Polícia impede manifestação contra Yeda e deixa 12 feridos
11/06/2008
- Opinión
Porto Alegre (RS)
Comandantes da Brigada Militar comentavam entre si que a ordem era para impedir o protesto de chegar ao Palácio Piratini; para a ação, foram utilizados 300 policiais, além de helicópteros, a tropa de choque e parte do Batalhão de Operações Especiais.
O que era para ser um protesto pacífico acabou em violência, feridos e prisões em Porto Alegre. Cerca de 1,2 mil agricultores, trabalhadores urbanos e estudantes iniciaram uma marcha na manhã desta quarta-feira (11) em direção ao Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, para protestar contra o alto preço dos alimentos e a atual política de incentivo às empresas transnacionais.
O primeiro momento de violência aconteceu logo que os manifestantes saíram do Ginásio Tesourinha e se aproximavam do Supermercado Nacional, onde iria ocorrer um ato público denunciando a atuação da rede estrangeira Wal-Mart. Quando se aproximaram do local já havia um aparato da Brigada Militar e da tropa de choque.
Os militares afirmam que foi necessário o uso da força e das balas de borracha para conter a marcha, que tentou entrar no supermercado. Já os manifestantes negam o fato e relatam que os policiais já chegaram tensionando, o que gerou o confronto. Sete pessoas ficaram feridas, entre elas um agricultor que teve hemorragia interna devido aos golpes de cacetete que levou na altura do tórax e deverá ficar no hospital por pelo menos uma semana.
Outros 12 manifestantes, incluindo os motoristas do carro de som e os músicos, foram presos por cinco crimes, entre eles a alegação de formação de quadrilha e depredação de patrimônio, já que o portão do supermercado foi derrubado durante o confronto.
O assentado Leonildo Zang conta que foi ferido com cacetete na cabeça quando ajudava um agricultor ferido. Ele teve de levar pontos para fechar o corte. "Nós estávamos tirando ele [um agricultor ferido] e aí bateram em mim. Cinco brigadianos. Me derrubaram e aí não tive como socorrer. O Flávio agora está preso. Estava negociando numa boa, não estava agredindo ninguém, aí chegaram e bateram. Não tem como a gente se satisfazer com um governo dessa natureza , que reprime os trabalhadores que estão aí para reivindicar seus direitos”, diz.
Mesmo sem carro de som, os manifestantes seguiram para o Palácio Piratini, mas foram encurralados pela tropa de choque e a Brigada Militar em frente ao Parque da Harmonia. Os policiais exigiam que a marcha liberasse a avenida, o que depois de negociação foi feito. No entanto, assim que todos os manifestantes subiram na calçada, a tropa de choque avançou com balas de borracha e gases de efeito moral.
Manifestantes correram para dentro do Parque da Harmonia, a fim de fugir das balas, mas mesmo assim mais cinco pessoas ficaram feridas. Nem mesmo a presença dos deputados Dionilso Marcon (PT) e Raul Carrion (PC do B) inibiram a ação policial. Carrion reclamou da truculência dos policiais.
"Essa estréia do coronel Mendes está com a síndrome da 'Tropa de Elite', que solta os criminosos e entende que deve reprimir os movimentos sociais. A Constituição garante o livre direito de manifestação. Tentamos negociar com os comandantes da Brigada Militar que ali estavam, no sentido de que se desocuparia a via, mas eles tinham direito de se dirigir até o Palácio, o que não foi aceito. O ouvidor [Adão Paiani] disse pessoalmente que isso dependia da governadora. Ou seja, a Constituição somente será aplicada neste Estado quando a governadora e o coronel Mendes decidirem", diz.
Já o ouvidor da Segurança Pública, Adão Paiani, responsabiliza os manifestantes e os deputados pelo confronto. "Profundamente lamentável a situação que ocorreu aqui. Acho que tem que acionar a responsabilidade de lideranças políticas que não querem distencionar, querem simplesmente se aproveitar dessa situação. A ação da Brigada Militar, neste momento, tem que ser de restabelecer a ordem, mas no diálogo, na negociação, o que não podemos restabelecer hoje aqui", afirma.
O comandante-geral da Brigada Militar, coronel Paulo Mendes, também concorda com o ouvidor e afirma que a atuação dos parlamentares somente insuflou a massa e não contribuiu para o processo democrático. "Não tem o que negociar. A ordem pública não se negocia. Trancaram as ruas, depredaram lá, vão negociar o que? Tem que aprenderem que a lei não se negocia, a lei se cumpre", afirma.
Comandantes da Brigada Militar comentavam entre si que a ordem era que o protesto não chegasse ao Palácio Piratini. Para a ação, foram utilizados 300 policiais, além de helicópteros, a tropa de choque e parte do Batalhão de Operações Especiais.
Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Celso Woyciechowski, a atuação policial foi uma forma de impedir o protesto contra o governo, para não desgastá-lo ainda mais. O principal motivo que acarretou o confronto, diz o sindicalista, foi a falta de diálogo.
"Houve falta de diálogo, falta de sensibilidade da Brigada Militar que não permitiu que uma caminhada pacífica, que dialogava com a falta de alimentos nesse país. Interrompeu de uma forma violenta, repressiva, coisa que não víamos há muito tempo neste Estado. Lamentamos muito isso. A cada dia que passa temos a certeza de que estamos convivendo com um governo cada vez mais repressivo", argumenta.
Além dos 12 manifestantes, quatro policiais ficaram feridos durante o confronto.
Fonte: Agência Chasque
Comandantes da Brigada Militar comentavam entre si que a ordem era para impedir o protesto de chegar ao Palácio Piratini; para a ação, foram utilizados 300 policiais, além de helicópteros, a tropa de choque e parte do Batalhão de Operações Especiais.
O que era para ser um protesto pacífico acabou em violência, feridos e prisões em Porto Alegre. Cerca de 1,2 mil agricultores, trabalhadores urbanos e estudantes iniciaram uma marcha na manhã desta quarta-feira (11) em direção ao Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, para protestar contra o alto preço dos alimentos e a atual política de incentivo às empresas transnacionais.
O primeiro momento de violência aconteceu logo que os manifestantes saíram do Ginásio Tesourinha e se aproximavam do Supermercado Nacional, onde iria ocorrer um ato público denunciando a atuação da rede estrangeira Wal-Mart. Quando se aproximaram do local já havia um aparato da Brigada Militar e da tropa de choque.
Os militares afirmam que foi necessário o uso da força e das balas de borracha para conter a marcha, que tentou entrar no supermercado. Já os manifestantes negam o fato e relatam que os policiais já chegaram tensionando, o que gerou o confronto. Sete pessoas ficaram feridas, entre elas um agricultor que teve hemorragia interna devido aos golpes de cacetete que levou na altura do tórax e deverá ficar no hospital por pelo menos uma semana.
Outros 12 manifestantes, incluindo os motoristas do carro de som e os músicos, foram presos por cinco crimes, entre eles a alegação de formação de quadrilha e depredação de patrimônio, já que o portão do supermercado foi derrubado durante o confronto.
O assentado Leonildo Zang conta que foi ferido com cacetete na cabeça quando ajudava um agricultor ferido. Ele teve de levar pontos para fechar o corte. "Nós estávamos tirando ele [um agricultor ferido] e aí bateram em mim. Cinco brigadianos. Me derrubaram e aí não tive como socorrer. O Flávio agora está preso. Estava negociando numa boa, não estava agredindo ninguém, aí chegaram e bateram. Não tem como a gente se satisfazer com um governo dessa natureza , que reprime os trabalhadores que estão aí para reivindicar seus direitos”, diz.
Mesmo sem carro de som, os manifestantes seguiram para o Palácio Piratini, mas foram encurralados pela tropa de choque e a Brigada Militar em frente ao Parque da Harmonia. Os policiais exigiam que a marcha liberasse a avenida, o que depois de negociação foi feito. No entanto, assim que todos os manifestantes subiram na calçada, a tropa de choque avançou com balas de borracha e gases de efeito moral.
Manifestantes correram para dentro do Parque da Harmonia, a fim de fugir das balas, mas mesmo assim mais cinco pessoas ficaram feridas. Nem mesmo a presença dos deputados Dionilso Marcon (PT) e Raul Carrion (PC do B) inibiram a ação policial. Carrion reclamou da truculência dos policiais.
"Essa estréia do coronel Mendes está com a síndrome da 'Tropa de Elite', que solta os criminosos e entende que deve reprimir os movimentos sociais. A Constituição garante o livre direito de manifestação. Tentamos negociar com os comandantes da Brigada Militar que ali estavam, no sentido de que se desocuparia a via, mas eles tinham direito de se dirigir até o Palácio, o que não foi aceito. O ouvidor [Adão Paiani] disse pessoalmente que isso dependia da governadora. Ou seja, a Constituição somente será aplicada neste Estado quando a governadora e o coronel Mendes decidirem", diz.
Já o ouvidor da Segurança Pública, Adão Paiani, responsabiliza os manifestantes e os deputados pelo confronto. "Profundamente lamentável a situação que ocorreu aqui. Acho que tem que acionar a responsabilidade de lideranças políticas que não querem distencionar, querem simplesmente se aproveitar dessa situação. A ação da Brigada Militar, neste momento, tem que ser de restabelecer a ordem, mas no diálogo, na negociação, o que não podemos restabelecer hoje aqui", afirma.
O comandante-geral da Brigada Militar, coronel Paulo Mendes, também concorda com o ouvidor e afirma que a atuação dos parlamentares somente insuflou a massa e não contribuiu para o processo democrático. "Não tem o que negociar. A ordem pública não se negocia. Trancaram as ruas, depredaram lá, vão negociar o que? Tem que aprenderem que a lei não se negocia, a lei se cumpre", afirma.
Comandantes da Brigada Militar comentavam entre si que a ordem era que o protesto não chegasse ao Palácio Piratini. Para a ação, foram utilizados 300 policiais, além de helicópteros, a tropa de choque e parte do Batalhão de Operações Especiais.
Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Celso Woyciechowski, a atuação policial foi uma forma de impedir o protesto contra o governo, para não desgastá-lo ainda mais. O principal motivo que acarretou o confronto, diz o sindicalista, foi a falta de diálogo.
"Houve falta de diálogo, falta de sensibilidade da Brigada Militar que não permitiu que uma caminhada pacífica, que dialogava com a falta de alimentos nesse país. Interrompeu de uma forma violenta, repressiva, coisa que não víamos há muito tempo neste Estado. Lamentamos muito isso. A cada dia que passa temos a certeza de que estamos convivendo com um governo cada vez mais repressivo", argumenta.
Além dos 12 manifestantes, quatro policiais ficaram feridos durante o confronto.
Fonte: Agência Chasque
https://www.alainet.org/es/node/128098?language=es
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