I Encontro Internacional da Coalizão Negra Por Direitos debate representação política

02/12/2019
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I Encontro Internacional da Coalizão Negra Por Direitos
Foto: Nara Lacerda
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“Se não tivermos o olhar para o poder, nós nunca vamos pautar. Para pautar tem que ter caneta, tem que ter voto!”. Com essa frase, o vice-presidente nacional da Unegro, Edson França, abriu a última mesa do I Encontro Internacional da Coalizão Negra por Direitos.

 

A partir do tema “Disputa do poder institucional e incidência política”, o debate alertou sobre a necessidade de que a representação política da comunidade preta seja pauta prioritária e processo contínuo.

 

A ativista do coletivo Luiza Mahin, Vilma Reis, que neste ano lançou sua pré-candidatura à prefeitura para a eleição municipal de Salvador (BA) em 2020, também esteve presente na mesa e fez uma exposição incisiva, na qual demonstrou que o desenvolvimento pleno do Brasil passa necessariamente pela inclusão política da população negra.

 

“Não é possível se desenvolver deixando 110 milhões para trás. O Brasil não vai sem nós”, afirmou. Vilma fez ainda um chamado à militância de esquerda: “a esquerda branca precisa parar de passar vergonha porque não enxerga em nenhum de nós a possibilidade de governar (…) Que os brancos antirracistas cumpram seu papel na história!”, defendeu a militante.

 

Ela ressaltou também que as disputas municipais do próximo ano precisam representar avanços no número de candidaturas de pessoas negras e na articulação com o eleitorado, principalmente.

 

“Se queremos derrotar o horror que se instalou em Brasília, precisamos começar pelas cidades. (…) Como, em 2019, alguém pode passar ao largo do terror racial que assola esse país?”, questionou.

 

O encontro reuniu também Dulce Pereira (Movimento Negro Unificado MNU - MG), Maurice Mitchell (Working Families Party - USA), Rose Torquato (Agentes de Pastoral Negros APNs - RJ), Sandra Maria (Coord. Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas CONAQ-MG) e Mônica Oliveira (Articulação Negra do Pernambuco - PE).

 

Mônica Oliveira cobrou conhecimento e articulação dos gestores públicos para atender a comunidade negra que hoje representa quase 60% da população brasileira. “O grau de sofisticação do racismo nesse país não nos permite dúvidas sobre a luta”, disse.

 

A necessidade de estratégias de convivência e diálogo dentro da diversidade dos movimentos negros no Brasil norteou a fala de Dulce Pereira, do MNU. Ela ressaltou a importância do exercício cotidiano de mobilização e organização, inclusive em pautas globais, como meio ambiente e infância.

 

“As forças que defendem um mundo de controle e de poder têm armas poderosas e essas armas estão em ação. Há um falso pacto pelo Ocidente que nos varre da história. Pessoas como nós são indesejáveis (…) sabem que nossa fragmentação é poderosa”, argumentou.

 

Maurice Mitchell, do Working Families Party, organização que atua nos Estados Unidos, defendeu um pacto que ultrapasse barreiras continentais. “As contradições, atualmente, são resolvidas pelo capital e pelo mercado e não por nós. Coorporações brancas lucram com a nossa luta. Como podemos ter certeza de que nós vamos tomar esse lugar?”, questionou.

 

Ele afirmou ainda que é necessário não apenas garantir rostos negros na política, mas também pautas negras. “Que política nos une? Não podemos ser diluídos nesse processo. Precisamos ter certeza da agenda e avaliar nossas plataformas. Precisamos de solidariedade e resistência preta global, porque o fascismo já é organizado globalmente.”

 

A Coalizão Negra Por Direitos é formada por mais 100 organizações de todo o Brasil e promove articulações políticas no Congresso Nacional e em fóruns internacionais.

 

Edição: Luiza Mançano

 

https://www.brasildefato.com.br/2019/12/01/i-encontro-internacional-da-coalizao-negra-por-direitos-debate-representacao-politica/

 

https://www.alainet.org/pt/articulo/203584?language=es
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