A relativização da grande mídia

15/09/2016
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Tempos atrás, quando éramos agredidos pela grande mídia, tínhamos que cobrar na justiça uma resposta no mesmo espaço, do mesmo tamanho, com um conteúdo sem retoques por parte dos editores. Claro, conseguíamos um direito de resposta em um bilhão.

 

Hoje a grande mídia critica e é criticada, opina e é opinada, ataca e é atacada. Melhor, praticamente em tempo real, através dos meios que a internet nos disponibilizou.

 

Enfim, chegamos efetivamente ao direito da livre opinião, da livre expressão, mesmo com todos os problemas que atravessam esse direito na internet. Se primeiro havia um emissor e um receptor, hoje todos somos receptores e podemos ser emissores. Basta querer. Os meios são inúmeros e podemos escolher qual é o de nossa preferência.

 

Claro que os grandes meios corporativos ainda têm muita influência, em alguns momentos ainda são determinantes. Porém, pesquisa recente dizia que o facebook já detém 51% de influência sobre a formação da opinião em relação aos outros meios. A tendência, inclusive, é que esses meios absorvam mais verbas de publicidade que os meios tradicionais.

 

Portanto, é preciso ser compreensivo com o desespero dos tradicionais barões da mídia. O auge de sua influência já ficou no passado. Daqui para a frente a tendência é mesmo da livre opinião generalizada.

 

O presidente impostor disse esses dias que é preciso “combater as redes sociais”. A afirmação vinha no contexto que “esse governo não é estúpido de atacar os direitos dos trabalhadores como as redes divulgam”. Hora, os ministros impostores é que disseram em alto e bom som que a aposentadoria viria aos 75 anos de idade, 50 anos de contribuição, que o salário mínimo seria desvinculado da previdência, além de outras afirmações estúpidas. Hoje temos outros meios para nos defender de governos estúpidos.

 

Aliás, os golpistas calcularam mal. Achavam que ainda estavam na década de 1960. O golpe não cola porque o povo sabe. O que levamos 30 anos para saber do golpe militar, hoje sabemos em tempo real o que acontece nos bastidores. Ainda mais, até a mídia internacional, inclusive a tradicional, tendo senso do ridículo, sabe que aqui houve um golpe.

 

Portanto, seja um jornalista, um juiz do Supremo, um deputado, um empresário, ou mesmo um promotor público exibicionista, se disser asnices, será exposto ao ridículo através dos meios hoje disponíveis.

 

Enfim, podemos tranquilamente dar adeus ao jornalismo político dos grandes meios. Além do mais, é provável que sem vê-los ou ouvi-los, melhore nossa taxa de colesterol, de triglicerídeos e a pressão anguínea.

 

A internet livre faz bem à saúde.

 

Roberto Malvezzi (Gogó)

 

https://www.alainet.org/pt/articulo/180277
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