A memorável noite de Frei Betto:
O cidadão militante
07/11/2007
- Opinión
A solenidade promovida pela Assembléia Legislativa do Distrito Federal para outorgar a Frei Betto o título de cidadão brasiliense teve a capacidade aglutinadora de reunir representantes de quase todas as entidades, instituições e movimentos, que se dedicam no DF a promover as causas populares e as iniciativas que visam incluir e integrar na sociedade brasileira os quase 50% da população, que ao longo dos últimos cinco séculos dela têm sido sistematicamente segregadas.
Certamente a personalidade do homenageado; sua capacidade de diálogo; a transparência de seus ideais e propostas; sua busca permanente de construir convergência e, se possível, consenso; seu desprendimento de ambições pessoais visando auferir benefícios econômicos e financeiros, ou assegurar ascensão ao poder; todas essas qualidades granjearam-lhe este carisma de ser um denominador comum no amplo leque de tendências, que hoje caracterizam todos aqueles que visam sinceramente uma democracia em que cada brasileiro e brasileira possam exercer em maior plenitude sua cidadania política, civil (direitos humanos), econômica, social e cultural.
Colocado nesse contexto, o testemunho dado por Frei Betto ao agradecer a homenagem a ele prestada revelou, entre outras, três dimensões que merecem ser ressaltadas. Como cidadão que já foi governo por um curto período, Frei Betto foi cauteloso em sua linguagem. Para quem dispõe, no entanto, de algum conhecimento da realidade política brasileira, essas três dimensões podem ser inferidas com a clareza e nitidez que passam a ser apresentadas.
A primeira delas foi sua posição fundamental como cidadão militante. Frei Betto se considera não como um líder carismático para conduzir as massas populares, mas como parte integrante e solidária de todas as iniciativas que visam os mesmos objetivos de inclusão social. Por isso agradeceu as homenagens a ele dirigidas, como uma manifestação de solidariedade para com a causa da construção da democracia com participação efetiva, e não apenas simbólica e eventual, de toda a sociedade brasileira na
+elaboração e implantação de um novo projeto nacional, estadual e municipal.
Reconheceu que esta causa é de colossal envergadura e não pode ser atingida por um passe de mágica e no curto prazo. Revelou que na sua juventude acreditou que viveria o suficiente para desfrutar como realidade este salto qualitativo que o Brasil necessita dar para atingir o nível almejado de democracia. Mas confessou que, como um cidadão sênior, aspira hoje apenas em ser uma semente, cujos frutos jamais haverá de saborear. Mas confia que esta semente um dia desabrochará e vicejará como árvore frondosa com milhões de tantas outras em um Brasil sustentavelmente desenvolvido, capaz de transformar em realidade todo o potencial de que este país foi dotado pelo Criador.
A segunda dimensão a ser ressaltada no testemunho de Frei Betto é a limitação da democracia representativa através de partidos políticos. Na situação presente os partidos políticos e aqueles (as) por eles eleitos (as) representam o poder econômico e interesses de grupos corporativos. Por isso não almejam uma efetiva mobilização da sociedade, mas procuram tão somente utilizá-la como massa de manobra para se perpetuar no poder pelo voto popular no momento das eleições periódicas.
Os partidos políticos e as instituições do Estado só poderão ser efetivamente reformados, na medida em que houver uma efetiva mobilização e articulação da sociedade com instrumentos efetivos de democracia direta para influir como o poder, que fundamentalmente lhe pertence, nas decisões em todos os níveis do Estado e da sociedade brasileira.
Esta constatação introduz a terceira dimensão, a mais essencial de todas, inferida do testemunho de Frei Betto. Segundo ele, esta dimensão coloca-se como tarefa da mais alta relevância e fundamenta sua presente atuação como cidadão militante: mobilizar a sociedade; ajudá-la a se articular e organizar no curto, médio longo prazo desde a base local até os níveis mais abrangentes de atuação na totalidade da nação e do Estado nacional.
Na sociedade brasileira há uma expansão exuberante de organizações não governamentais. É preciso apoiá-las, ajudando inclusive a discriminar aquelas que não representam os reais interesses da sociedade, mas que são apenas “laranjas” de interesses corporativos tradicionais ou, quem sabe, estrangeiros. Mas é preciso agir com pertinácia e paciência, utilizando o apoio da pletora de organizações não governamentais a fim de galgar novos patamares de efetiva participação popular. É tão somente através deste processo que se alcançará uma verdadeira reforma política que levará a uma democracia em que cada membro da sociedade exercerá em plenitude sua cidadania.
Esse testemunho de Frei Betto tornou também memorável a noite de 30 de outubro de 2007 no auditório do Centro Cultural de Brasília, abrindo um novo e auspicioso horizonte de esperança, para a atuação de todos e de todas que confiam em um futuro mais alvissareiro para Brasil no século XXI.
Certamente a personalidade do homenageado; sua capacidade de diálogo; a transparência de seus ideais e propostas; sua busca permanente de construir convergência e, se possível, consenso; seu desprendimento de ambições pessoais visando auferir benefícios econômicos e financeiros, ou assegurar ascensão ao poder; todas essas qualidades granjearam-lhe este carisma de ser um denominador comum no amplo leque de tendências, que hoje caracterizam todos aqueles que visam sinceramente uma democracia em que cada brasileiro e brasileira possam exercer em maior plenitude sua cidadania política, civil (direitos humanos), econômica, social e cultural.
Colocado nesse contexto, o testemunho dado por Frei Betto ao agradecer a homenagem a ele prestada revelou, entre outras, três dimensões que merecem ser ressaltadas. Como cidadão que já foi governo por um curto período, Frei Betto foi cauteloso em sua linguagem. Para quem dispõe, no entanto, de algum conhecimento da realidade política brasileira, essas três dimensões podem ser inferidas com a clareza e nitidez que passam a ser apresentadas.
A primeira delas foi sua posição fundamental como cidadão militante. Frei Betto se considera não como um líder carismático para conduzir as massas populares, mas como parte integrante e solidária de todas as iniciativas que visam os mesmos objetivos de inclusão social. Por isso agradeceu as homenagens a ele dirigidas, como uma manifestação de solidariedade para com a causa da construção da democracia com participação efetiva, e não apenas simbólica e eventual, de toda a sociedade brasileira na
+elaboração e implantação de um novo projeto nacional, estadual e municipal.
Reconheceu que esta causa é de colossal envergadura e não pode ser atingida por um passe de mágica e no curto prazo. Revelou que na sua juventude acreditou que viveria o suficiente para desfrutar como realidade este salto qualitativo que o Brasil necessita dar para atingir o nível almejado de democracia. Mas confessou que, como um cidadão sênior, aspira hoje apenas em ser uma semente, cujos frutos jamais haverá de saborear. Mas confia que esta semente um dia desabrochará e vicejará como árvore frondosa com milhões de tantas outras em um Brasil sustentavelmente desenvolvido, capaz de transformar em realidade todo o potencial de que este país foi dotado pelo Criador.
A segunda dimensão a ser ressaltada no testemunho de Frei Betto é a limitação da democracia representativa através de partidos políticos. Na situação presente os partidos políticos e aqueles (as) por eles eleitos (as) representam o poder econômico e interesses de grupos corporativos. Por isso não almejam uma efetiva mobilização da sociedade, mas procuram tão somente utilizá-la como massa de manobra para se perpetuar no poder pelo voto popular no momento das eleições periódicas.
Os partidos políticos e as instituições do Estado só poderão ser efetivamente reformados, na medida em que houver uma efetiva mobilização e articulação da sociedade com instrumentos efetivos de democracia direta para influir como o poder, que fundamentalmente lhe pertence, nas decisões em todos os níveis do Estado e da sociedade brasileira.
Esta constatação introduz a terceira dimensão, a mais essencial de todas, inferida do testemunho de Frei Betto. Segundo ele, esta dimensão coloca-se como tarefa da mais alta relevância e fundamenta sua presente atuação como cidadão militante: mobilizar a sociedade; ajudá-la a se articular e organizar no curto, médio longo prazo desde a base local até os níveis mais abrangentes de atuação na totalidade da nação e do Estado nacional.
Na sociedade brasileira há uma expansão exuberante de organizações não governamentais. É preciso apoiá-las, ajudando inclusive a discriminar aquelas que não representam os reais interesses da sociedade, mas que são apenas “laranjas” de interesses corporativos tradicionais ou, quem sabe, estrangeiros. Mas é preciso agir com pertinácia e paciência, utilizando o apoio da pletora de organizações não governamentais a fim de galgar novos patamares de efetiva participação popular. É tão somente através deste processo que se alcançará uma verdadeira reforma política que levará a uma democracia em que cada membro da sociedade exercerá em plenitude sua cidadania.
Esse testemunho de Frei Betto tornou também memorável a noite de 30 de outubro de 2007 no auditório do Centro Cultural de Brasília, abrindo um novo e auspicioso horizonte de esperança, para a atuação de todos e de todas que confiam em um futuro mais alvissareiro para Brasil no século XXI.
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