A economia supersimbólica
14/04/2011
- Opinión
No modelo da Segunda Onda de Alvim Toffler, onde chamou de sociedade da chaminé, uma injeção de capital ou aumento do poder aquisitivo dos consumidores podia estimular a economia e gerar mais empregos. Apenas como referencia, se há 100 mil desempregados, através de decisões (investimento ou mesmo consumo) poderia se estimular a economia para gerar 100 mil novos empregos. As funções neste modelo são intercambiáveis ou exigiam poucas qualificações que podiam ser aprendidas em poucas horas. Qualquer operário desempregado podia desempenhar quase todas as funções.
Na economia supersimbólica de hoje isso não é mais possível – razão pelo qual grande parte do problema do desemprego parece não ter solução, nem os tradicionais remédios keynesiano ou monetaristas dão resultados satisfatórios. Para combater a Grande Depressão, John Maynar Keynes, como nos recordamos sugeriu ao governo americano deficitário, que pusesse dinheiro no bolso dos consumidores. Com os bolsos forrados, os compradores passariam a comprar coisas e serviços. Por sua vez, isso levaria os industriais expandir suas fábricas e admitirem mais trabalhadores. Adeus desemprego. A tese monetarista, ao contrário, receitou a manipulação das taxas de juros ou, aumentar ou diminuir o suprimento do dinheiro a fim de atender as necessidades de liquidez da economia.
Na economia global de hoje, a iniciativa americana de bombear dinheiro para o bolso do consumidor pode se revelar um desastre, simplesmente ser desviado para o exterior, em prejuízo da economia interna. Um americano quando compra uma televisão ou outro equipamento oriundo da Ásia, está apenas remetendo dólares para o Japão, Coréia ou mesmo a Malásia. A compra neste caso não contribui em nada para aumentar o número de empregos no seu mercado interno.
Esta medida se concentra na simples circulação do dinheiro, quando o verdadeiro problema está na circulação de conhecimento, registros escriturais, que são entes abstratos. Não é mais possível, portanto, reduzir o desemprego simplesmente aumentando o número de empregos, pois o problema não se limita mais a uma questão de números. O desemprego deixou de ser quantitativo para ser qualitativo. Os desempregados precisam desesperadamente de dinheiro para assegurar a sua sobrevivência e de suas famílias, onde é necessário e justo proporciona-lhes atendimento da assistência pública pelo auxilio desemprego. Mas qualquer estratégia eficaz para reduzir o desemprego em uma economia supersimbólica depende menos de alocação de recursos e mais alocação de conhecimentos.
Na economia do conhecimento é imprescindível preparar pessoas, através da escola, do aprendizado e do treinamento no emprego, para atuarem também em outras áreas, como a prestação de serviços assistenciais – por exemplo, da população idosa em rápido crescimento, pelas crianças, serviços de saúde, segurança pessoal, lazer e recreação, turismo e assim por diante.
O consenso de Washington em 1989 com a cartilha neoliberal procurou impor um modelo monetarista, para todas as nações. Em outros termos seria o início da desregulação dos meios financeiros dando mais liberdade de atuação, consubstanciado no conceito da economia clássica, onde o mercado ajusta automaticamente as necessidades da sociedade. Em 2008 com a primeira crise, viu-se que nada funcionou, e novamente saíram todo mundo correndo como baratas tontas atrás dos governos para que os salvassem. Logo o velho remédio keynesiano que o estado deveria ter sua atuação forte na economia voltou a ser aplicado. Entretanto as causas são mais profundas: são os déficits monumentais que varrem todas as nações do mundo. Não dá mais para “barrigar” esta conta perpetuamente para o futuro.
- Sergio Sebold – Economista e Professor de Pós-Graduação do ICPG/UNIASSELVI –
Blumenau – SC – Brasil sebold@terra.com.br
https://www.alainet.org/es/node/149027
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