Defesa da educação catalisa insatisfação generalizada com Bolsonaro
- Opinión
Os protestos multitudinários em defesa da educação que ocorreram em todo o Brasil neste 15 de maio catalisaram a ampla insatisfação da sociedade brasileira com Bolsonaro.
A resistência ao projeto de destruição da educação e da Universidade pública se transformou na plataforma de enfrentamento global ao governo Bolsonaro e suas políticas ultraliberais, eugenistas e racistas. A resistência à contrarreforma previdenciária ganhou ainda mais centralidade.
Em algumas capitais brasileiras, como Porto Alegre e Rio de Janeiro, as manifestações foram de magnitude equivalente aos comícios das Diretas Já de 1983/1984 – até então o principal marco de mobilizações populares do país.
A vibração genuína das juventudes em luta, sobretudo estudantes secundaristas e universitários, se comunicou com a inconformidade generalizada do povo com os desatinos do governo e com o caos instalado no país.
Esta formidável contraofensiva democrática e popular acontece numa circunstância difícil para Bolsonaro, que enfrenta uma confluência de crises e dificuldades: o país à beira da estagnação, desemprego brutal, hostilidade na base parlamentar, instabilidade política e sua estigmatização como pária internacional e aberração humana [aqui].
Além disso, Bolsonaro se defronta com o que ele próprio chama de tsunami: o avanço das investigações dos esquemas de corrupção, enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro do filho Flavio em associação com Fabrício Queiroz, fato que poderá revelar, em definitivo, a conexão da FaMilícia Bolsonaro com o submundo das milícias e das organizações criminosas.
A energia, a presença massiva e o vigor dos protestos evidenciam o crescente potencial de oposição ao governo, inclusive de segmentos desiludidos e assustados com a barbárie em marcha.
Uma mensagem que fica deste 15 de maio é que o governo poderá prosseguir a imposição da agenda austericida e genocida, porém não sem enfrentar uma enorme, vigorosa e crescente resistência popular e disposição de luta social.
A preparação da greve geral de 14 de junho ganhou um importante alento no dia de hoje. O enfrentamento à extrema-direita fascista e seu projeto destrutivo entrou numa nova e promissora etapa.
A luta política dura e intensa será a marca do próximo período. Será fundamental aprofundar a organização unitária e solidária dos subalternos.
16 de maio de 2019
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