos. Segundo alguns analistas, o critério utilizado era o apoio ao Tea Party ou à organização Susan B. Anthony List, que luta contra o aborto. Dessas campanhas, 20 foram vitoriosas, entre candidaturas à Câmara dos Representantes, Senado e governos estaduais.
 
 Chances
 
No entanto, mesmo sendo uma das políticas de maior incidência na mídia estadunidense nos últimos dois anos, muitos analistas não acreditam que ela tenha chance de derrotar Obama em 2012, ou sequer ser indicada candidata pelo Partido Republicano, especialmente por seu perfil excessivamente reacionário.
 
“ Ela é uma forte candidata exclusivamente por causa da mídia que, ao contrário de todas evidências, insiste sem parar em chamá-la de forte candidata. Isso continuará e pode ir se autoalimentando, mas eu ainda aposto contra ela”, diz David Swanson, jornalista e membro do conselho da organização Democratas Progressistas dos Estados Unidos (Progressive Democrats of America).
 
Para o analista político Mark Engler, embora Palin tenha saído fortalecida das eleições de novembro, ela é uma figura muito “polarizadora” e, por isso, há muitas dúvidas sobre se ela conseguirá reunir o suficiente apelo entre as elites para ser bem-sucedida no pleito para presidente. “Na verdade, alguns democratas gostariam que ela fosse a indicada republicana, acreditando que ela seria facilmente derrotada. Eles podem estar certos, mas eu acho que essa estratégia é brincar com fogo”, alerta.
Bloomberg
 
Mas uma outra novidade política promete estremecer o sistema bipartidarista estadunidense: a possível candidatura à presidência de um político independente: o prefeito de Nova York e ex-republicano (e, anteriormente, ex-democrata) Michael Bloomberg, que se apresentaria com um perfil mais de centro.
 
Já existe um sítio na internet pró Bloomberg presidente e muitos apoiadores de sua candidatura. Em um discurso em dezembro, ele atacou tanto os “ideólogos da esquerda” quanto os “ideólogos da direita”, o que foi interpretado como uma tentativa de se colocar como alternativa aos futuros candidatos republicano e democrata em 2012.
 
Nesse cenário, segundo alguns analistas, ele poderia roubar votos de Obama, especialmente de moderados que o acham muito progressista. Essa seria a maior chance de Sarah Palin.
 
No entanto, em um artigo para o jornal estadunidense The Nation, o historiador Jon Wiener escreveu que Bloomberg provavelmente também tiraria votos da ex-governadora do Alasca, principalmente daqueles que a acham um “desastre”.
 
 
https://www.alainet.org/pt/articulo/146833?language=en
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