A inquietude de Francisco

18/02/2016
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Sereno como o planar dos pássaros; mas com uma inquietação interna avassaladora. Assim é o papa Francisco. Muito mais do que a expressão máxima da Igreja Católica, ele é um líder da humanidade.

 

Sou atraído pelo seu jeito diligente de buscar caminhos para o bem da civilização. Ele ensina que o horizonte de amizade entre as nações está logo ali. Mas atenção. A sua verdade necessariamente não é a dos outros. Mas ela é encantadoramente honesta.

 

Ninguém acreditava que EUA e Cuba poderiam iniciar um processo de aproximação. Suas palavras encorajaram os dois lados, sendo decisivo na mediação e na tão sonhada pacificação.

 

Durante assembleia da ONU, chamou a atenção do mundo ao pedir uma reforma da entidade e afirmou que os órgãos financeiros mundiais não podem atuar de forma abusiva, especialmente contra países em desenvolvimento.

 

As políticas das nações são míopes, escreveu em Laudato si', a ponto de apagar de vista o horizonte de felicidade dos povos. É preciso inverter esta lógica e incluir as pessoas dentro de um projeto coletivo de bem-estar.

 

A história mostra que renunciar o investimento nas pessoas para se obter maior receita imediata é um deplorável negócio. Leva à exploração das crianças, ao abandono dos idosos e aposentados, ao trabalho escravo, à violência, à precarização do cotidiano, à retirada de direitos sociais e trabalhistas.

 

A humanidade tem que estar sintonizada na descoberta de um novo modo de vida. Os homens têm que se sentir intimamente conectados a tudo que Deus criou. Se isso for entendido e esperançado, teremos uma tríade imbatível: meio ambiente, economia e social.

 

Francisco aponta que o político tem que ter coragem para denunciar os vícios do poder e defender os valores da democracia social. Eu acrescento: não há espaço para a corrupção, pois ela mata e aniquila o sonho de milhões de pessoas.

 

A inquietude de Francisco está sensibilizando o coletivo em uma verdadeira revolução fraternal. É com esse espírito que a humanidade possui ainda a capacidade de colaborar na construção da nossa "casa comum".

 

Portanto, não seria descabido se, no final de 2016, o papa Francisco fosse acarinhado com o Nobel da Paz.

 

- Paulo Paim é Senador pelo PT do Rio Grande do Sul

 

http://www.brasil247.com/pt/colunistas/paulopaim/217637/A-inquietude-de-Francisco.htm

https://www.alainet.org/pt/articulo/175494

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