Com Obrador, a onda conservadora acabou?
A vitória de López Obrador torna-se marco decisivo na definição de rumos do sul do rio Grande à Terra do Fogo.
- Opinión
Um tema para debate:
Pode-se dizer que a histórica vitória da centroesquerda num país tão importante como o México (2o. PIB da região, atrás do Brasil) estanca o crescimento da onda conservadora na região?
Dados positivos a se considerar (todos começam com a palavra "Apesar"):
- Apesar da vitória da extrema-direita na Colômbia, a esquerda atinge inéditos 40% em uma disputa nacional e torna-se ator de peso no jogo político;
- Apesar do golpe brasileiro, a direita não consegue encontrar candidato viável a não ser um fascista que não unifica seu campo. Ao mesmo tempo, o candidato que deveria estar riscado do mapa tem 34% dos votos. As eleições de outubro se darão em um inédito quadro de imprevisibilidade;
- Apesar da permanência no governo argentino, Macri vê sua aprovação popular desabar e a insatisfação organizada crescer. Isso não quer dizer muito se a oposição não conseguir se unificar em torno de um nome viável para 2019. Lá, o ativismo judicial também busca limitar a ação de Cristina Kirchner;
- Apesar da vitória da direita nas eleições presidenciais, Fernando Lugo segue no comando do Senado;
Em 2019, teremos eleições presidenciais na Bolívia, Uruguai, Guatemala, El Salvador e Panamá, além da Argentina. Em El Salvador, também a judicialização da política busca bloquear a centroesquerda.
Há um giro à direita fora do programa no Equador, onde Lenin Moreno rompeu com Rafael Correa, seu padrinho, e impôs séria derrota política à esquerda;
A vitória de Maduro na Venezuela segue questionada pelos governos de direita da região, monitorados a partir de Washington. Até aqui, não deve haver surpresas na Bolívia e Uruguai.
A diferença da década passada é a inexistência de uma dinâmica mundial que alavanque as economias pelo setor externo. Os países encontram-se muito mais vulneráveis, com destaque para o Brasil. A depressão não dá nenhum sinal de recuperação, ao contrário. Num quadro de recessão, os trabalhadores se enfraquecem e reformas regressivas são impostas com resistência debilitada pelo de baixo.
Nesse cenário, a vitória de López Obrador torna-se marco decisivo na definição de rumos do sul do rio Grande à Terra do Fogo. Esperemos que o novo chefe do Executivo não siga os passos de Dilma Rousseff, que transformou uma vitória eleitoral heroica em uma derrota política de longo alcance.
Mas nesta madrugada de domingo para segunda, o otimismo acendeu um farol de alta luminosidade para quem luta por democracia e mudança social.
02/07/2018
https://jornalggn.com.br/noticia/com-obrador-a-onda-conservadora-acabou-por-gilberto-maringoni
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