A força de uma cultura
26/11/2012
- Opinión
Sem entrar em detalhes da história e da cultura chinesa, o confucionismo chinês, - que não é uma religião, mas um conjunto de preceitos morais, uma filosofia de vida - prega o bom viver de acordo com os valores do dever a ser cumprido; da cortesia entre as pessoas; da sabedoria dos mais velhos e a generosidade para com o próximo. Uma das idéias mais importantes é a de que os filhos devam honrar e respeitar seus pais tanto em vida como após a morte. Todo o ancião é considerado um venerável, merece pleno respeito humano. Encoraja-se a prática do culto aos antepassados como uma obrigação moral, que atravessou milhares de anos.
Estas atitudes têm hoje seus significados que nossa sociedade ocidental em muitos aspectos não consegue entender e, até alguns casos simplesmente, - no mesmo nível moral - foram abandonados pela força de um capitalismo predatório.
Recentemente, foi divulgada através da agência Reuters uma notícia a nível internacional sobre um episódio ocorrido naquele país na construção de uma autoestrada, interrompida por um fato inusitado.
O traçado da estrada previa a necessidade de indenizar os moradores ou proprietários das terras onde ela deveria passar. Segundo a notícia, (até com fotos foram ilustradas) todas as propriedades foram indenizadas menos uma. Assim, houve um caso em que não puderam derrubar um pequeno prédio de 4 andares, onde era a residência de um casal de idosos, que não aceitaram a indenização, por acharem pouco para construir uma nova casa. Diante deste episódio as autoridades concluíram a construção da estrada, contornando o pequeno prédio, que inusitadamente ficou no meio da rodovia. Assim, todos os veículos deveriam contornar o prédio para prosseguir sua viagem. O progresso material não pode destruir os valores culturais milenares, onde a disciplina pela autoridade é incontestável.
Para nós talvez não passasse de mais uma das bizarrices chinesa, se não fosse o fato de o casal serem pessoas idosas. É para nós uma lição da cultura chinesa onde o próprio estado, respeitou o interesse de um simples casal pela sua idade. Não houve, supomos, qualquer ameaça, pressão psicológica pelo desrespeito, de que deveriam sair daquele lugar para dar espaço ao progresso. Fica registrado a beleza de uma cultura milenar pelo respeito às pessoas de idade avançada, onde são considerados um tesouro de sabedoria. O estado chinês com toda sua força da segunda nação mais próspera do planeta; para administrar uma população de um bilhão e trezentos milhões de habitantes se curvou humildemente ao um casal de idosos. Esta é a força admirável de uma cultura.
- Sergio Sebold – Economista e Professor Independente
https://www.alainet.org/es/node/162851
Del mismo autor
- A grande invasão 02/09/2015
- Falencia financeira do estado politico 16/05/2014
- Fim do Estado político 05/05/2014
- A morte do livro 21/02/2014
- Povo pacífico não faz revolução 12/02/2014
- Também fui “rolezinho” 23/01/2014
- Uma nova Bastilha? 20/08/2013
- O novo “Rato que ruge” 14/04/2013
- O “sorinho” que salvou milhões de crianças 01/04/2013
- A volta do paganismo 25/03/2013