A direita brasileira fracassou
A direita esgotou assim o repertório de alternativas que tem a propor ao Brasil: ditadura militar, neoliberalismo de FHC e Bolsonaro.
- Opinión
A direita brasileira sempre controlou o poder no Brasil, desde que passou a se impor aos povos indígenas, oprimi-los e explorar nossas riquezas. Depois, usando o fenômeno mais monstruoso da história mundial: a escravidão. Com o colonialismo, são os dois fenômenos fundadores da história brasileira.
Com o tempo, essa dominação mudou de forma, adquiriu caráter nacional, mas nunca contida. Mais de quatro séculos depois, foi derrotado por Getúlio, por meio de uma revolução, que fez com que a direita brasileira se tornasse profundamente anti-getulista. Apoiado no liberalismo, atacou Getúlio por seu autoritarismo e pela política de "comprar" a consciência dos trabalhadores com concessões demagógicas, de que a imagem do oleiro era um antecedente dos sanduíches de mortadela.
A direita brasileira foi sistematicamente derrotada por Getúlio e pelos getulistas. Ele o levou para a Suíça, acusado de corrupção, mas não o derrotou. Quando a direita finalmente venceu, não com um udenista tradicional - como Eduardo Gomes ou Juárez Távora - mas com um aventureiro que herdou as bandeiras das acusações de corrupção e moralismo, a vitória durou alguns meses e se transformou em uma nova derrota.
A maior vitória da direita não foi na democracia, mas com a ditadura, que conseguiu destruir os democráticos e grande parte da esquerda, por meio da repressão mais sistemática que o país já conheceu. Vitória da direita por isso e porque desenhou uma alternativa para o capitalismo latino-americano em crise: o crescimento econômico com um estado ditatorial. Foi a maior proposta da direita brasileira para o continente.
Uma vitória baseada na sobreexploração dos trabalhadores e na destruição da democracia. Esgotou-se, pois as greves do ABC quebraram a contração salarial - o santo do "milagre econômico" - e o regime não aguentou mais. A direita triunfou na transição, impedindo eleição direta para presidente do Brasil e limitando a transição a um processo de restauração da democracia liberal, sem outras formas de democratização – do acesso à terra, dos meios de comunicação, das estruturas econômicas monopolistas, do sistema educacional , entre outras.
A direita voltou ao triunfo de Pirro com a vitória eleitoral de Collor - outro aventureiro, como Jânio - sobre Lula em 1989. Seu governo derrotado pela corrupção, seu modelo foi resgatado por FHC, com a última vitória democrática da direita. Teve vida curta, segundo o modelo neoliberal, que se revela como concentrador de renda e incapaz de recuperar o crescimento da economia.
Desde então, a direita acumula uma sequência impressionante de derrotas, até então sem precedentes na história brasileira, nas mãos de Lula e do PT. E só triunfou novamente com o colapso da democracia, cujo golpe levou à eleição de Bolsonaro.
Assim, a direita apresentava o que tinha a propor ao Brasil, dado o que considerava o risco do retorno do PT.
A direita esgotou assim o repertório de alternativas que tem a propor ao Brasil: ditadura militar, neoliberalismo de FHC e Bolsonaro. A esquerda propôs e colocou em prática diversas alternativas: governos do PT com crescimento econômico e distribuição de renda, com aprofundamento social e político da democracia.
Em 2022, direita e esquerda apresentarão as alternativas à disposição do povo brasileiro para escolher aquela que lhe parecer melhor entre os diferentes futuros possíveis para o Brasil. Será uma escolha entre direita e esquerda, entre democracia e autoritarismo, entre crescimento econômico e especulação financeira, entre distribuição de renda ou concentração de renda. Entre Lula e Bolsonaro.
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