No Maranhão, Chávez defende a unidade sul-americana

27/03/2008
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São Luis (MA)

Presidente venezuelano afirma que, mesmo sendo ricos em recursos naturais, Brasil e Venezuela não vão conseguir alcançar o desenvolvimento isoladamente.

Um discurso em defesa da unidade sul-americana e do investimento em políticas sociais marcou a visita do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ao Maranhão nesta quinta-feira (27). Protegido por um forte esquema de segurança, com dezenas de automóveis, atiradores especiais e helicóptero, Chávez esteve na capital São Luiz para firmar acordos com o governador Jackson Lago (PDT). Antes, encontrou o presidente Lula com quem visitou as obras da refinaria Abreu e Lima, em Recife (PE).

No Palácio dos Leões, sede do governo maranhense, Chávez foi recepcionado por meninos vestidos de caboclos de penas e meninas trajadas de indígenas, que representavam o “Bumba meu boi do Maracanã”. Chávez discursou por quase uma hora na sacada do Palácio dos Leões e enfatizou a idéia de que todos os países sul-americanos e do Caribe precisam se entender como uma nação. “Somos uma só pátria, a pátria grande, a pátria sul-americana. Devo repetir mais de mil vezes, vocês se sentem venezuelanos e eu me sinto brasileiro”, afirmou.

O presidente venezuelano reafirmou que considera Lula como "um irmão" e não vai se afastar dele. “A cada vez que tentam me distanciar de Lula, nos aproximamos mais”, declarou. Chávez declarou que, mesmo ricos em recursos naturais, países como Venezuela e Brasil não conseguirão se desenvolver e sair da pobreza se agirem sozinhos, “e assim todos os demais países (do sul do continente)”.

Já Jackson Lago ressaltou o papel que os governos populares estão assumindo na região. “Estamos seguros de que, assim como os atuais governos da Venezuela e do Brasil estão defendendo a América Latina, e permitindo que brotem novas lideranças no nosso continente, o presidente Chávez e o presidente Lula haverão de dizer sim às soluções técnicas que permitem a implantação de uma refinaria e de uma grande siderúrgica do Maranhão”, ressaltou o governador. O venezuelano assumiu publicamente o compromisso de fazer gestões junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que a próxima refinaria da Petrobras seja instalada em São Luís.

Convênios

Na ocasião, Venezuela e o Maranhão firmaram acordos com o objetivo de reduzir a pobreza no Estado nordestino e aprofundar o intercâmbio com o país vizinho. O primeiro trata-se de um protocolo de cooperação internacional entre Venezuela e Maranhão quanto à intercâmbios comerciais, meio-ambiente, agroindústria e principalmente nas áreas de educação e saúde. Segundo o governo do Maranhão, o Estado procura potencializar seu mercado comprador na Venezuela, principalmente para sua produção de soja e pecuária.

“Reafirmo que nesse momento o nosso Estado dará passos concretos no sentido do desenvolvimento com justiça social. Esses protocolos de intenção trarão um grande benefício para o Estado.”, disse o governador.

Chávez e Lago manifestaram também intenção de avançar em uma parceria com o objetivo transformar o Maranhão em "território livre do analfabetismo". Em outubro de 2005, a Unesco conferiu esse título à Venezuela após um massivo programa educacional no país. Durante seu discurso, Chávez elogiou o programa de alfabetização que utiliza o método cubano “Si, yo puedo” (Sim, eu posso). No Maranhão, há três meses o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vem empregando este mesmo método de alfabetização em áreas rurais. “A expectativa é que nossas ações encaminhadas dentro do “Si, yo puedo”, passem, em pouco tempo, a vigorar nas zonas urbanas. Na Venezuela, em dois anos, foram alfabetizados 2 milhões de pessoas”, comenta o integrante da coordenação estadual do movimento Luis Antônio Lima e Silva. Ele lembra que ainda 40% da população que vive no Maranhão é formada por analfabetos.

O presidente venezuelano elogiou o MST por três vezes durante seu discurso. Outro protocolo assinado por Chávez foi o que concebeu a institucionalização da parceria entre os integrantes dos movimentos sociais venezuelanos junto ao MST. O acordo significou, mais precisamente, a oficialização de projetos de intercâmbio cultural e capacitação técnica entre a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) e uma instituição de ensino ligada ao Ministério das Relações Exteriores da Venezuela.

Lago e Chávez também pretendem estreitar políticas com relação à universalização da assistência na área da saúde. O venezuelano declarou que, há dez anos na Venezuela, o sistema básico de saúde atingia menos de 20% da população, e que hoje 95% dos venezuelanos possuem atendimento básico de saúde. Citando os 30 mil médicos cubanos que trabalham em seu país, Chávez colocou à disposição do Estado maranhense parte do contingente e propôs, até mesmo, treinamentos na área de saúde para profissionais brasileiros. Dentro de 60 dias, o governador do Maranhão declarou que irá enviar, em 60 dias, um grupo de representantes à Venezuela para viabilizar os compromissos firmados.

Fonte: Brasil de Fato
http://www.brasildefato.com.br

https://www.alainet.org/es/node/126583
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