Golpe midiático e jurídico ameaça democracia
- Opinión
Mais uma vez em nossa história, a classe rica ameaça as liberdades democráticas e a legalidade do país. Episódios como os golpes militares na América Latina - como o do Brasil em 1º de abril de 1964 - demonstram que as elites, quando se sentem ameaçadas, rompem com a institucionalidade e instauram regimes autoritários.
Os ricos, a depender da ocasião, são os primeiros a rifar todos os direitos conquistados e a própria ordem constitucional.
Globo defende seus interesses
Quando assistimos aos grandes meios de comunicação, como a Globo, é preciso lembrar que são, antes de tudo, grandes empresas. Pertencem a pessoas, empresários, que têm interesses políticos e econômicos. Não são neutros e imparciais, como tentam vender.
Nesse momento, eles estão comprometidos com o golpe, e afirmam abertamente em seus editoriais que desejam a saída da Dilma. Manipulam, quando, por exemplo, buscam “especialistas” para dizer que impeachment é previsto na Constituição, e portanto, não é golpe.
Só que não explicam que impeachment é previsto sim, mas para ser utilizado é preciso que a presidenta tenha cometido algum crime. O que não ocorreu. Não tendo crime, impeachment é golpe. Alguém já viu a Globo explicar isso? Muita gente acha que o motivo do pedido de impeachment da Dilma é corrupção. Mas na verdade ela não está sendo investigada, porque não há indícios disso.
Lava Jato
Diversos juristas denunciam que a Constituição está sendo violada na condução da Lava Jato. Por exemplo, os grampos em ligações telefônicas envolvendo a Presidenta da República e advogados atentam contra divisão dos poderes e sigilo entre cliente e advogado.
Precisamos usar a legalidade constitucional para denunciar o crescimento das ilegalidades do sistema jurídico. Justamente quem deveria lutar para conservar o Estado Democrático de Direito está contribuindo para o seu fim.
As arbitrariedades do Judiciário, insufladas pela mídia, atingem cotidianamente os mais pobres e agora põem em risco os poucos avanços sociais dos últimos anos.
Mais do que nunca, precisamos da reforma política, que não poderá vir por meio do Congresso, que deixa claro estar corrompido por interesses corporativos. É urgente definir um caminho que passe pela retomada do poder constituinte para garantir nossa soberania. Só com soberania teremos liberdade para traçar nosso futuro com nossas próprias mãos.
Editorial da Edição 129 do Brasil de Fato MG, 01/04/2016
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