Globo, Band, Folha na lista de contas secretas no HSBC

19/03/2015
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HSBC   Foto: Pablo Vergara image001
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Brasília (DF).- Acostumados a denunciar escândalos de corrupção e exigir moralidade dos políticos, alguns dos maiores grupos de mídia do país se veem agora no papel de vilões. É que pelo menos 22 empresários da mídia ou parentes deles e sete jornalistas estão entre os mais de oito mil brasileiros que mantiveram contas no HSBC da Suíça em 2006 e 2007. Na lista, divulgada semana passada, constam os nomes ligados à Rede Globo, Bandeirantes, jornal Folha de S. Paulo, grupo Abril, entre outros.

 

Os proprietários do Grupo Folha/UOL, Octavio Frias de Oliveira e Carlos Caldeira Filho, ambos falecidos, tiveram conta conjunta no HSBC, cujo beneficiário é o atual presidente da empresa, Luiz Frias. Entre 2006 e 2007, a conta já aparecia inativa e zerada. Luiz Frias (atual presidente da Folha e presidente/CEO do UOL) aparece como beneficiário da mesma conta, que foi criada em 1990 e oficialmente encerrada em 1998. Em 2006/2007, os arquivos do banco ainda mantinham os registros, mas, no período, ela estava inativa e zerada.

 

A família Saad, proprietária da Rede Bandeirantes, também tinha contas no HSBC na época em que os arquivos foram vazados. Entre os correntistas, aparecem o fundador da empresa, João Jorge Saad, a esposa, o filho e uma sobrinha.

 

LILY MARINHO

 

Lily de Carvalho, viúva de dois jornalistas e donos de jornais, Horácio de Carvalho (1908-1983) e Roberto Marinho (1904-2003), aparece na lista. Horácio de Carvalho foi proprietário do extinto “Diário Carioca” e Roberto Marinho foi dono das Organizações Globo, hoje Grupo Globo. O nome de Lily surge nos documentos com o sobrenome de Horácio, seu primeiro marido, e o representante legal da conta junto ao HSBC é a Fundação Horácio de Carvalho Jr. O saldo registrado em 2006/2007 era de 750 mil dólares. Lily morreu em 2011.

 

Os donos da TV Verdes Mares (afiliada da Globo no Ceará) e do “Diário do Nordeste” também aparecem como correntistas do HSBC. O saldo da conta em 2007 era uma fortuna de quase 84 milhões de dólares. Fortuna também mantinha o empresário Aloysio de Andrade Faria, do grupo Transamérica de rádio, com saldo em conta de 120 milhões de dólares.

 

RATINHO

 

O apresentador de TV Carlos Roberto Massa, conhecido como Ratinho e dono da “Rede Massa” (afiliada ao SBT no Paraná) tinha uma conta com sua mulher, Solange Martinez Massa, em 2006/2007. O saldo era de US$ 12,5 milhões. Diversos outros diretores e herdeiros de veículos de comunicação, além de jornalistas, aparecem na lista.

 

O caso veio à tona quando um ex-funcionário do banco, Hervé Falciani, vazou documentos que revelam como o banco orientou e ajudou milhares de clientes a aplicar volumosas quantias em dinheiro provenientes de sonegação de impostos e evasão de divisas, além de facilitar a abertura de contas secretas para depositar dinheiro do tráfico de drogas e da corrupção. No total, o banco inglês acobertou mais de 106 mil pessoas, num valor de 120 bilhões de dólares (mais de 334 bilhões de reais). Desse montante, mais de 6 mil contas bancárias estão associadas a 8.667 brasileiros, somando mais de 7 bilhões de  dólares (R$ 19 bilhões).

 

OLIGOPÓLIO DA MÍDIA

 

Para a coordenadora-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Rosane Bertotti, o envolvimento de empresários da mídia ilustra é uma expressão do oligopólio da mídia no Brasil. “A concentração da mídia, leva a concentração da riqueza. Tudo isso reafirma, mais uma vez, que a falta de diversidade e pluralidade nos meios de comunicação afeta a própria economia, o desenvolvimento e os interesses do país”.

 

INVESTIGAÇÃO HSBC

 

Possuir uma conta na Suíça, um popular paraíso fiscal, não é crime, mas é obrigatório declarar o dinheiro à Receita para que a quantias sejam tributadas. Ao sonegar os valores, o cidadão comete crime de evasão de divisas e pode pegar de dois a seis anos de prisão. Visando apurar o caso, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) conseguiu assinaturas suficientes para criação da CPI do HSBC, que deve ser instalada nos próximos dias.

 

“Tem que ser feita a seguinte pergunta à Secretaria da Receita Federal: quantos fizeram a declaração ao Imposto de Renda sobre depósito no exterior? Assim poderemos verificar se cometeram ou não o crime de evasão fiscal”, aponta o senador.

 

19/03/2015

http://www.brasildefato.com.br/node/31633

 

https://www.alainet.org/pt/articulo/168314?language=en
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