Brasil amanhece pichado e em chamas contra a prisão de Lula
- Opinión
Desde as primeiras horas da madrugada desta sexta-feira (6), replica em todos as regiões do país os protestos de indignação da população e dos movimentos sociais organizados contra a prisão do ex-presidente Lula. Cidades amanheceram pichadas e mais de 50 estradas foram bloqueadas pacificamente por manifestantes.
Em Salvador (BA) e Natal (RN) a mensagem espalhada com tinta spray em diversos muros e pontos turísticos é "Lula Livre". A frase também se repete na faixa usada por trabalhadores durante o bloqueio de uma rodovia no Paraná, no outro canto do país. A indignação geral é contra a ordem de prisão emitida pelo juiz Sérgio Moro contra o ex-presidente Lula.
"Nós estamos unificados. Existe uma unidade geral de todas as organizações e partidos, como a CUT, a Fetape, a Via Campesina, a Consulta Popular, o Levante Popular da Juventude, a Igreja, todos juntos solidários ao Lula , mas ao mesmo tempo protestando e contestando esse projeto. Quando as elites acham que a prisão do Lula geraria desmobilização, pensaram errado. Isso está unificando a esquerda e vai gerar um processo maior de organização da democracia brasileira", disse Jaime Amorim, da direção nacional do MST, para a Rádio Brasil de Fato.
Na Paraíba, integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) bloquearam trechos das rodovias BR-101 e BR-230, que é a principal via de ligação entre a capital João Pessoa e a cidade de Campina Grande.
Durante o protesto pacífico na BR-101, uma pessoa não identificado furou o bloqueio e disparou contra os trabalhadores desarmados e atingiu Lindinalva Pereira de Lima. A trabalhadora foi socorrida e levada para o hospital.
Em Sergipe, o maior bloqueio aconteceu na rodovia estadual SE-270, próximo a Itaporanga, com pneus incendiados na pista. Com fogo em pedaços de madeira, os trabalhadores sem terra também bloquearam a BR-235, na cidade de Casa Nova (BA), desde às 5h. Com bom humor para manter o protesto, os manifestantes fizeram uma roda de capoeira no meio do asfalto.
Houve queima de pneus no protesto de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em frente à sede do jornal Diário de Santa Maria. Já na região sudeste do Brasil, dezenas de manifestantes conseguiram bloquear a BR-381 na região de Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais. Os trabalhadores gritaram frases de protestos contra o pedido de prisão de Lula.
Cerca de 1.500 integrantes MST trancaram, na manhã desta sexta, a rodovia estadual PR-476, que liga Quedas do Iguaçu a São Jorge d'Oeste, no Paraná. O estado concentra um grande número de bloqueios em rodovias.
Na zona da mata alagoana, o protesto aconteceu na BR-316, no trecho que fica na cidade de Atalaia. No estado de São Paulo, a BR-153 foi bloqueada por manifestantes, na região de Promissão.
Também é grande a concentração de manifestantes em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, que fazem uma vigília na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, local onde Lula esteve na noite de ontem para traçar a estratégia de resposta ao juiz Sérgio Moro.
No período da tarde, estão programadas diversas manifestações populares em praças e avenidas centrais contra a perseguição política que parte do Poder Judiciário faz ao presidente Lula.
"Aqui em Pernambuco, a partir das 15 horas, na praça da Democracia, vamos reunir muita gente e fazer uma caminhada pelo centro de Recife. Vamos continuar mobilizados até que se revogue a prisão dele. Nesse momento, Lula deixou de ser ele. Ele é a voz do povo brasileiro. Então vamos continuar permanentemente mobilizados contra isso", afirmou Jaime Amorim.
Pedido de prisão
Moro determinou um prazo até as 17h de hoje para que o ex-presidente se apresente na sede da Polícia Federal, em Curitiba, onde ficará preso. O pedido de prisão foi feito algumas horas depois do STF (Supremo Tribunal Federal) ter avaliado e negado o pedido de habeas corpus preventivo solicitado pela defesa de Lula. No entanto, a ordem de Moro viola a própria tramitação do TRF-4 e os prazos de contestação para os advogados de Lula.
Edição: Juca Guimarães
6 de Abril de 2018
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