Negras e negros contra o retrocesso

10/03/2016
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Foto: Cancillería Ecuador mujeres negras
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Neste mês em que se celebra o Dia Internacional da Mulher e inspiradas nas histórias de centenas de mulheres negras na luta contra a Escravidão, na preservação das nossas religiões de matrizes africanas, na manutenção de nossa cultura e entre tantos elementos a mais, as Entidades Sociais que conformam o Movimento Negro Brasileiro, reunidas sob a égide da Convergência, vêm a público manifestar sua posição consensual contra a tentativa de golpe articulada pelos setores conservadores com apoio da mídia e por meio de ações de parte do Judiciário.

 

Dessa forma, apresentamos os seguintes apontamentos:

 

1 – Os setores que protagonizam esta tentativa golpista historicamente defendem propostas contra as bandeiras de luta do movimento negro e popular: Defendem a redução da maioridade penal; são contra as cotas e as ações afirmativas; atuam para retirar as perspectivas racial e de gênero dos planos de educação entre outros;

 

2 – Pressionam pela imposição de uma agenda neoliberal; pela entrega do pré-sal e do patrimônio nacional às empresas estrangeiras e o pleno atendimento das demandas do grande capital financeiro;

 

3 – Estes setores defendem o recrudescimento das políticas repressivas, da violência policial e do genocídio da população negra;

 

4- Combatem as reivindicações das mulheres negras, a descriminalização do aborto, pregam o esvaziamento das poucas políticas públicas direcionadas às mulheres, notadamente as mulheres negras, tais como as trabalhadoras domésticas;

 

5 – Reconhecemos que os significativos avanços promovidos contra a miséria extrema, a fome, a inclusão de milhares de jovens negros e negras nas universidades além da implantação de políticas de promoção e igualdade racial, são, entre outros fatores, elementos que levam as elites brasileiras se unirem e atacarem o atual governo.

 

6 – O governo federal, alvo das incursões destes setores mais conservadores, ao invés de enfrentá-los, continua sucumbindo e impondo uma agenda muito similar ao de seus algozes, sobretudo nos aspectos econômicos e em iniciativas tal qual a lei antiterrorismo. Somos contra o Impeachment da atual presidenta e não toleraremos qualquer tentativa de golpe à nossa frágil e insuficiente democracia. Mas é preciso uma mudança de rumo desse governo. A população negra não pode pagar pela crise econômica e política do país. O Movimento Negro brasileiro afirma uma agenda de enfrentamento à política genocida, contra a redução dos direitos trabalhistas, contra a reforma da previdência, contra os cortes em programas sociais como saúde e educação.

 

Nós que atuamos na luta contra o racismo e as desigualdades étnico-raciais, temos a convicção que qualquer ruptura com o frágil e ainda pouco eficaz processo democrático atingirá de forma mais grave o conjunto da população negra.

 

Somos a favor da investigação de todos os casos de corrupção, mas não ao uso oportunista disso para impor uma agenda antipopular que penalize ainda mais nosso povo negro.

 

Trazemos em nossa ancestralidade toda uma história de luta e resistência que estamos dispostos a honrar neste momento tão importante na história deste Brasil que é nosso e construímos com cada gota do nosso suor.

 

A solução para a crise está na adesão às propostas históricas dos movimentos populares e do movimento negro.

 

EM FRENTE E PELA ESQUERDA. RETROCESSO NUNCA MAIS!

 

Brasil, 9 de março de 2016

 

Assinam:

 

Convergências da luta de combate ao racismo no Brasil:

ABPN – Associação Brasileira de Pesquisadores Negros

APNs – Agentes Pastorais Negros

CEN – Coletivo de Entidades Negras

Círculo Palmarino

CONAJIRA – Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial

CONAQ – Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas

CONEN – Coordenação Nacional de Entidades Negras

ENEGRECER – Coletivo Nacional de Juventude Negra

FNMN – Fórum Nacional de Mulheres Negras

FONAJUNE – Fórum Nacional de Juventude Negra

Instituto Luiz Gama

MNU – Movimento Negro Unificado

Quilombação

Rede Afro LGBT

RAN – Rede Amazônia Negra

UNEAFRO BRASIL

UNEGRO – União de Negros pela Igualdade

 

Adesões:

Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras – AMNB

Associação Franciscana de Defesa de Direitos e Formação Popular

Associação Nacional de empresários e Empreendedores Afrobrasileiros – ANCEABRA

Associação Religiosa de Tradição Afro-Cubana Ifanilorun

Bloco Afro Quilombo de Sergipe

Blog Negro Belchior

Bocada Forte Hip Hop

Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará – CEDENPA

Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação, Gênero, Raça e Etnia – CEPEGRE/UEMS

Centro de Estudos e Referência da Cultura Afrobrasileira do Acre – CERNEGRO

Centro Nacional de Africanidades e Resistência – CENARAB

Coletivo Afrontar de Uberaba/MG

Coletivo CIATA do LPEQI

Coletivo Mocambo Cultural

Conselho de Entidades Negras do Interios do Estado do Rio de Janeiro – CENIERJ

Conselho Municipal de Igualdade Racial de Osasco

Conselho Municipal de política Étnico Racial de Curitiba

Consorcio Nacional dos Núcleos de Estudos Afrobrasileiros – CONNEABS

Dandaras no Cerrado

Federação Juvenil Comunista de la Argentina

Federação Nacional das Associações de Pessoas com Doenças Falciforme – FENAFAL

Federação das Religiões de Matriz Africana do Acre – FEREMAAC

Forum Sergipano dos Povos de Matriz Africanas

Fórum de Educação e Diversidade Etnorracial do Rio Grande do Sul

Fórum Estadual Setorial de Culturas Afro-brasileiras/ PA

Grupo de Estudos e Pesquisas em Relações Étnico-raciais, Educação e Formação de Professores. FE/UF – GREED

Grupo de Música Percussiva Gantó

Grupo de Pesquisas Religiosidades e Festas

Grupo Tortura Nunca Mais do Estado de São Paulo – GTNM/SP

Instituto de Capoeira Cordão de Ouro – Mato Grosso do Sul

Instituto Ganga Zumba

Associação Franciscana DDHFP

Instituto Mocambo do Pará

Instituto da Mulher Negra de Mato Grosso – IMUNE

Instituto Nangetu de Tradição Afro-Religiosa e Desenvolvimento Social/ PA

Instituto de Resistência Cultural Afro-brasileira – Moviasés Guarulhos

Núcleo da Comunidade Negra de Osasco – NUCONO

NEAB/Unifesp

Núcleo Estadual da Marcha das Mulheres Negras do Espírito Santo

Núcleo Estadual de Mulheres Negras do Espírito Santo

Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade Federal do Espírito Santo – NEAB/UFES

Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade Federal de Juiz de Fora – NEAB-UFJF

Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade do Estado de Santa Catarina – NEAB/UDESC

Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) – Campus Sertão

Núcleo Negro Unifesp Guarulhos

Opaas – Observatório das Políticas de Ações Afirmativas do Sudeste

Pastoral Afro Achiropita

Portal Alma Preta

REATA – Rede Amazônica de Tradições de Matriz Africana

Secretaria de Combate ao Racismo da Federação Interestadual dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – FITMETAL

Secretaria Nacional de Igualdade Racial da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil

Casa de Tradição e Cultura Afro-Brasileira de Minas Gerais – Ilê AxéOgunfunmilayo

Sociedade Comunitária “Fala Negão \ Fala Mulher” da Zona Leste de São Paulo

Instituto Das Pretas do Espírito Santo

QUILOMBHOJE Literatura

 

Importante:

Essa nota está aberta para novas adesões de entidades do movimento negro brasileiro mais personalidades, parlamentares, lideranças, religiosos, intelectuais e artistas negros e negras, que concordam com esse posicionamento.

Envie sua adesão/assinatura para uneafrobrasil@gmail.com

 

 

https://www.alainet.org/pt/articulo/175965?language=en

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