Falência financeira do Estado político
19/06/2011
- Opinión
Na teoria de sistema, toda mudança de estado, deve passar por um estágio intermediário chamado de crise. Pela visão da economia devemos estar passando por este momento, para começar um novo ciclo. Diversos autores tem demonstrado, ciclos curtos, médios e de longo prazo, desde Kontradieff, até o modelo de Keynes de curto prazo(?). Em outros termos, estamos vivendo no momento o furacão da economia mundial. Nestas circunstâncias os governos procuram sempre amenizar a situação, num primeiro momento acalmar os agentes econômicos para que continuem a tomar decisões, pois deles depende a dinâmica da economia. Num segundo momento acalmar a sociedade de que tudo está bem e sob controle. No fundo, procuram tapar seus erros, fracassos, das medidas políticas tomadas que não deram certo.
Feito esta introdução, praticamente todos os países estão em situação financeira deficitária. Estes déficits são cobertos com novas dívidas com o sistema bancário, que já opera com relativa independência. Assim quando o Estado se vê em posição deficitária, busca junto aos bancos uma forma de financiar seu déficit, a diferença negativa entre suas receitas (tecnicamente tributária) e seus gastos. Para as entidades bancárias, este tem sido um maná, porque há uma garantia de liquidez, isto é, o estado ainda é soberano na emissão de dinheiro, onde a sociedade toda é onerada pela inflação de moeda. Quando o Estado faz empréstimo, na realidade está sacando contra o futuro. O Estado é uma entidade perene, enquanto todos nós temos um prazo de validade. Para o cidadão comum só tem uma saída para suas dívidas, pagar com o suor do rosto, pelo trabalho. Para o Estado, a cada vencimento que vem chegando com a passagem do tempo, novamente (se não tem recursos) lança mãos de novo “barrigamento”, para pagamento na maioria das vezes pela próxima geração. Ou seja, nós estamos pagando em grande parte a conta de nossos antepassados, que por sua vez estamos passando esta batata quente para a próxima. Parece ser estranho, mas o débito está sempre sendo quitado por um novo elemento: o tempo.
As benesses permitidas pelas legislações sociais de muitos países europeus conseguidos ao longo dos séculos estão mostrando que os bons tempos já foram. A penetração dos produtos chineses nos mercados a preços aviltantes, destruindo indústrias locais acomodadas; aumento da longevidade do homem; e a pior de todas, a corrupção endêmica. A última, fruto da violação ética jamais experimentada na história do homem, tanto pelo lado público como pelas áreas privadas, neste caso, uma guerra pela conquista de mercados.
Nas finanças públicas a Grécia é maior exemplo, pela sua insolvência. Na mesma linha Portugal (já de pires na mão), a Espanha com desemprego insustentável, Itália minada pela corrupção secular, a Irlanda com seu sistema financeiro alienado em mãos privadas. Há nuvens no horizonte também dos centros capitalistas, E.U.A., Grã-Bretanha, França e Alemanha, agravadas no seu desespero de ajuda àqueles países citados. O que mais assusta é o efeito dominó, já alertado pelo falecido filósofo alemão independente Robert Kurz.
Cada vez mais, as gerações estão sendo oneradas com mais volume de trabalho, para uma quitação que não tem fim. E pior ainda, permitindo uma fantástica concentração de riquezas aos poucos aquinhoada e facilitada pelo atual sistema econômico. Esta perpetuação também tem limite. A bolha começa estourar, desempregos em massa, fusões de bancos, quebra de empresas, falência da previdência em todas as partes do mundo, através do desespero nas ruas com toda força de sua virulência e barbárie.
(15/05/14)
Sergio Sebold
Economista e Professor Independente
https://www.alainet.org/es/node/85582
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