Evo dedica vitória à decisão do povo de ir contra “candidato das privatizações e do FMI”
A vitória de Evo, foi a afirmação do modelo de desenvolvimento nacional com apoio em medidas de atenção às exigências e necessidades do povo.
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Com 99,99% dos votos apurados, termina a contagem dos votos na Bolívia com Evo em vantagem acima dos 10% necessários para ser proclamado vencedor no primeiro turno.
Pelas leis do país, se dá quando o candidato também ultrapasse os 40% dos votos. O cômputo geral divulgado pelo TSE é de 47,07% para Evo, contra 36,52% para o segundo colocado, Carlos Mesa, uma diferença, portanto, de 10,54%.
A diferença de 0,01% para os 100% dos votos se refere a quatro urnas anuladas na província de Beni. Ali haverá nova votação em 3 de novembro. Esta diferença não pode mais reverter o resultado vitorioso de Evo.
“NEM PRIVATISTAS, NEM FMI”
Assim que foram conhecidos os resultados e já como presidente reeleito, Evo, que durante a campanha proclamara: “aqui as políticas não serão mais ditadas a partir do FMI e sim elaboradas em acordo com o povo”, destacou que o povo boliviano decidiu contra os “privatizadores”.
“Aqueles que são conhecidos popularmente como vende-pátria, agora são também os herdeiros dos golpistas”, acrescentou em entrevista concedida à Agência Boliviana de Informação.
“Passaram de vende-pátria a golpistas”, prosseguiu denunciando o agrupamento de políticos que se uniram a Carlos Mesa para formar a chamada “Coordenação em Defesa da Democracia”, com o intuito de desconhecer a decisão determinada pelo voto e alimentar distúrbios de rua com a finalidade de desestabilizar o país.
“Mesa mergulha na delinquência”, sentencia Evo e o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana – que vem denunciando encontros de líderes opositores com funcionários na embaixada dos Estados Unidos – afirmou que “Carlos Mesa perdeu as eleições gerais e, portanto, a via constitucional para voltar à cadeira presidencial e, agora, busca a rota golpista com o apoio dos Estados Unidos e da extrema direita boliviana”.
A vitória de Evo, foi a afirmação do modelo de desenvolvimento nacional com apoio em medidas de atenção às exigências e necessidades do povo.
MODELO VITORIOSO CONTRARIA NEOLIBERALISMO
Em entrevista concedida ao Hora do Povo, dias antes das eleições, o ministro da Economia e das Finanças Públicas, Luis Arce, previra a vitória de Evo que seria a vitória a uma política que levou a Bolívia a liderar o crescimento na região pelo sétimo ano consecutivo ao adotar uma lógica “completamente contrária à neoliberal”, uma vez que está focada “principalmente no crescimento do mercado interno, na melhoria da qualidade de vida das pessoas”. Luis Arce assegurou que foi a construção de bases econômicas sólidas o que permitiu avanços sociais extremamente importantes, como o da geração e elevação de renda, da diminuição da taxa de desemprego – de mais de 8% para 4% -, de eliminação do analfabetismo e redução da diferença entre ricos e pobres de 128 para 40 vezes.
A entrevista com Arce pode ser lida em: https://horadopovo.com.br/luis-arce-bolivia-lidera-pelo-setimo-ano-consecutivo-o-crescimento-na-regiao/
EVO CHEGA À VITÓRIA COM APOIO DE CAMPONESES E MINEIROS
A vantagem necessária a Evo para a reeleição sem necessitar disputar o segundo turno veio somente com a chegada das atas das urnas das regiões mais distantes. No primeiro dia de apuração, domingo, 21, com 83% das urnas contadas, Evo tinha uma vantagem de pouco mais de 7%.
Ao final daquele dia, Evo Morales, dizendo-se confiante nos votos vindas das regiões de predominância camponesa, afirmou que venceria no primeiro turno.
Já o segundo colocado, Carlos Mesa, declarou que haveria segundo turno com ele e Evo na disputa.
A apuração prosseguiu com a chegada das urnas onde votaram os mineiros de Potosí (cenário de históricas lutas de trabalhadores na década de 1970) e daquelas que receberam votos dos indígenas de povoamentos como Mojocoya e Tarabuco.
Também chegaram os votos dos bolivianos residentes no exterior. A diferença foi maior entre os que formam as grandes comunidades de bolivianos no Brasil e na Argentina.
A partir do momento em que a votação começou a garantir a vitória a Evo, o segundo colocado, Mesa, passou a declarar que não aceitava o resultado, o que foi a senha para a eclosão de tumultos por diversos pontos do país, incluindo ataques a escritórios departamentais do TSE e até ameaça de queima de urnas. Houve regiões onde, para se contar os votos, foi necessário o traslado de urnas e material, junto com o pessoal para locais mais seguros, o que ajudou a atrasar a contagem. De Llallagua, por exemplo, a contagem passou a Zudañez, na Envibol (Fábrica estatal de embalagens de vidro) devido ao fato de que as instalações eleitorais locais foram totalmente destruídas.
EVO DENUNCIA TENTATIVA DE GOLPE
Diante dessas provocações o presidente Evo denunciou, na quarta-feira, uma tentativa de golpe de Estado: “Denuncio perante o povo boliviano e o mundo inteiro que está em processo uma tentativa de golpe de Estado que a direita preparou com apoio internacional”.
“Quero dizer ao povo boliviano”, acrescentou, “que a nossa primeira atitude é a declaração de estado de emergência e de mobilização pacífica e constitucional para defender a democracia”.
Entre outros fatores da indevida interferência internacional, Evo se declarou surpreso de que a delegação da Organização dos Estados Americanos, que durante todo o processo eleitoral não levantou qualquer irregularidade, passou a recomendar, no primeiro dia de apuração, domingo, 21, a realização de um segundo turno. Isso sem esperar a contagem total dos votos.
O chamado de Evo foi acolhido pelas organizações de trabalhadores e de camponeses e indígenas, principalmente a COB (central de trabalhadores), Confederação Sindical Única de Trabalhadores Camponeses da Bolívia e a Conalcam que congrega vastos setores populares do país. Disso resultaram concentrações de multidões de centenas de milhares em La Paz, na quarta-feira e em Cochabamba, esta última com a presença de Evo.
O presidente denunciou que uma turba de cerca de 20 elementos atacou sua casa na região de Cochabamba.
No ato ali realizado, os participantes entoavam com vibração: “Evo não estás sozinho” e “Meu voto se respeita”.
O secretário executivo da Central Obrera Boliviana (COB), Juan Carlos Guarachi, declarou que serão realizadas manifestações pacíficas em todo o país, “para defender a democracia, para que se faça respeitar o nosso voto”.
A secretária executiva da Coordenação de Mulheres das Seis Federações do Trópico de Cochabamba, Segundina Orellana, manifestou que a decisão do povo tomada nas eleições gerais deve ser respeitada “porque definiu o futuro da Bolívia, do progresso, do desenvolvimento”.
Evo Morales lembrou aos presentes no ato de Cochabamba que “durante o período dos governos neoliberais, a política boliviana se decidia em ‘buffets’ instalados na cidade de Washington e se aplicava o que era sugerido pelo Banco Mundial sem a participação do povo boliviano”.
“Uma vergonha para o país, porque a orientação foi a de privatizar os bens do Estado”, acrescentou.
Dirigindo-se aos jovens destacou: “Assim se dirigia a Bolívia, tornando-a uma das campeãs mundiais em corrupção”.
“Esse tipo de políticos, em 180 anos de vida republicana, deixaram o país com um PIB de 9 bilhões de dólares e, agora, com as políticas elaboradas com a participação do povo, nos últimos 13 anos se gerou um crescimento do PIB de mais de 40 bilhões de dólares”.
MÉXICO REPUDIA INTRUSÃO DA OEA
No dia 23, a representante do México na OEA, Luz Elena Baños, participando de reunião da entidade em Washington, denunciou que este organismo “se afastou do princípio da neutralidade, da objetividade e de não intervenção nas eleições bolivianas”.
“Diante de um processo eleitoral que está se concluindo, o México se manifesta atento ao curso dos acontecimentos mantendo prudência e respeito ao desenvolvimento do processo eleitoral, com a confiança de que será o juízo do povo boliviano e de suas instituições o guia legítimo para que elejam o governo que seus cidadãos decidam”, declarou Luz.
A representante mexicana alertou que a delegação da OEA tem tido “comportamento intrusivo”, qualificando “de forma apressada” que deveria haver segundo turno, apontando suposta irregularidades não comprovadas.
Em reunião com os representantes da OEA, Evo já os havia chamado a presenciar a contagem eleitoral sem que os delegados a isso se prontificassem.
24 de outubro de 2019
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