A serpente sem casca: da ‘crise’ à Frente Brasil Popular
- Opinión
Para muitos de nós tem sido difícil identificara serpente quando apenas o embrião está à vista. Sempre que isso ocorre, a peçonha nos alcança.
Entre a primeira e esta segunda edição , a crise política brasileira agravou-se, caminhando para um impasse derivado do esforço pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff levado a cabo em circunstâncias que configuramum golpe de Estado de fato continuado e, dele decorrente, a posse de um presidente sem respaldo na soberania popular. Daí esta segunda edição, necessariamente revista e ampliada, desta feita lançada pela Fundação Perseu Abramo (FPA).
A partir de julho de 2015, logrou avanços a política de “cerco e aniquilamento” com a qual a direita brasileira intenta, não de agora, encerrar a proposta dos governos de centro-esquerda de fazer do Brasil uma nação soberana, desenvolvida e socialmente inclusiva. Estamos em face de ação concertada que reúne a maioria parlamentar conservadora, o grande capital – tanto o capital rentista quanto a burguesia subsidiada da Avenida Paulista, com ou sem ramificaçõesinternacionais, tanto quanto os capitães do agronegócio – e as corporações dissidentes da alta buro-cracia estatal. Mencionem-se, a propósito, setores do Ministério Público Federal (MPF) sob o comando do Procurador Rodrigo Janot, da Polícia Federal (PF), e do Poder Judiciário – e os meios de comunicação de massa (destaquem-se a liderança ideológica e a hegemonia do Sistema Globo). Dessa arregimentação não está ausente, sequer, o Supremo Tribunal Federal (STF) que, fortemente partidarizado, reivindica a condição de árbitro-geral da República. Na Câmara destacou-se, nesta legislatura e nos últimos episódios, a presença do pantanoso “baixo clero” e da cha-mada bancada BBB (bíblia, boi e bala), liderada ideologicamente pelo que há de mais atrasado na militância evangélica, cuja visão primitiva fico evidente na exposição quase unânime dos votos do dia 17 de abril de 2016, tragicômico desfilede personagens ridículos diante das câmeras de TV, assistido, por horas, pela população incrédula e desconcertada.
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