'Podemos barrar ofensiva conservadora', diz Stédile
- Opinión
São Paulo – Pelo menos 300 dirigentes de movimentos sociais e partidos que compõem a Frente Brasil Popular, em diversos estados, vão se reunir quarta e quinta-feiras (7 e 8) em plenária nacional no Sesc Venda Nova, no bairro da Mantiqueira, em Belo Horizonte. Na pauta, as medidas do governo de Michel Temer e agenda de mobilizações para o próximo ano. Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff são esperados.
“Acho que podemos, em 2017, dar um salto importante no enfrentamento ao governo golpista para barrar a ofensiva conservadora que veio com a PEC 241 (atual Proposta de Emenda à Constituição 55, que congela por 20 anos os investimentos sociais do governo federal) e outras iniciativas legislativas. É uma forma de reorganizar nosso time e poder enfrentar melhores condições de mobilização popular”, diz o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Pedro Stédile.
Haverá também um ato político que deve reunir, além de Lula e Dilma, outras lideranças políticas de esquerda, como o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). “Precisamos fazer um bom balanço sobre a natureza da Frente Brasil Popular e a necessidade de organizar comitês de base e enraizá-los em todos os municípios que pudermos”, diz Stédile.
“Essa plenária pode cumprir um papel fundamental para aglutinarmos forças e ao mesmo tempo termos uma leitura unificada do estágio atual da luta de classes no Brasil. O governo Temer, golpista e impostor, evidencia cada vez mais suas disputas internas e precisamos redobrar esforços para tirá-lo de onde não devia estar”, continuou.
Conjuntura
Para o líder do MST, o capitalismo está em crise, em especial no processo de acumulação, o que, por sua vez, causa uma crise social. “Os capitalistas põem sobre as costas dos trabalhadores a recuperação do capital e do lucro”, afirmou durante a 2ª Assembleia Continental dos Movimentos Sociais da Aliança Bolivariana Para os Povos de Nossa América (Alba), realizada na última quinta-feira (1º), em Bogotá, na Colômbia.
Stédile disse que “tanto o neoliberalismo, quanto o neodesenvolvimentismo e a própria esquerda estão em crise”. Ele citou como exemplo o Brasil e a Argentina, onde “foram derrotados os governos neodesenvolvimentistas, não porque fossem processos revolucionários, mas porque o capitalismo necessita, em sua voracidade, controle absoluto”.
Está em voga ainda, segundo Stédile, uma “crise ambiental profunda”, na qual “se pretende privatizar desde o petróleo e o gás até a água, que é hoje um elemento mais caro que o petróleo”. Os Estados vêm garantindo cada vez menos democracia, segundo ele. “Hoje, na política atual, a única coisa que vale é o dinheiro, tudo se compra e tudo se vende”, disse, lembrando que o consumismo e o individualismo estão tomando o espaço da organização social.
"A saída seria construir em cada país as plataformas que mostrem a nossos povos como enfrentar o capitalismo e o imperialismo. E, também, como construir o socialismo”. Além disso, de acordo com o líder, os militantes de movimentos de esquerda devem fazer trabalho de formação ideológica e construir seus próprios meios de comunicação.
Com informações do MST
05/12/2016
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