Uma nova Bastilha?

20/08/2013
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A “queda da Bastilha” (1789) é referência a um momento histórico, pela derrubada do regime político, até então adotado na França. A história revela que o desenvolvimento do maior antro de corrupção atrás dos muros do poder Francês, se tornou insuportável pela sociedade da época. Bastilha era uma fortaleza construída em 1370, onde governos monárquicos prendiam os opositores ao regime, às suas políticas ou mesmo à religião católica, esta até então oficial, como também os intelectuais e nobres rebeldes.
 
O aspecto marcante do acontecimento foi o de demonstrar que não havia mais sustentabilidade política do regime, onde se buscou a extinção do regime absolutista, pela reação popular, quando deputados não mais conseguiam modificar o regime através do caminho legislativo. O espírito absolutista era tal, que o rei Luiz XIV, quando aconselhado pelos seus asseclas que o estado deveria ouvir o parlamento (ou povo), disse a famosa frase: “L´Etat c´est moi” (O estado sou eu).
Os recentes acontecimentos de invasão dos palácios administrativos e das casas legislativas em todo país; mesmo com sítio a bunkers urbanos de políticos que saíram do anonimato econômico para o principado da riqueza acumulada imoralmente; demonstram que uma nova bastilha está se desenrolando. A turbidez moral de certos políticos encastelados no poder, não consegue mais ver a diferença entre a verdade e a mentira. Em países civilizados (Japão - nossa escolha), quando um político é pego com a mão na bufunfa ou, participando em fraudes contra o erário público, ele reconhece com humildade e se derrete de vergonha pelo ato praticado. Em geral termina em sua renúncia, e até em suicídio como gesto de reconhecimento de seu ato vergonhoso. Em nosso meio, a cara de pau da grande parte dos políticos, leva ao clímax do deboche e desprezo a sociedade, mesmo que seja fartamente provado e documentado o deslize cometido. Tudo por conta da impunidade construída a seu favor ao longo da história de nossa independência. O cipoal de leis enxertadas de sofismas jurídicos leva a impotência do próprio judiciário. Mas a verdade sempre terá uma brecha para se mostrar. Hoje é impossível tapar o sol com a peneira da Internet, mesmo com o silêncio ou conivência da própria mídia.
 
A sociedade não mais suporta legisladores ineptos, de propostas que afrontam os valores morais consagrados, com base em ideologias estranhas às nossas tradições. Os movimentos de rua é o prenúncio de uma nova Bastilha em pleno século XXI.
Infelizmente e indesejavelmente, vemos que a história pode se repetir. Ao não se conseguir consenso pelas birras do poder, então somente derramamento de muito sangue conseguirá a mudança para uma nova fase moral.
 
A limpeza está começando pelas mãos do próprio povo. Felizmente até agora ninguém morreu dentro de nossa ordem política. Porque depois... ninguém mais segurará. Vejam o caso do Egito.
 
Sergio Sebold, 72 – Economista e Professor Independente. sebold@terra.com.br
https://www.alainet.org/es/node/78584

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