A volta do paganismo
25/03/2013
- Opinión
Quando os primeiros cristãos oriundos de Jerusalém começaram se instalar em Roma, com uma nova proposta de vida, foram violentamente rechaçados pelos nativos.
Mas, mesmo com o modo de viver na decadente Roma, começaram surgir os primeiros simpatizantes pela nova religião. Os cristãos com a proposta moral do amor e o perdão incondicional, traziam uma mudança radical de mentalidade. O perdão “até para os inimigos”, era inicialmente uma afronta difícil de engolir; a mentalidade de vingança que até então predominava na época, era o crédito por um débito de injúria. Mas, por este caminho, esta conta jamais fechará. Era difícil entender de que a única forma de paz, que todos almejam, só era e é possível pela atitude do perdão incondicional.
Como em geral em qualquer lugar do mundo a população é pacífica, esta proposta escrita através dos valores do evangelho soava como uma verdadeira revolução de costumes, hábitos, jamais até então imaginados.
As pessoas que abraçavam a nova crença eram introduzidas pelo cerimonial do batismo com água, na forma simbólica que até hoje perdura. Aqueles que, enquanto não eram batizados, eram chamados de pagãos, como o eram tratados durante o período de Cristo na Sua passagem pela terra. Assim, as pessoas não cristãs eram tachadas de pagãs, isto é, destituídas da revelação.
Sem determos em particularidades da história, o certo é que, o cristianismo moldou e foi a base da civilização ocidental. Em cima dos preceitos da Bíblia, saíram todas as estruturas dos códigos jurídicos, a organização da teia social, pensamentos filosóficos, constituição política, distribuição da terra, da medicina, etc., criando um caldo cultural original. Durante estes 2.000 anos de história as palavras do evangelho cristão foram a base moral de toda sociedade ocidental.
Por obra e força da história, e do progresso cientifico e material, vê-se hoje a volta do paganismo. Cada vez é maior o número das pessoas que embora cristãs pelo batismo estão virando as costa ao cristianismo, muitos migrando para outras derivações cristãs, não cristãs e até ao ateísmo puro. Mais recentemente os pais cristãos não mais estão levando seus filhos a pia batismal como era feito dentro da tradição da fé. Com isto estamos presenciando a volta do paganismo, ficando toda uma geração a deriva existencial. Todos obcecados por um novo deus: o “dinheiro”.
A paz que os europeus foram contemplados após anos de guerra entre si até recentemente, trouxe a eles o conforto da prosperidade. Este conforto está sendo contaminado pelo ócio, pela dolce vita caindo na decadência moral. Isto terá um preço alto nas futuras gerações. O abandono da fé cristã, pelo conforto material está levando ao nihilismo nitcheriano e o nojo existencial de Sartre abrindo as portas para outras confissões religiosas começarem florescer na Europa e mesmo aqui no Brasil.
Parece que a história se repete, quando Roma entrou no seu esplendor de glória e com isto ao progresso de sua época, iniciou-se também sua decadência moral e de costumes. Felizmente, foram levantados pela força moral do cristianismo que lá aportou naquela oportunidade.
Estará a Europa agora voltando ao paganismo? Terá ela nova chance, um novo “cristianismo” para se reerguer? A atual crise econômica é o prenúncio desta decadência. Espera-se que a fé volte ser renovada, quando ocorrer a perseguição por outras hordas religiosas modernas que hoje estão invadindo a Europa de ponta a ponta. Embora nossa pátria não esteja sendo invadida por outras formas religiosas, temos por sua vez, uma derrocada para novas expressões religiosas “cristãs” pela teologia da prosperidade como um atrativo ao consumismo.
Sergio Sebold – Economista e Professor Independente.
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