Fome Zero e Escolas-Irmãs

12/06/2005
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“Foi muito divertido a gente conseguir jogar juntos, ainda mais com as mãos dadas, sem poder se desconectar. A gente teve que ficar atento e se ajudar para nossa equipe conseguir vencer os desafios!” Esta é uma das manifestações dos alunos e alunas da Escola das Nações, de Brasília, e da Escola Manoel Bandeira, de Santo Antonio do Descoberto, GO, que fazem parte do Projeto Escolas-Irmãs do Programa Fome Zero, coordenado pela Assessoria de Mobilização Social da Presidência da República. O Projeto iniciou em 2003. Nas palavras de Frei Betto, seu primeiro coordenador, “uma escola assume, por um prazo determinado, mas não inferior a um ano, outra escola de ensino fundamental ou médio localizada num dos municípios priorizados pelo Fome Zero. As instituições de ensino atuam interligando as escolas às práticas sociais, enfatizando a vivência de valores universais e os ideais de solidariedade humana. Uma rede de colaboração mútua, na qual todos – direção, professores, alunos, funcionários e pais – possam atuar como agentes de transformação, contribuindo para a construção de uma Nação menos desigual” (Cartilha ‘Escolas-Irmãs – uma experiência para sempre!’). O Projeto está em expansão. Envolve hoje a Escola das Nações com a Escola municipal Manoel Bandeira e a Escola Kalunga Tia Adesuíta, a Casa Thomas Jefferson e os Colégios São Bartolomeu e Ave Branca, o Colégio Militar e o Centro de Ensino Fercal, o Centro Interescolar de Línguas e o Centro Educacional 4 de Sobradinho, o Colégio Stella dos Querubins, todos de Brasília e entorno. Há escolas de São Paulo, como a Escola COC de Limeira e a Escola Tupi Guarani de Piaçaguera, a Escola Jardim dos Pequeninos de Santo André e a Escola Municipal Indígena G Nhembo E’ A’ Porã de Bertioga, a Escola Espaço Aberto com a Escola Rural Maria da Glória de Farias, de Itapema, Santa Catarina. E em breve serão envolvidas escolas de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul. O que fazem as Escolas-Irmãs? A Escola das Nações e as Escolas Manoel Bandeira e a Kalunga Tia Adesuíta promoveram visitas mútuas de alunos e professores para uma conhecer a realidade da outra. Realizaram Feiras de ciências, arte e cultura, fizeram apresentações teatrais sobre os elementos da natureza, houve um aprendizado sobre a história dos kalungas e preservação de sua identidade cultural, com confecção de bandeiras para a festa religiosa da comunidade quilombola, tiveram aula conjunta de português, matemática e esporte solidário, houve capacitação de professores, com troca de experiências pedagógicas, campanhas de arrecadação de material escolar e de melhoria do acervo da biblioteca. A Escola COC de Limeira, SP, e a Escola Tupi Guarani de Piaçaguera, de Itanhaem, SP, prepararam cartilhas de hábitos de higiene e preservação da água, confeccionaram materiais pedagógicos com material reciclável, fizeram campanha de arrecadação de produtos de higiene. A escola dos Pequenitos de Santo André, SP, e a escola Indígena G Nhembo E’A’ Porã de Bertioga, SP, capacitaram alfabetizadores, houve doação de computadores, promoveram apresentações culturais. Segundo o Colégio Militar de Brasília, o projeto serve de vetor de desenvolvimento, formando com outro estabelecimento de ensino uma parceria que busca alternativas de melhorias na qualidade de ensino e na formação do cidadão. Conhecer e reconhecer. Re-conhecer. Ver, enxergar o outro, a outra, a irmã, o irmão. “Co-gnoscere”: conhecer com, de forma compartilhada, com-vivendo, companheiros e companheiras de jornada. Diz Júnia Leonel, coordenadora da Escola das Nações: “Pela interação com ambas as escolas, temos tido o privilégio de refletir com nossos estudantes sobre a realidade de pobreza com dignidade e encontrar juntos alternativas para ajuda mútua no fortalecimento de nossas identidades institucionais”. E, em forma de verso, Viviane Gonçales, diretora do Jardim dos Pequenitos, de Santo André, SP, escreve: “Olhares que se encontram. Trocas. Mãos que se encontram, vínculo. Corpos que se encostam, afeto. Vozes e cheiros que se misturam com a terra. A terra revela o caminho de lua percorrido pelos Guaranis.” O Projeto Escolas-Irmãs está aberto a todos que queiram participar e aderir. - Selvino Heck é Assessor Especial do Presidente da República. Rosângela Rossi é Assessora responsável pelo Projeto.
https://www.alainet.org/es/node/112207
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