A crise da hegemonia do imperialismo
11/03/2014
- Opinión
O imperialismo Certamente continuará sua política agressiva de reação à sua perda de hegemonia. Uma coisa é certa: bandeira da paz, historicamente, pertence aos revolucionários
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Nesse momento, o xadrez geopolítico internacional muda rapidamente. O projeto do imperialismo estadunidense de construção de uma ordem mundial unipolar avançou com o fim o fim da URSS em 1991. Os soviéticos lideravam o bloco socialista e, querendo ou não seus críticos, foram fundamentais para os movimentos nacionais de libertação do pós-Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e serviram de ponto de apoio para diversas experiências de construção do socialismo.
O projeto de construção da ordem unipolar passa por uma política externa agressiva que busca obter o controle político, econômico e militar da Eurásia, África do norte e Oriente Médio. Além disso, manter a dependência e subordinação da América Latina também é um elemento importante para o imperialismo, que vê esse continente como fonte de matérias-primas e como espaço espoliação das economias nacionais via hegemonia do capital financeiro. Mas, o limitado poder militar dos Estados nacionais latino-americanos faz com que os EUA centralizem suas movimentações para cercar a China e a Rússia.
A ordem unipolar teve seu momento mais agressivo na aliança com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na guerra contra os sérvios (1999), na guerra do Afeganistão (2001), na guerra do Iraque (2003) e na guerra contra a Líbia (2011). O projeto de dominação total do imperialismo estadunidense sempre buscou isolar a Rússia e a China. Com o fim da URSS, os EUA patrocinaram a cooptação econômica dos países do Leste europeu para isolar a Rússia. A promessa de modernização capitalista através do livre comércio justificava a ofensiva. No plano militar, o imperialismo viabilizou a entrada na OTAN de Estados nacionais da área de influência da antiga URSS. É caso da Polônia, da República Tcheca e da Hungria.
Além disso, o império fez uma ofensiva na Ásia, tradicional área de influência da China. Uma movimentação que combina bases militares naquela região com alianças no plano econômico com diversos países. A espinha dorsal do projeto imperialista passa, portanto, pelos seguintes desafios geopolíticos: cercar e isolar a Rússia e a China; assegurar o controle das riquezas naturais no norte da África e no Oriente Médio; manter a dependência dos países latino-americanos.
Os últimos acontecimentos demonstram que a hegemonia do imperialismo estadunidense está em crise. A Rússia reafirma sua influência na Ásia Central, na Europa Central e no Oriente Médio. Além disso, a Rússia meteu uma cunha no coração da influência estadunidense na Europa ao ensaiar uma aliança econômica com a Alemanha que incomoda o imperialismo e seus principais aliados no velho continente. Foi sintomática a iniciativa da diplomacia russa e de seu poderio militar em frustrar os planos do imperialismo para a Síria.
A China emerge rapidamente e tem um grande potencial para superar economicamente os EUA. O país asiático constrói, gradativamente, sua própria área de influência e expande suas relações de cooperação econômica.
Tanto a China, mas, principalmente a Rússia possuem armas nucleares. E isso tem um significado na geopolítica atual: o direito internacional só é respeitado quando uma nação tem capacidade de retaliar. Deve-se ressaltar ainda que nos países latino-americanos a crise das experiências neoliberais viabilizou a emergência de governos progressistas.
Isso favoreceu importantes experiências de integração regional que não interessam ao imperialismo. Não por acaso, o imperialismo patrocina atualmente a tentativa de golpe contra o governo de Nicolas Maduro na Venezuela.
O movimento mais recente na Europa de reação à crise da hegemonia do imperialismo estadunidense ocorreu no apoio e patrocínio do governo Obama e da CIA ao golpe sofrido pelo governo Ucraniano que era pró-russo. A escandalosa quebra da ordem democrática na Ucrânia ocorreu com o apoio das potências europeias e da OTAN, linha auxiliar dos EUA.
O governo Russo reagiu imediatamente, denunciou o golpe dos fascistas e seus patrocinadores. Além disso, fez uma movimentação militar para proteger os cidadãos russos que são maioria e moram na península da Crimeia, que legalmente pertence à Ucrânia. A capital Kiev e o governo fascista da Ucrânia estão sendo monitoradas pelos russos. O imperialismo poderá ter seus planos mais uma vez frustrados por Moscou.
O imperialismo certamente continuará sua política agressiva de reação à sua perda de hegemonia. Uma coisa é certa: bandeira da paz, historicamente, pertence aos revolucionários.
Ao proletariado não interessam as guerras, mesmo sabendo que dependendo da conjuntura elas abrem janelas revolucionárias. Que venha o movimento das contradições.
Editorial da edição 576 do Jornal Brasil de Fato
11/03/2014
https://www.alainet.org/pt/articulo/83842?language=es
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